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Fonologia da língua birmanesa

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A língua birmanesa apresenta uma Fonologia característica de língua tonal, sendo os tons representados em sua escrita (ver alfabeto birmanês).

Bilabial Dental Alveolar Post-alveolar
e Palatal
Velar e
Labiovelar
Glotal Nenhuma
Plosiva e Africativa p b t d tʃʰ k ɡ ʔ  
Nasal m n ɲ̥ ɲ ŋ̊ ŋ   N
Fricativa   θ (ð) s z ʃ   h  
Aproximante   (ɹ) j (w̥) w  
Lateral   l  

A aproximente /ɹ/ é usada tão somente em nomes de localidades nas quais a pronúncia do Pali ou do Sânscrito é preservada. Exemplo: Amarapura, cuja pronúnicia é [àməɹa̰pùɹa̰]). Também é usada essa /ɹ/ em palavras oriundas do Inglês. Historicamente, /ɹ/ se tornou /j/ em Burmês, sendo substituída muitas vezes por /j/ em palavras do Pāli. Exemplo: ရဟန္တာ (ra.hanta) /jəhàNdà/ "monge", ရာဇ (raja.) /jàza̰/ "rei". Pode também, ocasionalmente, ser substituída por /l/, como na palavra de origem Pali para "animal" တိရစ္ဆာန် (ti.rac hcan), cuja pronúncia pode ser tanto [təɹeiʔ sʰàn] como [təleiʔ sʰàn]. Similarmente, é raro o som de /ʍ/, o qual desapareceu do Burmês moderno, exceto ao transcerverem-se palavras estrangeiras. [ð] é também muito incomum, exceto no alofone com consoante sonora de /θ/.

Os fonemas /pʰ, p/ são frequentemente pronunciadas como /b/, /kʰ, k/ como /ɡ/, /tʃʰ, tʃ/ como /dʒ/ e /sʰ, s/ como /z/ em palavras compostas. /dʒ/, quando seguem uma final nasalizada pode se tornar um som /j/. Por exemplo, "blusa" (အင်္ကျီ ang kyi) pode ser pronunciada /èiNdʒí/ ou /èiNjí/. Porém, esse efeito somente em palavras compostas.O Burmês tende a pronunciar as palavras com /p, pʰ, b, t, tʰ, d/ como /m/ quando em palavras compostas. Exemplo incluem တိုင်ပင် ("consultar" [tã̀ĩm pĩ̀], pronunciada comumente como [tã̀ĩm mĩ̀]), တောင်းပန် ("desculpar, perdoar" [tã́ʊ̃m bã̀], pronunciada [tã́ʊ̃m mã̀]), လေယာဉ်ပျံ ("aeroplano" [lèi yĩ̀m pjã̀], geralmente pronuciada [lèi mjã̀]).

Numa nasal não localizada /N/ funciona com a nasalização da vogal que a predede ou como uma "homorgânica" nasal da consoante seguinte. Desse modo, /mòuNdáiN/ "tempestade" é pronunciada [mõ̀ũndã́ĩ].

Em muitas palavras birmanesas, as Consoantes aspiradas indicam verbos na Voz ativa ou Verbo transitivo, ao passo que as Consoantes "não aspiradas indicam Voz passiva ou Verbo intranstivo. Exemplos: verbo cozinhar - na versão aspirada ချက် ([tʃʰeʔ]) tem o sentido de cozinhar algo; na versão não aspirada ကျက်([tʃeʔ]) significa ser cozido. Outro exemplo é "encolher", onde a versão aspirada ဖြေ ([pʰjè]) é o encolher transitivo, enquanto que a forma não aspirada ပြေ ([pjè]) é o "encolher intranstivo.

Monoditongos Ditongos
Frontal Posterior Frontal "offglide" Posterior "offglide"
Fechada i u
Meio fechada e o
Medial ə
Meio aberta ɛ ɔ
Aberta a

Os monoditongos /e/, /o/, /ə/ e /ɔ/ ocorrem em sílabas abertas (sem vogal coda, final); os ditongos /ei/, /ou/, /ai/ e /au/ só ocorem em sílabas fechadas (com vogal coda, fechada).

