Orquestra Afro-Brasileira

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A Orquestra Afro-Brasileira foi uma orquestra que existiu no Rio de Janeiro. Fundada em 1942, durou até 1970.

Foi formada por iniciativa do músico mineiro Abigail Moura.[1] Moura fez a junção da música clássica com o "toque dos orixás", incorporando instrumentos como o agogô, atabaque, adejá, urucungo, etc.[2]

Nas suas apresentações Moura, autor de todas as composições que permearam as apresentações do grupo que foram somente em torno de uma centena, realizava verdadeiro ritual religioso apresentando oferendas aos atabaques, banho de folhas e outros elementos da religiosidade de matriz africana. Com a morte de seu fundador, a Orquestra foi extinta.[3]

Em matéria de 1969 no jornal Correio da Manhã, Oziel Peçanha informa que a orquestra, fundada no Rio e considerada de utilidade pública estadual (Lei 1 656), realizava seus ensaios nos estúdios da emissora de rádio do Ministério da Educação e Cultura. Ele registrou: "Composta de vinte e cinco figuras, essa orquestra tem sido uma das páginas teóricas para a observância da doutrina que nos foi legada pelos nossos antepassados, consequentemente, uma das fontes para os estudiosos da sociologia, da antropologia, da etnografia e das liturgias afro, afro-brasileira e afro-ameríndia".[4]

Peçanha continua sua resenha: "A Orquestra Afro-Brasileira, “a única no gênero em todo o mundo” (nas expressões dos críticos Martin Casanovas - espanhol e Carlos Roman, mexicano) tem os seus cantos ritualistas apoiados na polirritmia formada pelos instrumentos primitivos (sic) (...) de procedência da África secular...", esclarecendo ainda que "nos concertos realizados pela orquestra, cada número a ser executado é precedido da leitura de textos explicativos". Ela "expressa a vida do negro no seu “aleiloamento nos mercados” de Água dos Meninos (na antiga São Salvador - Bahia) e do Valongo (Rio de Janeiro), incluindo-se, também, o de Recife (Pernambuco)".[4]

Foi influência para a criação de outras iniciativas semelhantes, como a Orquestra Afrosinfônica da Bahia,[1] ou a Orkestra Rumpilezz de 2006.[2]

Discografia[editar | editar código-fonte]

A orquestra produziu dois discos, hoje considerados raros:[2]

  • Obaluayê (1957) (relançado como CD, em 2003[3])
  • Orquestra Afro-Brasileira (1968)

Referências

  1. a b Lila Sousa (27 de novembro de 2022). «Orquestra Afrosinfônica da Bahia resiste para seguir atuando». A Tarede. Consultado em 3 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 28 de novembro de 2022 
  2. a b c Luiz Felipe Reis (3 de dezembro de 2012). «Bahia de todas as orquestras». O Globo. Consultado em 3 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 3 de dezembro de 2012 
  3. a b «Orquestra Afro-Brasileira». Dicionário Cravo Albin de MPB. Consultado em 3 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 3 de janeiro de 2024 
  4. a b Oziel Peçanha (16 de fevereiro de 1969). «Show da Cidade - Orquestra Afro-Brasileira». Biblioteca Nacional do Brasil. Correio da Manhã (23270): 9 (23). Consultado em 26 de março de 2024