Em Geometria Diferencial, as fórmulas de Cartan relacionam a derivada de Lie ao longo de um campo vetorial, a derivada exterior e a contração.
Seja um campo de vetores sobre uma variedade diferenciável. Seja o fluxo (local) gerado por . Recordemos que para uma forma diferencial , podemos definir a forma diferencial por
Essa forma diferencial é chamada de derivada de Lie de ao longo de . Temos as seguintes propriedades:
Para um campo vetorial, definimos o campo vetorial por
Trata-se do colchete de Lie . Recorde que . A equivalência entre essas duas definições do colchete de Lie pode ser provada localmente; é um bom exercício no uso da regra da cadeia.
Se , a contração de por é a -forma dada por . Denota-se também por . Temos a propriedade
. É consequência da propriedade análoga do produto exterior.
A fórmula é . Para a prova, note que (i) ambos os membros são transformações lineares; (ii) a fórmula vale para funções suaves; (iii) a fórmula vale para 1-formas exatas, isto é, para diferenciais ; (iv) se a fórmula vale para e para , então vale para . Localmente, toda forma pode ser expressada utilizando essas operações, logo a fórmula vale para toda forma diferencial.[1]
A segunda fórmula de Cartan é . Não é muito difícil ver que é uma consequência da igualdade .
Seja e sejam e campos de vetores em . Temos , ; logo , então , ou, equivalentemente,
Com um pouco mais de trabalho, chegamos à fórmula
que pode ser usada para definir a derivada exterior, sem menção a sistemas locais de coordenadas.
Considere uma variedade simplética e o parêntese de Poisson associado Sejam e os campos Hamiltonianos associados às hamiltonianas , isto é, . Pelas duas fórmulas mágicas de Cartan,
Portanto, . Daí, ; logo . Equivalentemente, . Trata-se da identidade de Jacobi, que imediatamente nos dá o
Teorema de Poisson-Jacobi. Se e são integrais de movimento, também o é .
- ↑ Spivak, Michael D. (2010). Physics for Mathematicians: Mechanics I. Houston, TX: Publish or Perish