Teoria atômica: diferenças entre revisões

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'''Teoria atômica''', em [[química]], é teoria que supõe que toda [[substância química]] é formada de unidades fundamentais chamadas [[átomo]]s.<ref name="williamson.p3">[[Alexander William Williamson]]; ''Chemistry, for students''; Clarendon Press, 1868, ''Introduction'' p.3 ([http://books.google.com.br/books?id=QQgFAAAAQAAJ&pg=PA3f=false Google e-Livro])</ref> Um átomo, de acordo com esta teoria, é uma partícula extremamente pequena, porém não é infinitamente pequena.<ref name="daubeny.p.2">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter I'', p.2 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA2 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref><ref group="Nota">Daubeny cita Dr. Thompson, segundo o qual uma partícula de chumbo não poderia ser maior do que <math>\frac{1}{383498000000000}\,</math> de uma polegada cúbica, o que daria cerca de {{formatnum:3000}} [[Ångström]]s, ou mil vezes o diâmetro do átomo de chumbo.</ref>
'''Teoria atômica''', em [[química]], é teoria que supõe que toda [[substância química]] é formada de unidades fundamentais chamadas [[átomo]]s.<ref name="williamson.p3">[[Alexander William Williamson]]; ''Chemistry, for students''; Clarendon Press, 1868, ''Introduction'' p.3 ([http://books.google.com.br/books?id=QQgFAAAAQAAJ&pg=PA3f=false Google e-Livro])</ref> Um átomo, de acordo com esta teoria, é uma partícula extremamente pequena, porém não é infinitamente pequena.<ref name="daubeny.p.2">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter I'', p.2 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA2 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref><ref group="Nota">Daubeny cita Dr. Thompson, segundo o qual uma partícula de chumbo não poderia ser maior do que <math>\frac{1}{383498000000000}\,</math> de uma polegada cúbica, o que daria cerca de {{formatnum:3000}} [[Ångström]]s, ou mil vezes o diâmetro do átomo de chumbo.</ref>

== História ==
A Teoria atômica havia sido proposta por filósofos que apreciavam a física, como [[Descartes]], antes dela ter uma base experimental.<ref name="williamson.p3" /> Havia, desde os tempos antigos, duas hipóteses sobre a composição da matéria: ou ela seria formada por partículas que não poderiam ser mais divididas, ou não haveria nenhgfum limite à divisibilidade da matéria. A primeira idéia costuma ser atribuída aos [[epicurista]]s, porém suas origens podem ser ainda mais antigas. A cosmogenia de [[Demócrito]] se baseia nesta ideia, que ele derivou de [[Leucipo]]. Segundo Daubeny, [[Mosco]], um fenício que floresceu antes da [[Guerra de Troia]], teria estas ideias, assim como as [[mônadas]] de [[Pitágoras]], cuja origem seria egípcia. Segundo Mr. Colebrooke, citado por Daubeny, os [[hindus]] também tinham, no passado, uma teoria atômica.<ref name="daubeny.p.5">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter I'', p.5 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA5 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>

Pela teoria atômica de [[Epicuro]], não havia nada além de matéria e espaço, sendo a matéria formada por formas geométricas inquebráveis, de várias formas, como redondas, quadradas, com raios, etc, porém em uma quantidade finita de formas distintas. Estes átomos possuíam duas propriedades intrínsicas de movimento, um tendência natural para descer e o movimento causado pelas suas colisões, que faria os átomos se afastarem. Além destes dois movimentos, segundo Epicuro, alguns átomos possuiriam um terceiro movimento, que os faria descer em trajetórias oblíquas ou curvas.<ref name="daubeny.p.8">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter I'', p.8 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA8 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref> Os sólidos seriam produzidos por estes átomos quando eles estivessem em forma compacta, porém líquidos, ceras, madeira ou vapor quando eles estivessem menos compactos.<ref name="daubeny.p.9">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter I'', p.9 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA9 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>

A teoria atômica teve, como oposição, a [[teoria dos quatro elementos]] de [[Empédocles]], segundo a qual toda matéria é formada por [[terra (elemento)|terra]], [[ar (elemento)|ar]], [[fogo (elemento)|fogo]] e [[água (elemento)|água]], misturados em proporções distintas.<ref name="daubeny.p.11">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter I'', p.11 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA11 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>

== Oposição à Teoria ==
[[Leibnitz]] se opôs à teoria atômica, porque ela contrariava dois de seus dogmas, a teoria da continuidade e a doutrina da razão suficiente.<ref name="daubeny.p.17">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter I'', p.17 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA17 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>

