Mamulengo

Mamulengo é um tipo de fantoche típico do nordeste brasileiro, especialmente do estado de Pernambuco[2]. A origem do nome é controversa, mas acredita-se que ela se originou de mão molenga[3] - mão mole, ideal para dar movimentos vivos ao fantoche. Um ou mais manipuladores dão voz e movimento aos bonecos.
Suas apresentações eram em praça pública, em geral nos arrabaldes durante os festejos religiosos, apresentando temática em geral bíblica ou sobre atualidades.[2]
O Mamulengo faz parte da cultura popular nordestina, sendo praticada desde a época colonial. Retrata situações cotidianas do povo que a pratica (geralmente, cômicas ou satíricas).
No ano de 2015, foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil. O processo de Registro, resultou na publicação, em 2014, de dois trabalhos intitulados Dossiê interpretativo e Dossiê videográfico, de autoria das pesquisadoras: Dra. Izabela Brochado e Dra. Adriana Alcure, respectivamente.
Museu
[editar | editar código-fonte]Na cidade Olinda o Espaço Tiridá - Museu do Mamulengo procura preservar a tradição dos bonecos, contando em seu acervo com cerca de mil e quinhentas peças, além de realizar apresentações diárias.[3]
O Museu é mantido pela Prefeitura de Olinda, mantendo peças antigas e preservando a memória de mestres populares desta arte, como Saúba, Tonho de Pombos, Luiz da Serra, Pedro Rosa, Zé Lopes, Antônio Biló, Manuel Marcelino, etc.[3]
Em Glória do Goitá, cidade da zona da mata de Pernambuco, conhecida como a "Capital do Mamulengo", também há o Museu do Mamulengo, que é dirigido pela Associação dos Mamulengueiros e Artesãos da Glória do Goitá, promovendo sempre apresentações e oficinas. Sem contar que, no próprio museu, podemos encontrar artesãos e mamulengueiros diariamente. Além de vivenciar o folguedo, ainda há bonecos reservados para venda, confeccionados pelos próprios artesãos e pelos Mestres José Lopes, Mestre Bila, Titinha, Mestre Gilberto Lopes.
Teatro de mamulengos
[editar | editar código-fonte]A apresentação de bonecos pode ser realizada por um ou mais artistas e são carinhosamente chamadas de "brincadeira" devido ao teor alegórico dos eventos teatrais organizados. Neste sentido, a peça teatral é a "brincadeira", o ator é "brincante" e a atuação é o "brincar". Estas intervenções artísticas levam as características regionais nos seus roteiros se adaptando de forma que esses elementos sejam identificados nas falas e nas ações dos personagens.
Quando solo, o 'brincante" principal é o mestre da cerimônia, porém, quando há formação grupal, os mamulengueiros se dividem em uma hierarquia, sendo ela:
- O mestre: este é responsável pela posse do toldo, dos bonecos e do acervo de guarda dos mesmos. É também o dono representativo de todo o material utilizado no espetáculo, o "brincante" de mais experiência entre os membros da equipe e o responsável de ser o pilar principal para fazer os outros abrilhantarem a cena;
- O contramestre: serve como apoio de cena para o mestre o ajudando a manipular os bonecos de cana, fazendo cenas sozinho ou como ponto de apoio aos ajudantes;
- Os ajudantes: o ajudante geralmente é um menino que aceita a função de auxiliar da tolda de boneco que pode atuar tanto dentro como fora. Dentro da tolda, ele é responsável por manipular os bonecos e, fora dela se apresenta em persona e serve como ponta para as piadas, solicitações ou outros pedidos dos personagens dentro do toldo;
- Tocadores: também chamados de folgazões, estes componentes são designados a fazer o acompanhamento sonoro das apresentações.
Estes grupos podem variar conforme as especificidades da proposta e de sua organização interna, mas há registros de até seis componentes por grupo em algumas localidades.[4]
Referências
- ↑ CNFCP recebe exposição dos bonecos mamulengos
- ↑ a b CASCUDO, Luís da Câmara, verbete Mamulengo em Dicionário do Folclore Brasileiro
- ↑ a b c DIB, André, Museu do Mamulengo – Espaço Tiridá (página acessada em 17 de fevereiro de 2009)
- ↑ IPHAN (2014). Registro do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste: mamulengo, cassimiro coco, babau e joão redondo. (PDF). Brasília: MINISTÉRIO DA CULTURA. p. 35