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Evangelho de Pedro

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O Evangelho de Pedro (em grego clássico: τὸ κατὰ Πέτρον εὐαγγέλιον; romaniz.: tò katà Pétron euangélion) é um texto antigo sobre Jesus Cristo, apenas parcialmente conhecido atualmente. Originalmente escrito em grego koiné, é considerado um evangelho não canônico e foi rejeitado como apócrifo pelos concílios de Cartago e Roma, que estabeleceram o cânone do Novo Testamento.[1] Foi o primeiro dos evangelhos não canônicos a ser redescoberto, preservado nas areias secas do Egito em 1886, com texto é datado no século II.[2]

Hoje categorizado como apócrifo, chegou a ser utilizado em algumas igrejas cristãs primitivas, sendo inclusive aceito por Serapião de Antioquia (190-221), bispo de Antioquia. Após uma leitura detalhada, Serapião concluiu que seu teor ensinava doutrinas docéticas e mudou o parecer a respeito do livro. Além do bispo Serapião, outros personagens também fizeram referência ao texto: Orígenes, Eusébio de Cesareia, Jerônimo de Estridão e Teodoreto de Ciro.[carece de fontes?]

O Evangelho de Pedro foi recuperado em 1886 pelo arqueólogo francês Urbain Bouriant na moderna cidade egípcia de Acmim. O manuscrito dos séculos VIII ou IX tinha sido respeitosamente enterrado com um monge egípcio. O fragmentário Evangelho de Pedro foi o primeiro evangelho não canônico a ser redescoberto, preservado na areia seca do Egito. A publicação, adiada por Bouriant até 1892,[3] suscitou grande interesse.[4]

Até o momento, é um dos quatro primeiros evangelhos narrativos não canônicos, que existem apenas em forma fragmentária: este Evangelho de Pedro, o Evangelho de Egerton e os dois Evangelhos de Oxirrinco muito fragmentários. O principal ponto de interesse desde o início tem sido estabelecer sua relação com os quatro evangelhos canônicos.[5]

O Evangelho de Pedro afirma explicitamente ser a obra de São Pedro. Contudo, de acordo com o estudioso do Novo Testamento, Craig Blomberg, a obra é pseudepigráfica.[6] O verdadeiro autor do evangelho continua sendo um desconhecido.

Acredita-se que o evangelho foi composto após os quatro evangelhos canônicos. Os estudiosos estão divididos quanto à data exata do texto, com alguns situando-o na primeira metade do século II e considerando-o como tendo sido compilado com base em tradições orais sobre Jesus, independentemente dos evangelhos canônicos.[2]

As folhas iniciais do texto estão perdidas, então a narrativa inicial da Paixão começa abruptamente com o julgamento de Jesus perante Pilatos, após Pilatos ter lavado as mãos, e termina com sua versão incomum e detalhada da guarda posta sobre o túmulo e a ressurreição. O Evangelho de Pedro é mais detalhado em seu relato dos eventos após a Crucificação do que qualquer um dos evangelhos canônicos, e varia dos relatos canônicos em vários detalhes: Herodes dá a ordem para a execução, não Pilatos, que é exonerado; José (de Arimateia, cujo lugar não é mencionado) conhecia Pilatos; na escuridão que acompanhou a crucificação, "muitos andavam com lâmpadas, supondo que era noite, e caíram". [carece de fontes?]

J. Rendel Harris (1852–1941) decidiu apresentar o Evangelho de Pedro ao público em "A Popular Account of the Newly-Recovered Gospel of Peter". Ele começa com uma descrição de sua descoberta, oferecendo suas opiniões sobre a data e a língua original do texto. Classificando a obra como um evangelho docético, Harris define a comunidade na qual ela surgiu, bem como seu uso durante a era patrística. Ele traduz o fragmento e, em seguida, discute as fontes por trás dele. Harris está convencido de que o autor tomou emprestado dos relatos canônicos, e lista outras literaturas que podem ter incorporado o Evangelho de Pedro, com ênfase especial no Diatessaron.[carece de fontes?]

Edgar J. Goodspeed afirmou que a principal importância desta obra é que ela é a primeira das apologéticas cristãs, embora apenas "fragmentos" realmente se enquadram nessa categoria.[7]

Referências históricas

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Orígenes menciona "o Evangelho segundo Pedro, como é chamado", juntamente com "o Livro de Tiago" (acreditado pelos estudiosos como sendo o evangelho apócrifo de Tiago), em apoio à doutrina da virgindade perpétua de Maria. No entanto, não está claro se ele estava se referindo ao que é conhecido atualmente como o Evangelho de Pedro, pois os fragmentos existentes não dizem nada sobre isso nem sobre o nascimento de Jesus.[8]

Em seu Compêndio de Relatos Heréticos, Teodoreto afirma que a seita nazarena do século IV usava o Evangelho de Pedro em sua liturgia.[9]

Ligações externas

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  1. Hieronymus, Sophronius Eusebius; Halton, Thomas Patrick; Hieronymus, Sophronius Eusebius (1999). On illustrious men. Col: The fathers of the church (em inglês). Washington, D.C: Catholic University of America Press. p. 5-7 
  2. a b Murdoch, B. (30 de março de 2012). «The Apocryphal Gospels. Texts and Translation. By Bart D. Ehrman and Zlatko Plese.». Literature and Theology (em inglês) (1): 128-130, 370-372. ISSN 0269-1205. doi:10.1093/litthe/frs006. Consultado em 11 de maio de 2024 
  3. Bouriant, "Fragments du texte grec du livre d'Énoch et de quelques écrits attribués à saint Pierre" in Mémoires de la mission archéologique française au Caire 1892.
  4. E. N. Bennett, "The Gospel according to Peter" The Classical Review 7.1/2 (February 1893), pp. 40–42.
  5. E. N. Bennet 1893, p. 40.
  6. The case for Christ : a journalist's personal investigation of the evidence for Jesus (em inglês). Grand Rapids: Zondervan. 1998. p. 27. ISBN 9780310610038 
  7. Goodspeed, Edgar J. (1966). A History of Early Christian Literature 2 ed. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 0226303861 
  8. Origen of Alexandria. «The Brethren of Jesus». Origen's Commentary on Matthew in Ante-Nicene Fathers Volume IX. [S.l.: s.n.] Consultado em 18 de setembro de 2008 
  9. Theodoret, Compendium of Heretical Accounts, Book 2, Chapter 2
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