Fano (veste papal)

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O fano ou fanhão (do latim pannus: tecido, e este de fanon, antiga palavra germânica: pano) é uma veste reservada ao papa, para uso na missa pontifical.

Forma[editar | editar código-fonte]

O fano é uma espécie de pequena capa de ombros, como uma dupla murça (mozeta) ou camalha de seda branca com listras douradas e avivada de vermelho. Ela consiste de dois círculos de tecido, com uma abertura no centro, para dar passagem à cabeça. Os círculos são presos um ao outro, por esta abertura, ficando as bordas livres. No círculo inferior, que é ligeiramente menor, há uma fenda vertical, para permitir a perfeita passagem da cabeça. Na parte anterior, do círculo superior há uma cruz bordada a ouro. O modo de se colocar o fano é o mesmo usado para se por o amicto, na Idade Média, e até hoje. Seu uso é o seguinte: depois do diácono ter revestido o papa com a alva, o cíngulo, o subcintório e a cruz peitoral; ele pega o fano pela abertura, passa o círculo inferior pela cabeça do papa, e o ajusta nos ombros, girando a abertura para trás. O círculo superior é mantido sobre a cabeça. A seguir o papa recebe a estola, a dalmática e a casula e o círculo superior é baixado sobre estes paramentos, cobrindo os ombros do pontífice, como um colar. Por cima do fano, é colocado o pálio.

História[editar | editar código-fonte]

O fano é citado no Ordo Romanus mais antigo, já sendo usado no século VIII. Era então chamado anabologium ou anagologium, não sendo neste período, reservado exclusivamente ao papa. não se pode afirmar a data exata. A partir do fm do século XII, o fano passou a ser de uso exclusivo do papa, por determinação expressa de Inocêncio III. Foi então chamado oral, sendo chamado fano, apenas no século seguinte. Mas, desde o século VIII, o papa só usou o fano na missa solene. O uso atual, pelo qual o papa é revestido com amito sob a alva e depois o fano surgiu no fim da Idade Média. O fano, apesar de pouco usado, nunca foi abolido, sendo que o Papa João Paulo II o usou por algumas vezes. O Papa Bento XVI fez uso deste paramento, na cerimônia de canonização do dia 21 de outubro de 2012. Por privilégio único no mundo, era também usado pelos Patriarcas de Lisboa.

Matéria e forma[editar | editar código-fonte]

Não há nenhuma informação quanto à forma do fano e do material de que foi feito, em épocas remotas. No fim da idade Média era feito da seda branca, como demonstra o inventário de 1295, do tesouro papal, bem conhecido pelos numerosos trabalhos de arte. A ornamentaçã preferida do fano eram as listras estreitas do ouro e de alguma cor, especialmente vermelho, tecidas na seda. Depois do século XV, o fano passou a ter forma quadrada; a atual forma de colar parece ter surgido no século XVI.

Simbolismo[editar | editar código-fonte]

O fano simboliza o escudo da fé (Efésios 6:16), que protege a Igreja Católica, representada pelo Papa. As listras verticais de duas cores, branco e dourado, unidas pela linha vermelha, indicam a unidade e a indissolubilidade das Igrejas Latina e Oriental. O círculo inferior, que fica oculto sobre os paramentos, representa a “Antiga Lei” e o círculo visível, sobre a casula, representa a “Nova Lei” dada por Jesus.

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