Kushim (indivíduo)
Kushim pode ser considerado o primeiro exemplo conhecido de um indivíduo com nome na História. O nome foi encontrado na tabuleta de Kushim, uma antiga tabuleta de argila suméria (c. 3400–3000 a.C.)[1] usada para registrar transações comerciais de cevada.[2][3]
O nome "Kushim" é mencionado em dezoito tabuletas, e acredita-se que seja um indivíduo ou uma organização responsável pelo registro de transações. A ideia de Kushim se referir a uma organização, porém, é considerada menos provável.[4][5][6]
Tabuletas do período de Uruque
[editar | editar código-fonte]A escrita na antiga cidade suméria de Uruque era usada principalmente para manter registros essenciais.[1]
A “tabuleta de Kushim” é uma tábua de argila detalhando uma transação comercial[2][3][7] e é um dos primeiros exemplos de escrita rébus.
Nela, está inscrito: “29,086 medidas de cevada 37 meses Kushim”.[7]
De acordo com Yuval Noah Harari, o provável significado dessa frase é “Um total de 29,086 medidas de cevada foram entregues ao longo de 37 meses. Assinado, Kushim.” [7]
Até 1993, foram encontradas 18 tabuas com o nome Kushim.[6]
Outra tábua do período Uruk que contém nomes data de 3100 AC, que inclui o nome de um dono de escravos, Gal-Sal, e seus dois escravos, En-pap X e Sukkagir.[3] Está tabua foi produzida uma ou duas gerações após a tabua de Kushim.[7]
Identidade
[editar | editar código-fonte]Acredita-se que Kushim tenha sido um indivíduo ou um título genérico de um titular de cargo. Os caracteres cuneiformes "KU" e "ŠIM" não foram apresentados com muito contexto, e por isso é difícil determinar se tais combinações de sinais denotam uma pessoa, o escritório da pessoa, ou uma instituição inteira. Kushim foi responsável pela produção e armazenamento da cevada.[4]
Além de ideogramas para quantidades e nomes de oficiais que receberam cevada, a tabuleta também contém uma entrada para o administrador e entradas para a data ou período de transações. A falta de um ideograma para zero, crucial para qualquer sistema numérico baseado em posição, resultava ocasionalmente em erros aritméticos. A noção de zero deveria ser expressada por qualquer espaço em branco, o que era às vezes esquecido ou ignorado.[4]
Algumas das tabuletas cobram a distribuição da cevada a vários funcionários, como vários débitos, com a soma no verso como um único crédito para a quitação da obrigação de Kushim. Um registro relativamente simples mostra a cobrança de variadas quantidades de cevada a três oficiais em seu anverso, enquanto a Kushim é creditada a quantidade total distribuída aos oficiais no verso.[4]
Entretanto, o verso também pode ser interpretado como a conta de Kushim. Outras tabuletas são mais intricadas, exibindo a entrada de vários ingredientes no anverso (malte, lúpulo etc.) e diferentes tipos de cerveja como saída no verso. Uma tabuleta mostra Kushim fornecendo 14.712 litros de cevada a quatro oficiais, aos quais foram devidamente entregues.[4][6]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b «Signed, Kushim»
- ↑ a b «The Birth of Writing: The Kushim Tablet». coursethreads.berkeley.edu. University of Berkeley. Consultado em 5 de agosto de 2016[ligação inativa]
- ↑ a b c Os 5 nomes mais antigos do mundo BOL/Amaury
- ↑ a b c d e Badenhorst. «Meet Kushim, the accountant from ancient Sumer»
|nome3=
sem|sobrenome3=
em Authors list (ajuda) - ↑ Nissen, Hans J.; Damerow, Peter; Englund, Robert K. (1993). Archaic Bookkeeping: Early Writing and Techniques of Economic Administration in the Ancient Near East. University of Chicago Press. [S.l.: s.n.] ISBN 9780226586595
- ↑ a b c Mattessich, Richard (2000). The Beginnings of Accounting and Accounting Thought: Accounting Practice in the Middle East (8000 B.C to 2000 B.C.) and Accounting Thought in India. Routledge. [S.l.: s.n.] ISBN 9780815334453
- ↑ a b c d «Who's the First Person in History Whose Name We Know?». Science (em inglês). 19 de agosto de 2015. Consultado em 7 de setembro de 2022