Instituto Raul Soares

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Instituto Raul Soares
Tipo hospital, instituto, património histórico
Geografia
Coordenadas 19° 55' 19.8" S 43° 55' 7.9" O
Mapa
Localização Belo Horizonte - Brasil
Patrimônio bem tombado pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

O Instituto Raul Soares (IRS) é um hospital fundado em 7 de setembro de 1922 no município brasileiro de Belo Horizonte para o tratamento de doentes psiquiátricos. O instituto faz parte da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).[1][2]

Localizado na Avenida do Contorno primeiramente, a fundação recebeu o nome de Instituto Neuro-Psiquiátrico. Contudo, no momento de sua inauguração em 1924, o mesmo passa a ser denominado Instituto Raul Soares, tendo Alexandre Drummond como seu primeiro diretor.[1][3]

Com o passar dos anos, o Instituto Raul Soares passa a ser visto como referência para o tratamento psiquiátrico em Minas Gerais.[2]

Histórico[editar | editar código-fonte]

Criado em 7 de setembro de 1922 o inicialmente denominado Instituto Neuropsiquiátrico teve sua construção relacionada com os projetos referentes à comemoração do centenário da independência do Brasil. Idealizado pelo professor de Psiquiatria da faculdade de Medicina de Belo Horizonte, Álvaro Ribeiro de Barros, e projetado pelo engenheiro Antônio Mourthé, o futuro Instituto Raul Soares foi inspirado no Hospital Psiquiátrico de Frankfurt.

Originalmente, o projeto arquitetônico do IRS era dividido em quatro alas laterais e um corpo central repartido em pavilhões. Nesse corpo central funcionavam as seguintes instalações: “dependências administrativas, vestíbulo, consultórios, sala de recepção, secretaria, diretoria, portaria, sala dos médicos, sala dos internos, biblioteca, sala de conferências, instalações cirúrgicas, salas de curativos, sala de autópsia e sala de operações”.[4]

Em 1924, como consequência da superlotação do Hospital de Assistência a Alienados de Barbacena, o Instituto Raul Soares é inaugurado; já com a nova denominação. A mudança de nome nesse ano se deve a uma homenagem feita ao Governador Raul Soares de Moura, que faleceu em 1924 e muito contribuiu para a gênese do hospital.

Outro fator que levou a abertura do IRS se deve ao declínio do instituto barbacenense: “O instituto barbacenense já estava sendo considerado inadequado e decadente, e a solução encontrada foi a inauguração de um novo hospital em Belo Horizonte”.[4]

Início dos trabalhos[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Alexandre Drummond, o Instituto Raul Soares visava uma modernização do aparato psiquiátrico, sendo considerado uma inovação para a época. Todavia, as inovações ocorriam juntamente aos problemas de superlotação dos hospital. Como a polícia enviava para o recinto todo o tipo de indivíduos, tal empecilho era recorrente: “o carro-forte da polícia despejava no Instituto, não só loucos, mas também leprosos, tuberculosos, marginais, trabalhadores imigrantes e desempregados”.[4]

Já em 1929, Hermelino Lopes Rodrigues, professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, assume o cargo de diretor do IRS. Em sua gestão, as novidades continuam: ele substitui métodos coercivos e violentos de contenção de pacientes pela liberdade de trânsito dos mesmos pelo hospital e cria oficinas de trabalho em que os doentes psiquiátricos auxiliam em diversas atividades. Tais medidas passam a serem vistas como auxiliares na recuperação dos internos.

Evolução[editar | editar código-fonte]

No período de 1930 a 1933 foi a vez de Caio Líbano estar na direção do Instituto Raul Soares. Após a saída de Líbano, Galba Moss Velloso é quem assume o cargo. Na regência de Galba Velloso, o hospital passa a ser visto “como [um] local de irradiação de conhecimentos neuropsiquiátricos”.[4]

Na década de 1950 houve mais inovações ocorrendo no IRS, com a implantação de novos medicamentos da psicofarmacologia, a divulgação de resultados de pesquisas feitas com pacientes e a implantação da psicocirurgia (que é um “recurso operatório cerebral destinado a modificar, por meio de intervenção cirúrgica, o comportamento de doentes mentais, atuando basicamente nos circuitos cerebrais relacionados à iminência de violência”.[4])

Nos anos 1960, mais especificamente em 1963, o diretor do hospital, Joaquim Moretzsohn, funda o Ambulatório Roberto Resende,[5][6] que visava filtrar e selecionar as internações dos pacientes do IRS. O instituto passa a atender pacientes do sexo masculino apenas, as pacientes seriam agora atendidas no hospital Ambulatório Galba Veloso.[4]

Em 1977 deu-se a vinculação do Instituto Raul Soares à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG). Assim, após essa filiação “o IRS absorve novidades da terapêutica psicanalítica, principalmente após a transferência da Residência de Psiquiatria para o hospital”[7].

Já em 1991 o conjunto arquitetônico e paisagístico do IRS é tombado como patrimônio histórico. A década de 1990 também foi marcada por significativas melhorias assistenciais no recinto: “o hospital foi ampliado, um centro de convivência foi criado e o serviço de urgência foi remodelado”[4]

Nos dias de hoje, o Instituto Raul Soares é visto como referência para o tratamento de doentes psiquiátricos em Belo Horizonte, fato que o elevou a categoria de hospital de ensino desde 2005.[7]

Especialidades[editar | editar código-fonte]

Atualmente, o Instituto Raul Soares trata pacientes através de áreas como a Psiquiatria (somente para adultos), a Psicologia, a Terapia Ocupacional e o Serviço Social.

Como campo especializado apresenta o Ambulatório de Psiquiatria Forense e o Programa de inclusão social em parceria com a ONG Ata Cidadania.[7]

Referências

  1. a b «Instituto Raul Soares - IRS | Estado de Minas Gerais». Governo do Estado de Minas Gerais. Consultado em 15 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 21 de novembro de 2017 
  2. a b «Instituto Raul Soares». Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Consultado em 15 de fevereiro de 2019. Cópia arquivada em 13 de agosto de 2018 
  3. Goulart, M. S. B.; Durães, F. (2010). «A reforma e os hospitais psiquiátricos: histórias da desinstitucionalização». Psicologia & Sociedade. 22 (1) 
  4. a b c d e f g JACÓ-VILELA, A. M. (Org.). Dicionário de Instituições da Psicologia no Brasil. Brasília: Conselho Federal de Psicologia. 2011. p.342-343
  5. http://www.fca.pucminas.br/coreu/producao/jn-cultural/1_2008/perfis/samuel1.htm Arquivado em 25 de abril de 2009, no Wayback Machine.. Acessado em 06 de Fevereiro de 2013
  6. GOULART, Maria Stella Brandão e DURAES, Flávio. A reforma e os hospitais psiquiátricos: histórias da desinstitucionalização. Psicol. Soc. [online]. 2010, vol.22, n.1, pp. 112-120. ISSN 0102-7182. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822010000100014. Acessado em 06 de Fevereiro de 2013
  7. a b c Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais http://www.fhemig.mg.gov.br/pt/atendimento-hospitalar/complexo-de-saude-mental/instituto-raul-soares Arquivado em 25 de março de 2013, no Wayback Machine.. Acessado em 06 de Fevereiro de 2013