Lagoa Feia (Goiás)

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A Lagoa Feia é um lago natural, localizado no município de Formosa, Goiás, a cinco quilômetros do centro da cidade. É formadora do rio Preto, afluente do rio Paracatu, tributário do rio São Francisco.

Hidrografia[editar | editar código-fonte]

A Lagoa Feia situa-se na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. É formada pelas águas do córrego Josefa Gomes e outros menores. O córrego Josefa Gomes recebe águas do córrego do Abreu, da Lagoa dos Santos e de lagos artificiais, como o Laguinho do Vovô. A Lagoa Feia depende, para a manutenção de seus níveis de profundidade e vazão, de um ecossistema lótico, com extensas regiões hidromórficas.

A Lagoa Feia forma o rio Preto, ao qual vai se juntar, ainda próximo à área urbana de Formosa, o ribeirão Santa Rita, que marca o limite entre Formosa e o Distrito Federal. O rio Preto é afluente do rio Paracatu, que deságua no rio São Francisco.

Histórico de ocupação[editar | editar código-fonte]

A Lagoa Feia é um dos marcos de origem da cidade de Formosa (GO). Entre 1732 e 1736 foi instalado, a montante da Lagoa, na confluência do córrego Josefa Gomes com a Lagoa Feia, um Registro Fiscal da Coroa Portuguesa, com a finalidade de cobrar impostos dos viajantes que aportavam para as recém-descobertas Minas de Ouro dos Goyazes. –1736 recebeu fiscais de Bernardo Fernandes Guimarães, arrematante das entradas para Goiás pelos “caminhos dos currais da Bahia, do São Francisco e de Minas Gerais”. Em –1736 o Registro da Lagoa Feia recebeu fiscais de Bernardo Fernandes Guimarães, arrematante das entradas para Goiás pelos “caminhos dos currais da Bahia, do São Francisco e de Minas Gerais” (JACINTO, 1979, p. 15)[1]. Somente em 1749, de acordo com o professor Samuel Lucas, o Arraial de Couros (primitivo nome de Formosa), foi fundado.

A cidade de Formosa foi construída, desde o século XVIII, sobre as nascentes da Lagoa Feia, nas margens do córrego Josefa Gomes, um território que abrigava um complexo e delicado ecossistema, formado, possivelmente, por brejos, veredas, matas ciliares, matas de galerias e outras formações ambientalmente vulneráveis aos processos antrópicos. Possuindo um relevo de superfície suavemente ondulada a plana, situada a cerca de 900 metros de altitude, o atual território urbano de Formosa ainda é possuidor de inúmeras nascentes, que possivelmente fluíam em profusão junto a uma rede de ecossistemas lóticos de pequeno porte, tais como riachos intermitentes, lagoas e córregos como o Córrego do Abreu, o Córrego Josefa Gomes, a Lagoa dos Santos e a própria Lagoa Feia. Durante todo o séculoXVIII, XIX e meados do século XX, o Arraial de Couros, nome original de Formosa, ocupou o platô acima da margem direita do córrego Josefa Gomes[2][1].

Até 1920, a rarefeita ocupação urbana deixava sobreviver parte dos extensos brejos e nascentes difusas que sustentavam a Lagoa Feia e sua rica fauna e flora.

A ocupação da região das nascentes da Lagoa Feia, mesmo com um crescimento urbano incipiente até a década de 1950, impactou desde muito cedo a Lagoa. Até a década de 1950, existiu uma comunidade de pescadores pobres, que comercializa os pescados na cidade. Contudo, a partir da construção de Brasília, houve uma deterioração acelerada da Lagoa Feia. A cidade cresceu e as casas atingiram a Volta do Brejo. Lixo e dejetos humanos passam a atingir a Lagoa Feia. Houve também desmatamento da mata ciliar, com ocupação com submoradias; pesca excessiva; redução do número de peixes e aumento do uso para lazer, com a vinda de trabalhadores de Brasília e consequentemente surgimento de bares, acampamentos (mais desmatamentos e venda e parcelamento dos terrenos[3].

Aspecto da Lagoa Feia em fins do século XIX[editar | editar código-fonte]

De acordo com o relatório da Comissão Exploradora do Planalto Central[2], em fins do século XIX a Lagoa Feia possuía uma rica diversidade biológica. Uma rica vegetação ciliar, composta de "árvores mais ou menos frondosas"[2] cobria suas bordas. Sua flora era constituída por diversas espécies de plantas aquáticas (a comissão listou 10 gêneros distintos de macrófitas).

Preservação da Lagoa Feia[editar | editar código-fonte]

"Como resultado da degradação de grande número de nascentes e veredas contribuintes do Córrego Josefa Gomes na Zona Urbana de Formosa, verificou-se a redução paulatina do aporte de água à Lagoa Feia"[4].


Referências

  1. a b JACINTO, Olimpio (1979). Esboço Histórico de Formosa. Brasília: Ed. Independência. pp. 211p. 
  2. a b c CRULS, Luis (1957). Planalto Central do Brasil. Rio de Janeiro: José Olimpio 
  3. Xapuri (16 de janeiro de 2017). «Um dia na Lagoa Feia: A vida dos pescadores». xapuri.info. Consultado em 20 de junho de 2019 
  4. WEISS, Joseph S. Elaboração de Projeto de Recuperação e Preservação de Nascentes e Veredas. Relatório 5 - Relatório Final. Prefeitura de Formosa/Secretaria de Meio Ambiente: Formosa, set 2012.