Meu Carro Falha
Meu Carro Falha é um website criado pela consumidora Daniely Argenton, do estado brasileiro de Santa Catarina, para demonstrar as falhas ocorridas com seu Renault Mégane 2007. O site ganhou notoriedade[1] com a decisão da Primeira Vara Cível de Concórdia, em Santa Catarina, atendendo a pedido da montadora, de que o mesmo, bem como os diversos perfis criados em redes sociais referentes ao caso, teriam que ser retirados do ar.
História
[editar | editar código-fonte]Segundo as declarações de Daniely Argenton no website, a ideia de criá-lo surgiu após diversas tratativas com a Renault, fabricante do veículo, para consertar as falhas do mesmo, ocorridas desde logo após a compra e ainda no período da garantia, se revelaram infrutíferas. A consumidora teria buscado reparação judicial contra a montadora, que apesar da existência de perícia que comprovaria o defeito e do mesmo ter surgido durante a garantia, não teria realizado a troca do carro.[2] Assim a consumidora teria decidido criar o site para divulgar os fatos ocorridos desde a compra do veículo.[3] O domínio foi registrado em novembro de 2010, e a ordem judicial para que o site fosse retirado do ar foi emitida em março de 2011.
Conteúdo
[editar | editar código-fonte]O site contém em sua parte superior um cabeçalho onde um grande contador mostra o tempo que o carro está parado devido aos problemas apresentados - mais de três anos. Há links para os perfis correspondentes no Youtube, Facebook e Twitter, bem como para compartilhar o site nestas duas últimas redes sociais. Várias seções permitem ver fotos e vídeos do carro, bem como informativos sobre a repercussão do caso, links para sites de defesa do consumidor, contato com a autora e ainda um fórum de discussões, ainda em implementação.
Repercussão
[editar | editar código-fonte]O Meu Carro Falha pode ser considerado um exemplo do "efeito Streisand", quando uma informação que se deseja censurada na internet acaba replicada de forma gigantesca, acabando efetivamente com a finalidade da censura. Após a expedição da ordem judicial, o número de acessos ao site aumentou de forma enorme, computando já mais de 700.000 acessos em 19 de março de 2011.[3] O caso foi noticiado tanto por veículos de mídia eletrônica, como o Gizmodo Brasil,[4] quanto por veículos de mídia tradicional ou ligados a esta, como a Folha de S.Paulo,[1] O Estado de Minas.[5] A tradicional revista automotiva brasileira Quatro Rodas também cobriu o caso em seu site.[6] Um blog jurídico[7] usou-o como exemplo da falta de entendimento das empresas do alcance e poder das redes sociais. Em uma postagem no Twitter, a autora do site disse que o manteria no ar, assim como os perfis,[8] enquanto os recursos sobre a liminar estivessem sendo julgados.
Posição da Renault
[editar | editar código-fonte]Segundo a assessoria de imprensa da montadora Renault, o pedido de liminar deu-se em função de já tramitar uma ação na justiça originada por Daniely para resolver a questão. A Renault declarou ainda ter sido surpreendida com a posição da consumidora de criar site e perfis para expor o caso. A montadora estaria tentando uma reunião de conciliação com Daniely Argenton.[5]
Acordo
[editar | editar código-fonte]Em 22 de março de 2011, mais de quatro anos após as primeiras falhas detectadas no carro, a Renault informou que havia chegado a um acordo com a consumidora. A empresa reconheceu a existência de falhas em seus procedimentos internos e lamentou o caso, mas ressaltou sempre ter buscado a conciliação[9] com a cliente. O acordo inclui o ressarcimento do valor do carro, bem como as demais despesas relacionadas, além do fim das ações judiciais de ambos os lados envolvidos.[10] Segundo a consumidora, um automóvel Clio também será doado à Associação de Assistência à Criança Deficiente como resultado da conciliação. Daniely disse ainda que o site ganhará a finalidade de "ser um local para consumidores e fornecedores buscarem a solução conciliadora para problemas como o meu", e que manteria no ar as contas nas redes sociais.[11]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b «Justiça ordena extinção de site e perfil que reclamam da Renault». Folha de S.Paulo. 14 de março de 2011
- ↑ «Cliente põe Renault nas redes sociais à la Brastemp». Exame. 14 de março de 2011
- ↑ a b «"MEU CARRO FALHA"». Consultado em 19 de Março de 2011. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- ↑ Ventura, Felipe (16 de março de 2011). «Cliente cria site para reclamar da Renault, é obrigada pela Justiça a retirá-lo do ar». Gizmodo Brasil
- ↑ a b Camargos, Daniel (15 de março de 2011). «Juiz determina que compradora retire do ar páginas da internet em que reclama do carro». O Estado de Minas
- ↑ Roberti, Bruno (18 de março de 2011). «"Proprietária lesada pela Renault mobiliza Internet». Quatro Rodas. Consultado em 20 de março de 2011. Arquivado do original em 20 de março de 2011
- ↑ Fátima (14 de março de 2011). «Meu carro falha é exemplo da ignorância das empresas sobre a natureza das mídias sociais». Sub Judice. Consultado em 19 de março de 2011
- ↑ «Mantive os perfis na web(...)». @meucarrofalha. 17 de março de 2011
- ↑ «Renault do Brasil e Cliente chegam a acordo». Folha de S.Paulo. 22 de março de 2011
- ↑ Roberti, Bruno (22 de março de 2011). «Renault e proprietária de Meu Carro Falha entram em acordo». Quatro Rodas. Consultado em 23 de março de 2011. Arquivado do original em 25 de março de 2011
- ↑ Ventura, Felipe (23 de março de 2011). «Renault entra em acordo com cliente que protestou na web». Gizmodo Brasil