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Santa Clara (nau de 1508)

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Santa Clara
   Bandeira da marinha que serviu Carreira das Índias
Construção Reino de Portugal
Lançamento Ribeira das Naus, Lisboa
Patrono Santa Clara
Período de serviço (1508-1510)
Estado Naufrada na deslocação entre Malaca e Goa
Destino embate num baixio

A nau Santa Clara foi uma nau portuguesa da Carreira das Índias que naufragou no caminho de volta de Malaca à Índia Portuguesa em 1509 comandada por Jerónimo Teixeira

Esta nau foi a nau-capitânia da embaixada falhada de Diogo Lopes de Sequeira a Malaca em 1509.[1]

Não confundir com a nau Santa Clara de 1533, que afundou na Praia de Arembepe, em 1574.

A nau Santa Clara foi construída provavelmente, entre 1501 e 1507, nos antigos estaleiros da Ribeira das Naus, em Lisboa.[2]

Nada se conhece sobre as suas características físicas. Sabe-se, no entanto, que foi construída para pertencer à Armada das Índias, e por isso, teria um tamanho e comprimento semelhante às da sua era. Foi concebida para as travessias entre Portugal e as Índias e por isso dotava de um poder de fogo elevado como as da sua época.[3]

A nau Santa Clara, nau-capitânia da armada de Diogo Lopes de Sequeira, saiu de Lisboa juntamente com outras três naus a 5 de Abril de 1508, com o objectivo de encontrar e tomar a prata, gengibre e o cravo da Ilha de São Lourenço (actual Madagáscar). Depois disso, teriam a estabelecer uma feitoria em Malaca de modo a controlar o comércio da zona.[1]

Após a passagem do Cabo da Boa Esperança, foi dada a ordem de tentar encontrar riquezas na Ilha de São Lourenço. Como não se encontrou a tal referida prata e o cravo-da-Índia, a Armada segue para Malaca.[1][4]

Desconhece-se se a Armada seguiu directamente para Malaca ou se aportou e se reabasteceu na Índia, sendo a última a opção mais plausível. Não obstante, foi ora na Índia, ora em Malaca que Diogo Lopes de Sequeira deixa o comando da nau Santa Clara e o seu comandante passa a ser Jerónimo Teixeira.[1][4]

Obtendo a autorização do sultão local, Diogo Lopes de Sequeira, aportou com cinco navios para comerciar levando credenciais e presentes. Inicialmente foi bem recebido, desembarcou homens e mercadorias, no entanto não conseguiu um acordo para estabelecer uma feitoria, pois os gujarates, os mercadores muçulmanos locais, opuseram-se com o apoio do bendaara. Visto como uma intrusão no comércio entre o estreito de Malaca e as ilhas indonésias, foi planeada uma tentativa de destruir a expedição. Diogo Lopes de Sequeira abandonou rapidamente a costa com três dos navios, deixando para trás dois navios incendiados, várias baixas e dezanove prisioneiros.[1][5]

Desconhecido os danos causados à nau Santa Clara, não se sabe se este embate entre as forças portuguesas e locais afectaram directamente a condição da nau. Apesar disso, na viagem de Malaca à Índia Portuguesa, a nau embateu num baixio e afundou. Visto que esta era a nau-capitânia, deu Diogo Lopes de Sequeira a nau-capitânia à de João Nunes.[3]

Seria esta tentativa falhada de tomada do comércio de Malaca, que impulsiona Afonso de Albuquerque a regressar e a conquistar Malaca, em 1511.[6]

Referências

  1. a b c d e Relação das náos e armadas da India com os successos dellas que se puderam saber, para noticia e instrucção dos curiozos, e amantes da historia da India: (Brit. Library, Cód. Add. 20902). [S.l.]: UC Biblioteca Geral 1. 1985 
  2. «Naus (e tesouros) que Portugal perdeu duas vezes - DN». www.dn.pt. Consultado em 27 de julho de 2020 
  3. a b Relação das náos e armadas da India com os successos dellas que se puderam saber, para noticia e instrucção dos curiozos, e amantes da historia da India: (Brit. Library, Cód. Add. 20902). [S.l.]: UC Biblioteca Geral 1. 1985 
  4. a b Anderson, James Maxwell. The history of Portugal. [S.l.: s.n.] p. 72 
  5. Quinn, David B.; Clough, Cecil H. "The European outthrust and encounter". [S.l.]: David B. p. 97 
  6. Rodrigues, Vítor Luís Gaspar; Oliveira e Costa, João Paulo (2012). Conquista de Malaca 1511-Campanhas de Afonso de Albuquerque. [S.l.]: Tribuna da História. ISBN 9789898219381