Os átomos deveriam ser infinitamente duros e inelásticos, então, quando houvesse a colisão de dois átomos vindos em direção oposta, eles deveriam imediatamente interromper seu movimento, ou seja, passariam de um estado de movimento rápido para um estado de repouso, contrariando a lei da continuidade, pela qual nenhuma mudança pode se dar de forma abrupta, sem passar pelos estágios intermediários.<ref name="daubeny.p.17" /><ref group="Nota">Os motivos de Leibnitz para se opor à teoria atômica com base na doutrina da razão suficiente são tão obscuros, segundo Daubeny, que não cabem no seu ensaio sobre a teoria atômica.</ref>

Os argumentos dos [[cartesiano]]s contra a teoria atômica tem por base a matemática, pois nenhum corpo, do ponto de vista matemático, pode ser considerado indivisível.<ref name="daubeny.p.17" />

[[Abbé Boscovich]], um discípulo de Leibnitz, propôs que toda matéria era formada de pontos (no sentido matemático), que se repeliriam quando estivessem muito próximos, mas que se atrairiam se muito distantes.<ref name="daubeny.p.19">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter I'', p.19 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA19 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref> Para explicar as propriedades da água (em seus três estados), Boscovich supôs que duas partículas de água se repeliriam quando muito próximas, e haveria, de acordo com a distância as separando, regiões onde haveria atração e regiões onde haveria repulsão.<ref name="daubeny.p.20">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter I'', p.20 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA20 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>

== Evidências da teoria ==
A base experimental da teoria atômica é uma lei simples que, surpreendentemente, passou despercebida para os cientistas durante muito tempo. É o fato de que as combinações entre corpos é muito bem regulada.<ref name="daubeny.p.30">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.30 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA30 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>

O primeiro passo na descoberta desta lei foi dado pelo químico alemão [[Wenzel]] que, no trabalho ''Lehre von den Verwandschaften'', publicado em [[1777]] em [[Dresden]], mostrou que sempre que dois sais neutros reagem entre si, o resultado são outros dois sais neutros, em que as proporções dos constituintes são mantidas.<ref name="daubeny.p.30" />

Por exemplo, na reação de 19,7 gramas <ref group="Nota">No texto de Daubeny, a unidade utilizada é o [[grão (massa)|grão]]. Não foi feita a conversão, pois o que importa é a proporção.</ref> de [[sulfato de prata|sulfato anidro de prata]] (formado por 5 gramas de [[ácido sulfúrico]] com 14,7 gramas de [[óxido de prata]]) com 16,5 gramas de [[nitrato de bário]] (formado por 6,75 gramas de [[ácido nítrico]] com 9,75 gramas de [[óxido de bário]]<ref group="Nota">No texto de Daubeny, em vez de óxido de bário está [[barita]], que é o [[sulfato de bário]].</ref> produz-se 21,5 gramas de [[nitrato de prata]] e 14,75 gramas de [[sulfato de bário]]. Desta forma, observa-se que existe uma simetria na reação, ou seja, os 21,5 gramas de nitrato de prata são resultado da neutralização dos 6,75 gramas de ácido nítrico com os 9,75 gramas de óxido de bário, e os 14,75 gramas de sulfato de bário são resultado da neutralização dos 5 gramas de ácido sulfúrico com os 9,75 gramas de óxido de bário.<ref name="daubeny.p.31">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.31 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA31 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref><ref group="Nota">Utilizando-se a notação moderna, esta reação corresponde à reação de aproximadamente 1/8 [[equivalente|equivalente-gramas]] de cada uma destas substâncias, ou, mais especificamente, 0,125 [[moles]] do nitrato de prata com 0,0625 moles das outras substâncias:<br /><br />&nbsp;1/2 Ag<sub>2</sub> S O<sub>4</sub> + 1/2 Ba (N O<sub>3</sub>)<sub>2</sub> -> Ag N O<sub>3</sub> + 1/2 Ba S O<sub>4</sub><br /><br />Ag<sub>2</sub> S O<sub>4</sub>: 1 mol = 311,8 g, 0,0625 moles = 19,5 g<br />Ba (N O<sub>3</sub>)<sub>2</sub>: 1 mol = 261,3 g, 0,0625 moles = 16,3 g<br />Ag N O<sub>3</sub>: 1 mol = 170 g, 0,125 moles = 21,25 g<br />Ba S O<sub>4</sub>: 1 mol = 233,43 g, 0,0625 moles = 14,6 g.<br /><br />Em vez de ácido sulfúrico e ácido nítrico deve-se entender seus anidridos, respectivamente><br /><br />[[Anidrido sulfúrico]]: 1 mol = 80 g, 0,0625 moles = 5 g<br />[[Anidrido nítrico]]: 1 mol = 108 g, 0,0625 moles = 6,75 g</ref>

