Gonçalo Dumas Diniz

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 Nota: Para o actor português, veja Gonçalo Diniz.

Gonçalo Dumas Diniz (Luanda, 1 de Outubro de 1972), de seu nome completo Gonçalo Marco Dumas Diniz Canhoto, também conhecido como Gonçalo Diniz, é um designer português e activista das causas LGBT que foi o mentor e o coordenador do movimento que levou à criação da Associação ILGA Portugal em 1995, legalmente registada em 1996 como uma IPSS, de que foi o primeiro presidente.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Em 1994, em Lisboa, desenvolveu contactos com todos os grupos de homossexuais já existentes no sentido de formar uma associação que centralizasse a defesa dos interesses e dos direitos da comunidade gay e lésbica em Portugal. As suas iniciativas resultaram na criação da ILGA Portugal em 1995, legalmente registada em 1996 como IPSS, tendo feito parte do grupo original de vinte e sete pessoas que subscreveram a escritura da sua fundação. Foi também o seu primeiro Presidente.[2]

Foi durante a sua liderança que a associação se envolveu na luta contra a SIDA, que desenvolve regularmente desde a sua constituição, como consequência do facto de os seus membros-fundadores terem iniciado o seu activismo na associação Abraço. Numa entrevista concedida em 1999, Gonçalo Diniz, então presidente da ILGA-Portugal, referia "A associação surgiu a partir de voluntários que trabalhavam em organizações de luta contra a AIDS e eram organizações que tinham uma grande massa de voluntariado que era gay e que pensava que deveria existir uma organização que tratasse exclusivamente dos assuntos dessa comunidade"[3]

Como presidente da ILGA Portugal apoiou e promoveu também o Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, o actual Queer Lisboa, cuja primeira edição teve lugar em 1997 e que é hoje o mais antigo festival de cinema da capital portuguesa.[4]
[4]

Em 1997, esteve activamente envolvido no processo de aprovação de uma lei que permitisse e regulasse as uniões de facto em Portugal,[5][6][7] a futura Lei n.º 135/99, de 28 de agosto, aprovada dois anos depois.

Em 1999 colaborou na elaboração do guia sobre Portugal da Lonely Planet, esclarecendo a situação sobre a cena gay portuguesa, a pedido dos autores.[8]

Foi dado o seu nome ao Centro de Documentação da ILGA Portugal, em reconhecimento do importante trabalho que promoveu naquela associação, em prol da divulgação e promoção dos direitos da comunidade LGBT portuguesa. Este é actualmente o único centro de documentação em Portugal sobre a temática gay.[9][10]

Desde 1999 que vive e trabalha em Londres, celebrando em 2008 a união de facto com o homem com quem vivia desde 2006.[2]

O seu testemunho enquanto activista gay numa manifestação de protesto fez parte do estudo "A representação das minorias sexuais na informação televisiva portuguesa" de Clara Roldão Pinto Caldeira, publicado em 2006.[11]

Referências

  1. «Que histórias tem para contar Gonçalo Diniz, o primeiro presidente da ILGA Portugal?». dezanove.pt. Consultado em 28 de janeiro de 2016 
  2. a b Group, Global Media. «"Escolher Tallin em vez de Valpaços ou Caparica" - Gente - DN». DN. Consultado em 28 de janeiro de 2016 
  3. «Sexualidades politizadas: ativismo nas áreas da AIDS e da orientação sexual em Portugal». scielo.br. Consultado em 28 de janeiro de 2016 
  4. «Gay e lésbico abrangente». PÚBLICO. Consultado em 28 de janeiro de 2016 
  5. The American University journal of international law and policy, Volumes 1-12. [S.l.: s.n.] p. 1098 
  6. «ILGA Euroletter 51». france.qrd.org. Consultado em 28 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 17 de março de 2016 
  7. Revista crítica de ciências sociais, Issues 59-61. [S.l.]: Centro de Estudos Sociais. 2001. p. 198 
  8. Julia Wilkinson, John King (1999). Portugal. [S.l.]: Lonely Planet. p. 8 
  9. Anna Lorenzetti (2014). Lavoro orientamento sessuale e identità di genere: Dalle esprerienze internazionali alla progettazione di buone prassi in Italia. [S.l.: s.n.] p. 120 
  10. João Máximo e Luís Chainho (coordenação) (2015). Dicionário de Literatura Gay 4.ª ed. [S.l.]: Index ebooks 
  11. Clara Roldão Pinto Caldeira (2006). A representação das minorias sexuais na informação televisiva portuguesa. [S.l.]: Livros Horizonte. p. 170 

Outras referências[editar | editar código-fonte]

2. Centro de Documentação Gonçalo Diniz, ILGA Portugal. Visitado em 2016-01-27.

3. ILGA Portugal. Visitado em 2016-01-27.

4. Queer Lisboa. Visitado em 2016-01-27.

5. Centro LGBT (Inauguração, com Gonçalo Diniz e João Soares, 1997). Visitado em 2016-01-27.

6. Lisboa tem centro cultural LGBT (Time Out, 2010-04-07). Visitado em 2016-01-27.

7. Estalou o verniz (Elisabete Vilar, Público.pt, 27/07/1999). Visitado a 2016-01-27.

8. Anti-discrimination Clause in Portugueese Constitution? - By Goncalo Diniz. ILGA Euroletter, May 4th 1999. Visitado em 2016-01-28.