Festival das Luzes (Lyon)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Lyon, Festival das Luzes 2013

O Festival das Luzes, em francês Fête des Lumières, ocorre todos anos por quatro dias, em torno do 8 de dezembro, e é uma manifestação popular que acontece na cidade de Lyon na França.[1]

Na França, este festival também é conhecido como "festa do 8 de dezembro" ou "festa das iluminações".

É uma festa que atrai milhares de turistas.

História[editar | editar código-fonte]

Origens da veneração de Maria[editar | editar código-fonte]

A cidade de Lyon venera a Virgem Maria desde a Idade Média e diz-se que foi protegida por ela em 1643, ano em que o sul da França sofria com a peste: os escabinos de Lyon, o preboste dos mercadores e os nobres fizeram promessas de homenagear todos anos a Virgem se a epidemia da peste parasse.[2]

Em seguida, uma procissão solene foi organizada todo dia 8 de setembro (e não 8 de dezembro) pelo município parte da Catedral Saint-Jean com destino à Basílica Notre-Dame de Fourvière. 8 de setembro é o dia escolhido por Lyon dedicado à consagração à Virgem Maria, sendo também o dia de seu nascimento. A oferenda é feita com velas e escudos de ouro, chamada de Voto dos Escabinos[nota 1].

Origens[editar | editar código-fonte]

As versões sobre a origem da comemoração são confusas: geralmente a mistura dos votos à Virgem Maria e o esquecimento das datas conduz a origem das iluminações, e até mesmo a criação da Basílica de Notre-Dame de Fourvière, ao voto de 1643, época em que o sul da França sofria com a peste.

Primeiras iluminações do 8 de dezembro[editar | editar código-fonte]

Em 1852, inaugura-se a estátua da Virgem Maria, posicionada sobre a capela da colina de Fourvière, realizada pelo escultor Joseph-Hugues Fabisch.[2] Foi proposta por certos nobres lioneses e seguidores católicos e em seguida sendo aceita pelo cardinal de Bonald em 1850. A inauguração da estátua deveria ter ocorrido em 8 de setembro de 1852[2], dia da festa do nascimento da Virgem Maria e data do aniversário do voto dos escabinos de 1643. No entanto, devido ao aumento das águas do rio Saône, a inauguração da estátua foi adiada à data de 8 de dezembro.[2]

Ou seja, o mesmo 8 de dezembro que é a data da festa da Imaculada Conceição da Virgem, festa celebrada desde o século IX, mesmo que a proclamação do dogma date de 1854. Nos dias que precedem a inauguração, tudo está pronto para a festividade: a estátua deveria ser iluminada pelos fogos de bengala, fogo de artifício seriam lançados do alto da colina, e fanfarras tocariam nas ruas. Os nobres católicos lioneses propõem-se à iluminar as fachadas de suas casas como se era feito tradicionalmente durante os grandes eventos (entradas reais, vitórias militares, etc).

Mas no 8 de dezembro, durante a manhã, uma violenta tempestade atinge Lyon.[2] O mestre de cerimônias decide rapidamente adiar as festividades noturnas ao domingo seguinte. Então, finalmente, o céu limpa e a população lionesa, que tanto esperou pela cerimônia, em um gesto espontâneo, ilumina as janelas, desce nas ruas e fogos de bengala acendidos às pressas iluminam a estátua e a capela de Notre-Dame-de-Fourvière (a basílica ainda não existia)[2]. Os lioneses cantam e gritam "Viva Maria!" até tarde da noite.

Continuação da tradição[editar | editar código-fonte]

Lumignons na borda da janela

Desde 1852, a festa foi reconduzida a cada ano. A tradição diz que cada família lionesa deve utilizar sua coleção de copos do 8 de dezembro junto às decorações do Natal. Chamam-se "lumignons" os copos contendo uma vela. A partir do mês de novembro, as lojas exibem sacos com as famosas velas curtas e estriadas como bolos, e também coleções de velas. Na noite do 8 de dezembro, as velas são acesas e colocadas em um copo e na borda das janelas.[2]

Desde 1989, a festa espontânea é acompanhada da iluminação de locais públicos, paisagens dos rios e das colinas, bairros e vias de toda cidade, participando às festividades noturnas e valorização das belezas da região.[2] Essas animações fizeram com que a festa ganhasse um tom turístico, atraindo milhões de turistas todos anos. A participação popular continua, mesmo assim, muito presente com fachadas iluminadas e caminhadas feitas na noite do 8 de dezembro.

Entretanto, e apesar da participação popular, as janelas enfeitadas com os lumignons são minoria hoje. Este fato é explicado principalmente pela comercialização da festa sobre a tradição.

Esta passagem carece de fontes

Apesar disso, o festival não pára de ganhar amplitude, e a presença, nos últimos anos, de estilistas nacionais e internacionais de renome ilustra bem a influência internacional crescente do festival. Estendido a quatro dias desde 1999, e sob a marca "Lyon 8 décembre - Fête des Lumières."[3], o Festival das Luzes anima todos bairros de Lyon e propõe cenografias e espetáculos de luzes inovantes e surpreendentes em locais tradicionais ou insólitos.

Heavent Sud, o salão de profissionais de eventos, organizou em 29 de março de 2007, no Palais des Festivals de Cannes, a primeira edição dos troféus do evento. O Festival das Luzes recebeu o troféu do "melhor evento ao público em geral de 2006"[nota 2].

Em 2010, 3 milhões de pessoas participaram do festival nas ruas de Lyon. Cada vez mais popular, o Festival das Luzes atrai cerca de 3 a 4 milhões de visitantes todo ano, tornando-se um dos 3 maiores encontros festivos no mundo em termos de participação (atrás apenas do Carnaval e da Oktoberfest em Munique).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Histoire du 8 décembre, des origines à la séparation de l'Église et de l'État, Jérôme Caviglia, La Taillanderie, 2004 (em francês);
  • La merveilleuse histoire du 8 décembre à Lyon, Gérald Gambier, La Taillanderie, 2006 (em francês);
  • L'ombre du 8 décembre, roman noir, Christophe Cornillon, La Taillanderie, 2007 (em francês);
  • Des coutumes populaires aux illuminations lyonnaises du 8 décembre, Maurice Chambost, 1986 (em francês);
  • Lumières sur le huit décembre, Philippe Dujardin et Pierre-Yves Saunier, Ville de Lyon, 2002 (em francês);
  • Si Les Lumières m'étaient contées, Philippe Chabbouh, Edition Bellier, 2008 (em francês).

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Site oficial - Apresentação da Festa das Luzes, programa, mapas, etc. (em francês)

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. "Vœu des Échevins". (em francês)
  2. "Meilleur évènement Grand Public 2006". (em francês)

Referências

  1. «Fête des Lumières». www.fetedeslumieres.lyon.fr (em francês). Consultado em 31 de maio de 2020 
  2. a b c d e f g h «Fête des Lumières | Histoire de la Fête». www.fetedeslumieres.lyon.fr (em francês). Consultado em 31 de maio de 2020 
  3. « Lyon 8 décembre - Fête des Lumières » : à vos marques ! (em francês)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]