O burmês é uma língua tonal, ou seja um idioma no qual os constrastes dos fonemas podem ter com base o Tom de uma Vogal. Em burmês, esses constrates não envolvem somente o simples tom em si, mas também a fonação, a intensidade (força), duração e a qualidade de uma vogal. Há quatro tons de contraste em burmês. Na tagela a seguir estão apresentados os tons na vogal /a/ como exemplo; as descrições fonéticas são de Wheatley (1987).

Tom Símbolo
(mostrado em a)
Descrição
Baixo (နိမ့်သံ) à Fonação normal, Duração média, Intensidade baixa, Baixo tom (às vezes sobe um pouco)
Alto (တက်သံ) á por vezes levemente respiratório, relativamente longo, alta intensidade, tom alto - às vezes com uma queda antes de pausa
Vibrante (rascante) (သက်သံ) Voz temporizada, fonação vibrante, rascante (por vezes com glotal "stop" liberada), duração média, Tom alto (às vezes desce um pouco);
Estancado (တိုင်သံ) Qualidade de vogal centralizada, glotal final "stop", duração curta, Tom alto - em citação pode variar no contexto)

Como exemplo, as seguintes palavras apresentam, cada uma, um dos tipos de tom:

  • Baixo /kʰà/ "chacoalhar"
  • Alto /kʰá/ "ser amargo"
  • Vibrante /kʰa̰/ "multa, taxa"
  • Estancado /kʰaʔ/ "extrair, retirar"

Em sílabas terminando em /N/, não há tom estancado:

  • Baixo /kʰàN/ "suportar"
  • Alto /kʰáN/ "secar"
  • Vibrante /kʰa̰N/ "nomear, indicar"

Porém, no Burmês de hoje alguns linguistas classificam apenas dois 'Tons reais (embora haja 4 nominalmente e transcritos na grafia).

  • "Alto" (usado em palavras que terminam em "stop" ou "estancado", tom Alto-descendo);
  • Ordinário (palavras não estancadas e não glotais, com tom Descendente ou Baixo)

Esses tons emglobam uma variedade de sub-tons [1] O tom ordinário consiste numa série de tonalidades. O linguista L. F. Taylor declarou que "o ritmo da conversação e a intonação eufônica tem muita importância" não verificada em línguas tonais relacionadas e que o s concluded that "o sistema tonal burmês está hoje em avançado processo de redução"[1][2]

A estrutura de Sílabas do burmês é C(G)V((V)C), ou seja a sílaba básica consiste em Consoante + (opcional) Semi-Vogal + Sílaba Rima (monotongo sozinho ou monotongo com consoante ou ditongo com consoante). As únicas consoantes que podem ficar no final da sílaba são /ʔ/ e /N/. Alguns casos representativos:

  • CV /mè/ 'garota'
  • CVC /mɛʔ/ 'implorar'
  • CGV /mjè/ 'terra'
  • CGVC /mjɛʔ/ 'olho'
  • CVVC /màuN/ (termo p/ falar com homem jovem)
  • CGVVC /mjáuN/ 'sulco (na terra)'

Uma sílaba mínima (um só som, caracter) apresenta algumas restrições. Deve:

  • conter /ə/ como única vogal
  • não ter outra vogal final
  • não ter tom
  • não ter semi-vogal depois da consoante
  • não ser a sílaba final da palavra

Palavras contendo sílabas mínimas:

  • /kʰə.louʔ/ 'pico, cocoruto'
  • /pə.lwè/ 'flauta'
  • /θə.jɔ̀/ 'zombaria'
  • /kə.lɛʔ/ 'malicioso'
  • /tʰə.mə.jè/ 'água de arrozal'

Referências

  1. a b Taylor, L.F. (1920). «On the Tones of Certain Languages of Burma». Cambridge UP. Bulletin of the School of Oriental Studies. 1 (4): 91–106. Consultado em 9 de agosto de 2008 
  2. Benedict, Paul K. (1948). «Tonal Systems in Southeast Asia». American Oriental Society. Journal of the American Oriental Society. 68 (4): 184–191. doi:10.2307/595942. Consultado em 9 de agosto de 2008