Musselina de Dhaka

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A Musselina de Dhaka é a mais fina variante do tecido Musselina, e também um dos mais caros tecidos.[1]

Diferentemente da musselina tradicional, que são feitos à máquina, a Musselina de Dhaka é feita manualmente, num processo complexo e que envolve 16 etapas. Além disso, é utilizado um raro tipo de algodão, originado da planta Gossypium arboreum var. neglecta, que só cresce nas margens do rio sagrado Meghna.

Poetas dos tempos de imperialismo britânico chamavam o pano de "baft-hawa" — literalmente "tecido de ar".

No início do Século XX, após centenas de anos encantando a nobreza de diversos tempos e cantos, a musselina de Dhaka foi extinta, suprimida pelas regras coloniais britânicas em favor de têxteis britânicos. Com isso, o conhecimento das técnicas sofisticadas e difíceis, utilizadas para produzir o tecido requintado, desapareceram lentamente.

Aparições na literatura[editar | editar código-fonte]

Confirmações sobre a existência do tecido podem ser encontradas em várias obras. Talvez um dos relatos mais antigos sejam o de Yuan Chwang, viajante e monge budista chinês, que, ao visitar a Índia no ano de 629 d.C., escreveu: “O tecido é como o leve vapor da aurora[2].

Outros relatos estão em obras do autor romano Petronius (Século XIV), em relatos do explorador berbere-marroquino Ibn Battuta (Século XIV) e do viajante chinês do Ma Huan (Século XV), entre muitos outros.[1]

Extinção[editar | editar código-fonte]

Sob o domínio britânico, a empresa britânica das Índias Orientais não poderia competir com a musselina local com sua própria exportação de pano para o subcontinente indiano. O governo colonial favoreceu as importações de têxteis britânicos. Autoridades coloniais tentaram suprimir a cultura local de tecelagem. A produção de musselina diminuiu muito e o conhecimento da tecelagem foi quase erradicado. Alega-se que, em alguns casos, os tecelões tiveram seus polegares cortados, embora isso tenha sido refutado como uma suposta leitura errada de um relatório de 1772[3][4][5][6]. A indústria da Musselina de Dhaka foi suprimida por várias políticas coloniais.[7] Como resultado, a qualidade da musselina sofreu e a finesse do pano foi perdida à medida que os panos britânicos emergiam na Índia.

Referências

  1. a b bbc.com/ O mistério do tecido antigo que ninguém sabe como recriar
  2. pt.globalvoices.org/ Bangladesh tenta reviver produção da musseline, o lendário tecido
  3. Bolts, William (1772), Considerations on India affairs, J Almon, p. 194 
  4. Edwards, Michael (junho 1976), Growth of the British Cotton Trade 1780–1815, ISBN 0-678-06775-9, Augustus M Kelley Pubs, p. 37 
  5. Marshall, P. J. (1988), India and Indonesia during the Ancien Regime, ISBN 978-90-04-08365-3, E.J. Brill, p. 90 
  6. Samuel, T. John (2013), Many avatars : challenges, achievements and the future, ISBN 978-1-4602-2893-7, [S.l.]: Friesenpress 
  7. Bolts, William (1772), Considerations on India affairs: particularly respecting the present state of Bengal and its dependencies, Printed for J. Almon, pp. 194–195 
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