Com isto, fica demonstrado que 5 gramas de ácido sulfúrico são equivalentes a 6,75 gramas de ácido nítrico, assim como 14,75 gramas de óxido de prata a 9,75 de óxido de bário.<ref group="Nota">Ver nota anterior. Estas medidas correspondem, aproximadamente, a 1/8 equivalente-gramas de, respectivamente, anidrido sulfúrico, anidrido nítrico, óxido de prata e óxido de bário.</ref> Analogamente, o mesmo esquema pode ser usado para analisar a reação de 21,5 gramas de nitrato de prata com 7,5 gramas de [[fosfato de sódio|fosfato anidro de sódio]], resultando em 10,75 gramas de [[nitrato de sódio]] e 18,25 gramas de [[fosfato de prata]]. A conclusão é que 5 gramas de ácido sulfúrico, 6,75 de ácido nítrico e 3,5 de ácido fosfórico são equivalentes, assim como 4 gramas de [[óxido de sódio]], 9,75 de óxido de bário e 14,75 de óxido de prata.<ref name="daubeny.p.31" />

Richter, um químico prussiano, expandiu o trabalho de Wenzel, e colocou todas as substâncias químicas em uma única escala, medindo suas capacidades relativas de saturação de ácidos e bases, fazendo a química, que até então havia apenas sido uma ciência qualitativa, se tornar uma ciência quantitativa. O texto de Richer, publicado em 1792, se chamava ''Anfangsgrunde der Stoichiometrie''.<ref name="daubeny.p.31" />

O próximo passo foi dado por Mr. Higgins, que, em 1789, no trabalho entitulado ''A Comparative View of the Phlogistic and Anti-Phlogistic Theories'', propôs que que a diferença entre o [[ácido sulfuroso]] e o [[ácido sulfúrico]] é que, no primeiro, uma partícula de [[enxofre]] se combina com uma partícula de [[oxigênio]], enquanto que no segundo, uma partícula de enxofre se combina com duas de oxigênio. Além disto, nos compostos de [[azoto]] e oxigênio, estes se combinam nas proporções de 1 para 1,2,3,4 e 5.<ref name="daubeny.p.33">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.33 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA33 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>

== A teoria atômica de Dalton ==
Mr. Higgins abandonou esta ideia, que foi retomada por Dalton.<ref name="daubeny.p.34">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.34 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA34 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>

A forma atual da teoria começou com [[Dalton]], que estabeleceu seus princípios, e recebeu contribuições nos anos seguintes.<ref name="williamson.p4">[[Alexander William Williamson]]; ''Chemistry, for students''; Clarendon Press, 1868, ''Introduction'', p.4</ref>

Dalton publicou sua teoria em 1808, em 'New System of Chemical Philosophy''. Neste trabalho, está a ideia de que, quando duas substâncias se combinam, a união se faz por suas partículas componentes, inicialmente na proporção de um para um, ou de um para dois, um para três, etc.<ref name="daubeny.p.34" />

O fundamento da teoria foram as experiências realizadas pelos químicos, a partir de [[Lavoisier]], que indicaram que toda substância é formada por pequenas partículas de matéria elementar. Estas partículas podiam ser unidas ou separadas, mas não podiam ser quebradas em partes menores. Por causa disto, estas partículas foram chamadas de ''átomos''. A teoria é a generalização destes experimentos: assim como todas substâncias que foram testadas experimentalmente foram demonstradas de serem compostas de átomos, supôs-se que todas as substâncias seriam igualmente compostas por átomos.<ref name="williamson.p2">[[Alexander William Williamson]]; ''Chemistry, for students''; Clarendon Press, 1868, ''Introduction'', p.2</ref>

