Navio de perfuração

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Navio-Sonda[editar | editar código-fonte]

Navio-sonda (em inglês Drillship) é um navio mercante projetado para uso em perfuração exploratória offshore de novos poços de óleo e gás ou para fins de perfuração científica. Nos últimos anos, as embarcações têm sido utilizadas em águas profundas e ultraprofundas, equipadas com os mais recentes e avançados sistemas de posicionamento dinâmico.

História[editar | editar código-fonte]

O primeiro navio-sonda foi o CUSS I, projetado por Robert F. Bauer da Global Marine em 1955. O CUSS I perfurou em águas com 400 pés de profundidade em 1957.[1] Robert F. Bauer tornou-se o primeiro presidente da Global Marine em 1958.[1]

Em 1961, a Global Marine iniciou uma nova era de navios-sonda. Encomendaram diversos návios-sonda autopropulsionados, cada um com capacidade de alcançar poços em 20.000 pés de linha reta em águas profundas de 600 pés. O primeiro foi nomeado CUSS (Glomar) II, uma embarcação de 5.500 toneladas de porte bruto, custando cerca de 4,5 milhões de dólares. Construído pelo estaleiro da Costa do Golfo, a embarcação tinha quase o dobro do tamanho do CUSS I e tornou-se o primeiro navio-sonda do mundo construído com uma nova fabricação, zarpando em 1962.[1]

Em 1962, The Offshore Company foi nomeada para criar um modelo de navio-sonda maior do que o da classe Glomar. Esse novo navio-sonda apresentaria o primeiro arranjo de ancoragem baseado num sistema de torre única. A embarcação foi nomeada Discoverer I. O Discoverer I não possuía motores de propulsão principais[1], o que significa que precisava ser rebocado para o local de perfuração.

Aplicação[editar | editar código-fonte]

Um navio-sonda pode ser usado como uma plataforma para realizar manutenção de poços ou completar obras, tais como instalação de revestimento e tubulação, instalação de "arvore de natal molhada" e selagem de poços. Navios-sonda são frequentemente construídos de acordo com as especificações do projeto estabelecidas pela empresa de produção de petróleo e/ou investidores.[2]

Do primeiro navio-sonda CUSS I até o Deepwater Asgard, o tamanho da frota vem crescendo desde de então. Em 2013, a frota mundial de navios-sonda ultrapassou a marca de 80 navios, mais que o dobro de seu tamanho em 2009.[3] Os navios-sonda não estão crescendo só em tamanho mas também em capacidade, com novas tecnologias auxiliando operações desde pesquisas acadêmicas até embarcações de perfuração da classe quebra-gelo. A decisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no final de março de 2010, para expandir a perfuração exploratória nacional parecia propícia a aumentar o desenvolvimento da tecnologia de perfuração.[4]

Design[editar | editar código-fonte]

Navios-sonda são apenas uma forma de realizar vários tipos de perfuração. A função também pode ser realizada por barcaças ou plataformas Semissubmersíveis e autoeleváveis.[5]

Navios-sonda têm a habilidade funcional de plataformas de perfuração semissubmersíveis e também possui algumas características específicas que os separam de todos os outros, primeiramente sendo projetado em forma de navio.[6] Um navio-sonda possui maior mobilidade e pode mover-se rapidamente sob propulsão própria de um local de perfuração até outro, em contraste com as plataformas e barcaças semissubmersíveis e autoeleváveis. Navios-sonda têm a capacidade de poupar tempo navegando entre os campos petrolíferos de todo o mundo. Um navio-sonda leva 20 dias para viajar do Golfo do México até a costa angolana, enquanto uma unidade de perfuração semissubmersível deve ser rebocada e leva 70 dias.[7] Os custos de construção de navios-sonda são muito mais elevados que os de semissubmersíveis. Embora a mobilidade saia a um preço elevado, o armador de um navio-sonda pode cobrar taxas diárias mais elevadas, além de possuir o benefício de um baixo tempo de ociosidade entre operações.[7]

A tabela abaixo retrata a forma como a indústria classifica os locais de perfuração em diferentes safras, dependendo da sua idade e profundidade.[7]

