Jerónimo Teixeira

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Jerónimo Teixeira
Nome completo Jerónimo de Macedo Teixeira
Nascimento c. 1465
Morte c. janeiro de 1510
Oceano Índico
Nacionalidade português
Ocupação Navegador
Fidalgo da Casa Real
Comendador da Ordem de Cristo
Contador-mor de Trás-os-Montes

Jerónimo Teixeira ComC (1465?-1510) foi um fidalgo português da Casa Real, Comendador da Ordem de Cristo e Contador-Mor de Trás os Montes. Foi capitão da Armada da Índia de Diogo Lopes Sequeira, e comandante da nau Santa Clara aquando do seu naufrágio.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Jerónimo de Macedo Teixeira nasceu provavelmente entre 1460 e 1470, filho de João Teixeira de Macedo[1] (1440?-06 de Julho de 1506), Senhor de Teixeira, Alcaide-Mor de Montalegre e Portelo, e Fidalgo da Casa Real e de Violante de Barros,[2] presumidamente em Trás-os-Montes, donde a família era originária. Era também parente de Dr. Jorge de Amaral. [1][3]

Jerónimo Teixeira acabou por se casar com D. Filipa da Silva, viúva, no entanto, sem geração.[3][ligação inativa]

Jerónimo Teixeira era, tal como o seu pai, Fidalgo da Casa Real.[4][5] Depois de D. Manuel subir ao trono, este foi feito Comendador da Ordem de Cristo. Foi também Contador-Mor de Trás-os-Montes. Um funcionário da Casa dos Contos, pertencente à divisão da chancelaria Real, em que a sua missão era a Administração das receitas e despesas públicas. Era, por isso, um fidalgo letrado, e educado nas Leis e no Direito.

Pode-se provar tal afirmação, visto que foi procurador de João Chanoca quando este vendeu um foro de 2 moios de trigo na herdade da represa, em Beja por 120.000 reis e uma casa na Rua da Moeda de Beja por 12.000 reis a Rui Gomes (de Beja).[6] Após a morte de seu pai, herdou deste 20.000 reis.

Em 1508 a cinco de Abril, sai de Lisboa na Armada de Diogo Lopes de Sequeira, sota-almirante da armada.[4] Um jovem navegador, Fernão de Magalhães fez parte desta Armada,[7][8] e revelar-se-ia um grande navegador e soldado, salvando Diogo Lopes de Sequeira de uma tentativa de assassinato em Malaca.[9]

Juntamente com as outras naus de Diogo Lopes de Sequeira, tem por missão apoiar a instalação de uma feitoria em Malaca e abrir relações comerciais com o Sultão Mahmud Shah. Acaba por chegar a Cochim a 21 de Abril de 1509 e daí parte com a restante armada para Malaca. É, ora em Cochim, ora em Malaca, que o comando da nau-capitânia Santa Clara, passa para Teixeira.

A 11 de Setembro de 1509, 1 ano e cinco meses depois da saída de Lisboa, Jerónimo agora comandante da nau Santa Clara, aporta em Malaca juntamente com o resto da Armada. Apesar de bem recebidos inicialmente, rapidamente os portugueses se viram em problemas, tanto diplomáticas como comerciais. Visto como uma intrusão no comércio entre o estreito de Malaca e as ilhas indonésias, foi planeada uma tentativa de destruir a expedição. Depois de uma revolta instigada pelos comerciantes e nobres locais contra o aumento de influência portuguesa, no início de 1510, as cinco naus da armada tiveram de retirar rapidamente da cidade, deixando para trás duas dezenas de prisioneiros, e algumas dezenas de feridos e mortos.[9][10]

À vinda de Malaca para a Índia, a nau Santa Clara embateu num baixio, provocando a ruptura do casco e a entrada rápida de água nas suas cobertas. Neste naufrágio perde a vida Jerónimo Teixeira, sem deixar descendentes.[11]

Referências

  1. a b Felgueiras Gaio, Manuel José da Costa (1775). Nobiliário das Famílias de Portugal. IX. [S.l.: s.n.] p. 552 
  2. Felgueiras Gaio, Manuel José da Costa (1775). Nobiliário das Famílias de Portugal. II. [S.l.: s.n.] p. 565 
  3. a b «CHAM - Centro de Humanidades». www.cham.fcsh.unl.pt. Consultado em 5 de fevereiro de 2021 
  4. a b Lacerda, Teresa (2006). Os Capitães das Armadas da Índia no reinado de D. Manuel I – uma análise social. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa- FCSH. pp. 55, 170, 180 
  5. Chancelaria de D. Manuel. 8. [S.l.]: Instituto dos Arquivos Nacionais, Torre do Tombo (IAN/TT). p. 38 
  6. «Carta de venda feita por João Chanoca, fidalgo da Casa Real, por seu procurador Jerónimo Teixeira, a Rui Gomes, de Beja, de um foro de dois moios de trigo impostos na herdade da Represa, termo de Beja, por 120.000 reais, e de uma casa térrea na Rua da Moeda, daquela cidade, por 12.000 reais - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 5 de fevereiro de 2021 
  7. Infopédia. «Fernão de Magalhães - Infopédia». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 5 de fevereiro de 2021 
  8. Bernstein, William J. (2009). A Splendid Exchange: How Trade Shaped the World. [S.l.]: Grove Press. pp. 183–185. ISBN 0-8021-4416-0 
  9. a b de Barros, João de Barros (1553). «4». Décadas da Ásia. 4. [S.l.: s.n.] 
  10. Castanheda, Fernão Lopes de; Almeida, Manuel Lopes de (1979). História do descobrimento e conquista da Índia pelos portugueses. [S.l.]: Lello 
  11. Relação das náos e armadas da India com os successos dellas que se puderam saber, para noticia e instrucção dos curiozos, e amantes da historia da India: (Brit. Library, Cód. Add. 20902). [S.l.]: UC Biblioteca Geral 1. 1985