Domingos Bertolotti

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Domingos Bertolotti foi um pintor, fotógrafo, arquiteto e decorador italiano ativo no Brasil.

Chegou a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 1890, anunciando-se como pintor e decorador. Logo arranjou clientela, mas seu nome só se firmou na praça em 1892, quando foi contratado para decorar o novo palacete do Dr. Serapião Mariante, membro de conceituada família da capital. A obra foi muito elogiada na imprensa, destacando as "lindas paisagens" pintadas nas paredes da sala de jantar, de "aspecto deslumbrante", emolduradas por guirlandas e estátuas e colunatas em trompe-l'oeil. Depois disso várias outras personalidades passaram a requisitar seus préstimos.[1] Um anúncio de 1892 apregoava suas habilidades, aceitando encomendas de "pinturas simples ou decoradas, figuras, ornatos, perspectivas, fingimentos de papel damasco, mármore e madeira, paisagens, letreiros, encarnações de santos, pintura de igrejas, afresco e óleo, frentes de edifícios imitando arquitetura moderna de alto e baixo relevo".[2] Bertolotti tornou-se por algum tempo o principal decorador e muralista de Porto Alegre, tendo chegado à cidade em um momento em que a moda do papel de parede cedia lugar a uma nova preferência por painéis pintados.[1][3]

Em 1893 abriu um estúdio de fotografia e expôs vistas de Porto Alegre e do interior na Exposição Universal de 1893 em Chicago. Na mesma época começou a trabalhar com retratos a óleo, e em 1895 iniciou paralelamente uma carreira de arquiteto e construtor. Sua primeira realização, um palacete no bairro Menino Deus, construído e decorado por ele, foi mais uma vez coberto de elogios na imprensa. No ano seguinte seu prestígio como o maior decorador da cidade foi abalado com a chegada do argentino Miguel de Sório, que rapidamente ofuscou Bertolotti. Diz Athos Damasceno que Sório tinha um talento menos brilhante, mas as redes de influência que conseguiu estabelecer lhe garantiram a primazia nas encomendas da elite. Sem deixar totalmente a decoração, conseguindo preservar alguma clientela, a partir daí Bertolotti passaria a dedicar seus maiores esforços à construção.[1]

Construiu e decorou várias outras casas,[1] expôs pinturas na Exposição Estadual de 1901 em Porto Alegre.[4] e em 1904 decorou com imitação de arquitetura tridimensional e figuras alegóricas as fachadas da Farmácia Naboz e da loja de fazendas Vianna & Cia.[5] Domingos Bertolotti prosperou e ganhou reconhecimento em Porto Alegre. Em 1915 já tinha a patente de capitão da Guarda Nacional, uma distinção honorífica na época concedida a pessoas gradas, e foi chamado de "capitalista", termo então usado para descrever grandes empresários, mas depois deste ano não há mais registro de atividade profissional. Teve pelo menos uma filha, Celia.[6] Faleceu depois de 12 de janeiro de 1922.[7]

Referências

  1. a b c d Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Globo, 1971, pp. 318-321
  2. "Domingos Bertolotti". A Federação, 03/19/1892
  3. Dornelles, Beatriz. Porto Alegre em Destaque: história e cultura. EDIPUCRS, 2004, p. 86
  4. Catálogo da Exposição Estadual de 1901. Gundlach & Becker, 1901
  5. "Uma boa pintura". A Federação, 05/05/1894
  6. "Vida Social". A Federação, 06/09/1915
  7. "Intendencia Municipal". A Federação, 12/01/1922

Ver também[editar | editar código-fonte]