Navio-sonda Data de inauguração Profundidade da água (pés)
CUSS I 1961 350
Discoverer 534 1975 7.000
Enterprise 1999 10.000
Inspiration 2009 12.000

As operações de perfuração são muito detalhadas e abrangentes. Uma maneira simples de entender o que um navio-sonda faz para perfurar, é que uma linha de exportação é baixada do navio-sonda até o leito do mar, com uma arvore de natal molhada (ANM) no fundo que se liga à cabeça do poço. A ANM é usada para separar rapidamente a linha de exportação da cabeça do poço em ocasiões de emergência ou de necessidade. Embaixo da torre de perfuração encontra-se uma moonpool, uma abertura através do casco coberta pelo chão da plataforma. Alguns navios-sonda modernos possuem torres de perfuração maiores que permitem operações de atividade dupla, por exemplo, perfuração e manutenção de revestimento simultaneamente.[8]

Tipos[editar | editar código-fonte]

Existem diferentes tipos de unidades de perfuração offshore, como a plataforma de petróleo, a autoelevatória, a de perfuração submersível, a semissubmersível e, é claro, navios-sonda.[9] Todos os navios-sonda têm o que é chamado de moon pool. A moon pool é uma abertura na base do casco e, dependendo da operação em que a embarcação está realizando, podem passar por ela equipamentos de perfuração, pequenas embarcações submersíveis e mergulhadores. Já que o navio-sonda é também um navio, pode facilmente deslocar-se para qualquer destino desejado. Devido a sua mobilidade, navios-sonda não são tão estáveis em comparação com as plataformas semissubmensíveis. Para manter a sua posição, navios-sondas podem utilizar ancoras ou usar o posicionamento dinâmico, um sistema controlado por computadores a bordo do navio.[10]

Chikyū[editar | editar código-fonte]

Um dos navios-sonda mais conhecidos do mundo é a embarcação de perfuração marítima do Japão Chikyū, que na verdade é uma embarcação de pesquisa. O Chikyū tem a habilidade surpreendente de perfurar a profundidade de 7 quilômetros (23.000 pés) abaixo do leito marinho, superando em duas a quatro vezes o de qualquer outro navio-sonda.[11]

Dhirubhai Deepwater KG1[editar | editar código-fonte]

Em 2011, o navio de perfuração da Transocean Dhirubhai Deepwater KG1 estabeleceu o recorde mundial de profundidade de água em 10.194 pés (3.107 metros) enquanto trabalhava para Reliance - LWD e perfuração direcional feita pela Sperry Drilling na India.[12]

Operadores de navio-sonda[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d Schempf, F. (2007). Pioneering Offshore: The Early Years. Tulsa, OK: PennWell Custom Pub. 
  2. INTERNATIONAL, PETROGAV. 273 technical questions and answers for job interview Offshore Oil & Gas Platforms (em inglês). [S.l.]: Petrogav International 
  3. «Drill Rigs Currently on Order». web.archive.org. 17 de setembro de 2009 
  4. Broder, John M.; Krauss, Clifford (1 de abril de 2010). «Risk Is Clear in Drilling; Payoff Isn't». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331 
  5. «Drillships, Instrumentation and Monitoring Systems, Monitor Systems». www.monitor-systems-engineering.com 
  6. Center, Petrogav International Oil & Gas Training (2 de julho de 2020). How to get a job on Offshore Drilling Rigs (em inglês). [S.l.]: Petrogav International 
  7. a b c Leffler, W.; Sterling, G.; Pattarozzi, R. (2011). Deepwater Petroleum Exploration & Production: A Nontechnical Guide. Tulsa, Okla: PennWell Corp. 
  8. «StackPath». www.offshore-mag.com 
  9. Speight, James G. (22 de outubro de 2014). Handbook of Offshore Oil and Gas Operations (em inglês). [S.l.]: Elsevier 
  10. «off shore drilling». web.archive.org. 19 de abril de 2014 
  11. «How It Works: The Deepest Drill». Popular Science (em inglês). 2 de abril de 2010 
  12. «Transocean Historical Timeline». web.archive.org. 19 de abril de 2014