Márcia X
Márcia X | |
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Nome completo | Márcia Pinheiro de Oliveira |
Nascimento | 1959 Rio de Janeiro, RJ |
Morte | 2005 Rio de Janeiro, RJ |
Nacionalidade | Brasil |
Principais trabalhos | "Kaminhas Sutrinhas" (1995), "Desenhando com terços" (2000) |
Área | Artes visuais |
Página oficial | |
http://www.marciax.art.br/ |
Márcia Pinheiro de Oliveira (Rio de Janeiro, 1959 - Rio de Janeiro, 2005) foi uma artista plástica brasileira.
Utilizando objetos eróticos, brinquedos infantis e objetos religiosos, suas performances, vídeos e instalações são marcadas pela relação sexo/infância, em que objetos pornográficos são transformados em brinquedos infantis e estes em objetos eróticos. Seus trabalhos abordam temas como sexualidade, erotismo, consumo, valores sociais e religiosos, discutindo não só questões estéticas mas também éticas e políticas.[1]
O movimento em suas peças evidencia a percepção do objeto como um corpo vivo. Sua perspectiva é subjetiva, o que confere a sua obra um caráter quase autobiográfico.
Biografia
[editar | editar código-fonte]A artista adotou o X de seu nome depois da repercussão de uma performance em parceira com Alex Hamburger, seu primeiro marido,[2] na Bienal do Livro do Rio de Janeiro em 1985 em que ficou nua. A reação da estilista carioca homônima Márcia Pinheiro fez com que a artista adotasse o nome Márcia X. Pinheiro, encurtando depois para Márcia X.[3]
Carreira artística
[editar | editar código-fonte]Márcia X estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, no início dos anos 1980. Na mesma época, participou do 3º Salão Nacional de Artes Plásticas com a performance "Cozinhar-te" em colaboração com o grupo Cuidado Louças e recebe o Prêmio Viagem ao País.
A partir de 1985 começa a trabalhar em parceria com o poeta e artista Alex Hamburger, realizando intervenções e performances. Dentre eles destacam-se: Sex Manisse, Macambíada, Pathos, Paixões Paranormais e J.C.Contabilidade.
Em 1988 e 1990 realiza duas exposições individuais, Ícones do Gênero Humano, no Centro Cultural Cândido Mendes, Rio de Janeiro, e Coleção Gênios da Pintura na Galeria Casa Triângulo, São Paulo, respectivamente.
A partir dos anos 1990, produz séries que problematizam o erotismo, com objetos industrializados apropriando-se de seus aspectos simbólicos. Na série Fábrica Fallus, utiliza objetos encontrados em sex-shops, como pênis de borracha, associados ironicamente a objetos e materiais que remetem ao feminino, à infância e à religião. Em Os Kaminhas Sutrinhas, apresentados no Espaço Cultural Sérgio Porto, em 1995, duplas e trios de bonecos sem cabeça executam uma mímica sexual sobre camas de brinquedo decoradas com motivos infantis.[2][1]
Em 2001 e 2002, participou do Panorama da Arte Brasileira, que itinerou no MAM de São Paulo, Rio e Salvador, e da III Bienal do Mercosul.[4]
Após sua morte, em fevereiro de 2005, o Paço Imperial realizou uma exposição que reuniu objetos, instalações e vídeos produzidos ao longo da carreira da artista. Também em 2005, integrou diversas exposições coletivas em São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires. No final deste ano, participou da exposição "Erótica - Os sentidos da arte", promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil. Em abril de 2006, sua obra Desenhando com terços foi retirada da mostra do CCBB do Rio de Janeiro após o recebimento de várias reclamações por e-mail e telefone, além da apresentação em juízo de uma notícia-crime contra a organização da exposição. Dispondo quatro terços unidos em duplas formando dois pênis entrecruzados, a obra foi considerada ofensiva por misturar religião e erotismo por Carlos Dias, ex-deputado e empresário autor da denúncia.[5][6] O grupo Opus Christi pressionou o Banco para que mantivesse a obra excluída do próximo destino da exposição em Brasília. A partir do episódio, estabeleceu-se um debate público em que artistas defendiam o direito a liberdade de expressão, enquanto religiosos alegavam que a obra ofendia a religião católica. O próprio Ministro da Cultura, Gilberto Gil, condenou o ato de censura.[7] A direção do CCBB decidiu que a exposição não seguiria para Brasília por apresentar ameaças à marca e aos negócios.
Em 2013, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro realizou uma exposição retrospectiva da artista, que não tinha suas obras expostas desde sua morte em 2005.
Referências
- ↑ a b Cultural, Instituto Itaú. «Márcia X | Enciclopédia Itaú Cultural». Enciclopédia Itaú Cultural
- ↑ a b Tvardovskas, Luana Saturnino; Rago, Luzia Margareth (25 de junho de 2008). «Figurações feministas na arte contemporanea : Marcia X., Fernanda Magalhaes e Rosangela Renno». www.bibliotecadigital.unicamp.br (em brazil). Consultado em 17 de abril de 2017
- ↑ «Canal Contemporâneo | Blog do Canal | "X": Percursos de alguém além de equações por Ricardo Basbaum». www.canalcontemporaneo.art.br. Consultado em 10 de março de 2016
- ↑ Basbaum, Ricardo (2003). «"X": percursos de alguém além de equações.». Concinnitas (n. 4)
- ↑ «Quadro polêmico com imagem religiosa é retirado de exposição». O Globo. Consultado em 10 de março de 2016
- ↑ Oliveira, Paola Lins (10 de outubro de 2011). «"Desenhando com terços" no espaço público: relações entre religião e arte a partir de uma controvérsia». Ciencias Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião. 13 (14): 145–175. ISSN 1982-2650
- ↑ «Ministro Gilberto Gil se manifesta contra censura à obra de Márcia X.». O Globo. Consultado em 10 de março de 2016