Segundo Dalton, como os pesos relativos de todos elementos podem ser determinados experimentalmente, seria possível, a princípio, determinar o peso de cada átomo.<ref name="daubeny.p.35">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.35 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA35 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref> Inicialmente, o peso destes átomos não foi determinado, porém conseguiu-se provar que o [[hidrogênio]] era o átomo de menor peso, e foi possível determinar o peso relativo de cada átomo em relação ao hidrogênio. Por exemplo, o [[carbono]] tinha peso [[doze]] vezes maior que o hidrogênio. Ou seja, cada átomo tem um [[peso atômico]], que é quantas vezes este átomo é mais pesado que o átomo de hidrogênio.<ref name="williamson.p3" /> O texto de Dalton trazia, no final, uma tabela com os [[trinta e sete]] supostos elementos então conhecidos, com seus símbolos apropriados, e com seus pesos relativos calculados.<ref name="daubeny.p.35">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.35 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA35 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref> Em 1810, Dalton publicou outro volume, em que confirma suas ideias pela análise de compostos de oxigênio com hidrogênio, azoto, carbono, enxofre e fósforo. Os trabalhos de Berzelius e Thompson confirmaram estes resultados para todos os compostos.<ref name="daubeny.p.36">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.36 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA36 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>

A teoria de Dalton tem dois pontos fundamentais: a primeira é que a reação entre substâncias segue proporções bem definidas, e a segunda é que a matéria é formada de átomos.<ref name="daubeny.p.36" />


== Pesos relativos ==
== Pesos relativos ==
A observação da formação de diversas substâncias, como [[água]], [[água oxigenada]], [[monóxido de carbono]], [[gás carbônico]], etc,<ref name="daubeny.p.36" /> mostrou que era possível definir pesos atômicos considerando-se que todos átomos tinham um peso atômico múltiplo do peso do hidrogênio. De acordo com Daubeny, os pesos atômicos dos átomos seriam:<ref name="daubeny.p.38">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.38 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA38 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref><ref group="Nota">Daubeny cita, na p.59, [[Gay-Lussac]] que, com base na medida da densidade do oxigênio, propôs que seu peso atômico seria 16, e não 8.</ref>
A observação da formação de diversas substâncias, como [[água]], [[água oxigenada]], [[monóxido de carbono]], [[gás carbônico]], etc,<ref name="daubeny.p.36">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.36 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA36 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref> mostrou que era possível definir pesos atômicos considerando-se que todos átomos tinham um peso atômico múltiplo do peso do hidrogênio. De acordo com Daubeny, os pesos atômicos dos átomos seriam:<ref name="daubeny.p.38">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.38 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA38 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref><ref group="Nota">Daubeny cita, na p.59, [[Gay-Lussac]] que, com base na medida da densidade do oxigênio, propôs que seu peso atômico seria 16, e não 8.</ref>
: Hidrogênio ... 1
: Hidrogênio ... 1
: Carbono ... 6
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Daubeny propôs que estes compostos não existiam porque ainda não haviam sido descobertos; ele cita o caso das combinações entre enxofre e oxigênio, que só ocorriam nas proporções 1:2 e 1:3, respectivamente, no [[anidrido sulfuroso]] e no [[anidrido sulfúrico]] <ref group="Nota">Na notação moderna, Daubeny chama de ácido sulfuroso e ácido sulfúrico.</ref> até a descoberta do [[ácido hipossulfuroso]], com proporção 1:1.<ref name="daubeny.p.43">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.43 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA43 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>
Daubeny propôs que estes compostos não existiam porque ainda não haviam sido descobertos; ele cita o caso das combinações entre enxofre e oxigênio, que só ocorriam nas proporções 1:2 e 1:3, respectivamente, no [[anidrido sulfuroso]] e no [[anidrido sulfúrico]] <ref group="Nota">Na notação moderna, Daubeny chama de ácido sulfuroso e ácido sulfúrico.</ref> até a descoberta do [[ácido hipossulfuroso]], com proporção 1:1.<ref name="daubeny.p.43">[[Charles Giles B. Daubeny]], ''Introduction to the atomic theory'' (1831), ''Chapter II'', p.43 [http://books.google.com.br/books?id=6vlMHfisQGgC&pg=PA43 <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref>


Para os químicos, a constituição dos átomos era desconhecida. Não se sabia se os átomos eram constituídos de partículas ainda menores, ou se eles eram realmente indivisíveis, pois o químico, da época, não podia quebrar o átomo. Mesmo assim, [[Alexander William Williamson]] não descartava a possibilidade de que os átomos pudessem, algum dia, serem divididos por processos desconhecidos na sua época.<ref name="williamson.p4" />
Para os químicos, a constituição dos átomos era desconhecida. Não se sabia se os átomos eram constituídos de partículas ainda menores, ou se eles eram realmente indivisíveis, pois o químico, da época, não podia quebrar o átomo. Mesmo assim, [[Alexander William Williamson]] não descartava a possibilidade de que os átomos pudessem, algum dia, serem divididos por processos desconhecidos na sua época.<ref name="williamson.p4">[[Alexander William Williamson]]; ''Chemistry, for students''; Clarendon Press, 1868, ''Introduction'', p.4</ref>


