Eclipse solar de 16 de abril de 1893

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Registro da coroa, durante o eclipse.

O Eclipse solar de 16 de abril de 1893 foi uma cobertura total do sol pela lua que ocorreu no 16 de abril de 1893 e teve sua observação no Brasil acompanhada, entre outros, por uma comitiva da Royal Astronomical Society.

A Royal Astronomical Society no Brasil[editar | editar código-fonte]

Uma vez no Brasil, os ingleses se deslocaram à então vila cearense de Paracuru onde se instalaram e receberam a visita de muitos curiosos, inclusive de astrônomos do Rio de Janeiro que para lá também se deslocaram a fim de registrar a coroa solar e tinham acampamento num sítio a alguns quilômetros dali.[1]

Naquela posição (Lat.: 3.4641° S - Long.: 39.2871° W) a cobertura do sol teve uma duração de 4m35,5s, seu ponto máximo ocorreu às 14:17:22,3 (UT), (iniciada em 14:15:04.7 e terminando 14:19:40.3) com altitude de 75.4° e azimute de 019.3°.[2]

Registros fotográficos[editar | editar código-fonte]

A passagem dos ingleses foi toda registrada por um dos pioneiros da fotografia, Sir John Benjamin Stone.[1]

Participação oficial brasileira[editar | editar código-fonte]

Equipe inglesa monta a estação de observação.

Em fevereiro de 1893 o Ministro da Guerra oficiara ao Ministro da Marinha no sentido de disponibilizar uma embarcação que fizesse o transporte pedido pelo diretor do Observatório do Rio de Janeiro para ir ao Ceará, a fim de registrar o fenômeno; a imprensa cogitava que a Marinha deveria deslocar um de seus cruzadores para tal tarefa.[3]

Os ingleses chegaram ao Ceará no dia 16 de março, numa comissão composta por doze membros;[4] a comissão brasileira, contudo, só foi nomeada no dia seguinte, e seria composta pelo astrônomo do Observatório do Rio, Henrique Merize, chefiando a missão; o tenente Alípio Gama, o assistente do observatório Guilherme Calheiros da Graça Filho, o auxiliar farmacêutico do exército Alfredo Jose Abrantes e o artista mecânico do observatório, Eduardo Chartier.[5]

No dia 12 de abril o Jornal do Brasil informava aos seus leitores que no Rio de Janeiro o eclipse seria visto parcialmente, com cerca de 6/10 do Sol encobertos.[6] No dia 17 - após o eclipse, portanto - o mesmo jornal reproduzia a nota da chegada a Fortaleza dos observadores brasileiros que para lá se deslocaram, publicada pelo jornal cearense A República, dizendo que foram no navio a vapor "Alagoas" (e não um navio da marinha, portanto); dizia tal nota que os integrantes da comissão (cuja lista repetia aqueles nomes acima) partiriam dentro de dois dias a Paracuru onde já estava a comitiva inglesa.[7]

No dia 19 um telegrama era, com atraso, reproduzido pelo Jornal do Brasil: "Ceará. Fortaleza, 17 de abril (retardado) Foi ontem perfeitamente observado o eclipse total do sol. As observações da comissão inglesa Paracuru favorecidas por excelentes condições do tempo, deram ótimo resultado. Pompeu".[8]

Foi apenas a 24 de abril que o Jornal do Brasil, transcrevendo mais uma vez o que fora publicado no "A República" do dia 17 sobre o eclipse, reproduzindo toda a narrativa: "...Dentro do instante previsto tivemos ontem o nosso eclipse; nosso porque nem todos lograram de tão glorioso e grato espetáculo(...)".[9]

Enquanto os estrangeiros estavam em Paracuru, os brasileiros se instalaram em Pirocaia, hoje na região urbana de Fortaleza.[9][10]

Registro cearense[editar | editar código-fonte]

Continuando sua narrativa, "A República" dava conta de que o engenheiro irlandês morador de Fortaleza, Patrick O'Meara, procedera à observação do fenômeno, acompanhando os trabalhos dos ingleses e de amadores locais.[9]

A nebulosidade impediu a plena observação do fenômeno aos que ficaram na capital; mesmo assim o Sr. G. Boris efetuara seis fotografias instantâneas do eclipse; em diversos pontos da cidade foram mensuradas as mudanças de temperatura, que ficou entre 26 a até 20 graus; as pessoas todas saíram às ruas para acompanhar, ao passo em que as aves se recolheram aos poleiros para dormir e os morcegos saíram para suas atividades, tendo de retornar em seguida, confusos com a rápida volta da luz.[9]

Referências

  1. a b s/a (2 de outubro de 2014). «In pictures: A journey through 19th Century Brazil». BBC. Consultado em 14 de abril de 2016 
  2. NASA (n.d.). «TOTAL SOLAR ECLIPSE OF 1893 APRIL 16». Nasa. Consultado em 15 de abril de 2016 
  3. Redação do jornal (6 de fevereiro de 1893). Disponível em Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional do Brasil. «Nota sem título». Rio de Janeiro. Jornal do Brasil. III (nº 37/1893): pág. 2 
  4. Redação do jornal (17 de março de 1893). Disponível em Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional do Brasil. «Nota sem título». Rio de Janeiro. Jornal do Brasil. III (nº 76/1893): pág. 2 
  5. Redação do jornal (19 de março de 1893). Disponível em Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional do Brasil. «Eclypse do Sol». Rio de Janeiro. Jornal do Brasil. III (nº 78/1893): pág. 1 
  6. Redação do jornal (12 de abril de 1893). Disponível em Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional do Brasil. «Eclipse Total do Sol». Rio de Janeiro. Jornal do Brasil. III (nº 102/1893): pág. 1 
  7. Redação do jornal (17 de abril de 1893). Disponível em Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional do Brasil. «Lemos na República». Rio de Janeiro. Jornal do Brasil. III (nº 107/1893): pág. 2 
  8. Redação do jornal (19 de março de 1893). Disponível em Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional do Brasil. «Nota sem título». Rio de Janeiro. Jornal do Brasil. III (nº 109/1893): pág. 1 
  9. a b c d Redação do jornal (29 de abril de 1893). Disponível em Hemeroteca digital da Biblioteca Nacional do Brasil. «Nota sem título». Rio de Janeiro. Jornal do Brasil. III (nº 119/1893): pág. 2 
  10. Mauri Melo (30 de maio de 2013). «Montese e a homenagem aos combatentes da II Guerra Mundial». O Povo. Consultado em 20 de abril de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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