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Revisão das 18h22min de 11 de agosto de 2015

Teoria atômica, em química, é teoria que supõe que toda substância química é formada de unidades fundamentais chamadas átomos.[1] Um átomo, de acordo com esta teoria, é uma partícula extremamente pequena, porém não é infinitamente pequena.[2][Nota 1]

Pesos relativos

A observação da formação de diversas substâncias, como água, água oxigenada, monóxido de carbono, gás carbônico, etc,[3] mostrou que era possível definir pesos atômicos considerando-se que todos átomos tinham um peso atômico múltiplo do peso do hidrogênio. De acordo com Daubeny, os pesos atômicos dos átomos seriam:[4][Nota 2]

Hidrogênio ... 1
Carbono ... 6
Oxigênio ... 8
Fósforo ... 12
Azoto ... 14
Enxofre ... 16
Sódio ... 24
Potássio ... 40

A exatidão destas proporções havia sido demonstrada, na época de Daubeny, até em uma parte em 300 a uma parte em 400. Um dos problemas não resolvidos por esta teoria era o peso atômico do cloro, cujas medições indicavam o valor 35,43, bem distante do número inteiro 36 proposto por Thompson, e o peso do bromo, de 78,26.[5]

Problemas para a teoria

A teoria, porém, tinha algumas falhas. Por exemplo, como existia uma combinação de 1:1 entre hidrogênio e oxigênio (formando água)[Nota 3] e uma coombinação de 1:1 entre oxigênio e azoto (formando dióxido de nitrogênio), é suposto que haveria uma combinação de 1:1 entre hidrogênio e azoto, porém a única combinação observada era na proporção 3:1 (formando amônia). Em outros casos, em vez das combinações serem nas proporções 1 - 2 - 3 - etc, elas ocorriam nas proporções 1 - 1 1/2 - 2 - etc.[6]

Daubeny propôs que estes compostos não existiam porque ainda não haviam sido descobertos; ele cita o caso das combinações entre enxofre e oxigênio, que só ocorriam nas proporções 1:2 e 1:3, respectivamente, no anidrido sulfuroso e no anidrido sulfúrico [Nota 4] até a descoberta do ácido hipossulfuroso, com proporção 1:1.[7]

Para os químicos, a constituição dos átomos era desconhecida. Não se sabia se os átomos eram constituídos de partículas ainda menores, ou se eles eram realmente indivisíveis, pois o químico, da época, não podia quebrar o átomo. Mesmo assim, Alexander William Williamson não descartava a possibilidade de que os átomos pudessem, algum dia, serem divididos por processos desconhecidos na sua época.[8]

Notas e referências

Notas

  1. Daubeny cita Dr. Thompson, segundo o qual uma partícula de chumbo não poderia ser maior do que de uma polegada cúbica, o que daria cerca de 3 000 Ångströms, ou mil vezes o diâmetro do átomo de chumbo.
  2. Daubeny cita, na p.59, Gay-Lussac que, com base na medida da densidade do oxigênio, propôs que seu peso atômico seria 16, e não 8.
  3. Pela tabela, o que se considera como um "átomo" de oxigênio, carbono ou enxofre é, na verdade, "meio átomo", ou seja, a proporção 1:1 entre H e O corresponde à H + 1/2 O, ou seja, H2O.
  4. Na notação moderna, Daubeny chama de ácido sulfuroso e ácido sulfúrico.

Referências

  1. Alexander William Williamson; Chemistry, for students; Clarendon Press, 1868, Introduction p.3 (Google e-Livro)
  2. Charles Giles B. Daubeny, Introduction to the atomic theory (1831), Chapter I, p.2 [em linha]
  3. Charles Giles B. Daubeny, Introduction to the atomic theory (1831), Chapter II, p.36 [em linha]
  4. Charles Giles B. Daubeny, Introduction to the atomic theory (1831), Chapter II, p.38 [em linha]
  5. Charles Giles B. Daubeny, Introduction to the atomic theory (1831), Chapter II, p.39 [em linha]
  6. Charles Giles B. Daubeny, Introduction to the atomic theory (1831), Chapter II, p.42 [em linha]
  7. Charles Giles B. Daubeny, Introduction to the atomic theory (1831), Chapter II, p.43 [em linha]
  8. Alexander William Williamson; Chemistry, for students; Clarendon Press, 1868, Introduction, p.4

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