Palästinalied

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Retrato de Walther von der Vogelweide no Codex Manesse (ms. C, fol. 124r)

Palästinalied ("Canção da Palestina") [1] é uma música de cruzada escrita no início do século XIII por Walther von der Vogelweide, o mais célebre poeta lírico da literatura alemã média-alta. É uma das poucas canções de Walther cuja melodia sobreviveu.[2]

A melodia já foi dita como um contrafactum da canção "Lanquan li jorn" de Jaufre Rudel do século XII.[3]

Palästinalied foi escrito na época da Quinta Cruzada (1217–1221).[4] A fonte mais antiga da melodia é o chamado fragmento de Münster (ms. Z, século XIV).[5]

O tema da canção é o evangelho contado a partir da perspectiva de um peregrino que pisa na Terra Santa . A conclusão da canção refere-se às próprias cruzadas, afirmando que, tendo em vista a reivindicação de cristãos, judeus e "pagãos" (muçulmanos) à Terra Santa, a reivindicação cristã é a correta.

Texto e tradução[editar | editar código-fonte]

(1)

Nû alrêst lebe ich mir werde,

sît mîn sündic ouge siht

daz here lant und ouch die erde,

der man sô vil êren giht.

ez ist geschehen, des ich ie bat,

ich bin komen an die stat,

dâ got menischlîchen trat.


(2)

Schoeniu lant, rîch unde hêre,

swaz ich der noch hân gesehen,

sô bist dûz ir aller êre.

waz ist wunders hie geschehen!

daz ein magt ein kint gebar,

hêre über aller engel schar,

was daz niht ein wunder gar?


(3)

Hie liez er sich reine toufen,

daz der mensche reine sî.

dô liez er sich hie verkoufen,

daz wir eigen wurden frî.

anders waeren wir verlorn.

wol dir, sper, kriuz unde dorn!

wê dir, heiden! daz ist dir zorn!


(4)

Dô er sich wolte übr uns erbarmen,

hie leit er den grimmen tôt,

er vil rîche übr uns vil armen,

daz wir komen ûz der nôt.

daz in dô des niht verdrôz,

dâst ein wunder alze grôz,

aller wunder übergnoz


(5)

Hinnen vuor der sun ze helle,

von dem grabe da'r inne lac.

des was ie der vater geselle

und der geist, den nieman mac

sunder scheiden, êst al ein,

sleht und ebener danne ein zein,

als er Abrahâme erschein.


(6)

Do er den tiefel dô geschande

daz nie keiser baz gestreit,

dô vuor er her wider ze lande.

dô huob sich der juden leit:

daz er, hêrre, ir huote brach

und daz man in sît lebendig sach,

den ir hant sluog unde stach.


(7)

Dar nâch was er in dem lande

vierzic tage: dô vuor er dar,

dannen in sîn vater sande.

sînen geist, der uns bewar,

den sant er hin wider ze hant.

heilig ist daz selbe lant:

sîn name, der ist vor got erkant


(8)

In diz lant hât er gesprochen

einen angeslîchen tac,

dâ diu witwe wirt gerochen

und der weise klagen mac

und der arme den gewalt,

der dâ wirt mit ime gestalt.

wol im dort, der hie vergalt!


(9)

Unser lantraehtere tihten

fristet dâ niemannes klage,

wan er wil zestunden rihten.

sô ez ist an dem lesten tage:

und swer deheine schult hie lât

unverebent, wie der stât

dort, dâ er pfant noch bürgen hât!


(10)

Ir enlât iuch niht verdriezen,

dâz ich noch gesprochen hân.

sô wil ich die rede entsliezen

kurzwîlen und iuch wizzen lân,

swaz got wunders noch ie

mit dem menschen erwege

daz huob sich und endet hie.


(11)

Kristen, juden und die heiden

jehent, daz diz ir erbe sî.

got müez ez ze rehte scheiden

durch die sîne namen drî.

al diu welt, diu strîtet her:

wir sîn an der rehten ger.

reht ist, daz er uns gewer.


(12)

Mê dann hundert tûsent wunder

hie in disem lande sint,

dâ von ich niht mê besunder

kan gesagen als ein kint,

wan ein teil von unser ê.

swem des niht genuoge, der gê

zúo den juden, die sagent im mê.


(13)

Vrowe min, durch iuwer güete

nu vernemet mine clage,

daz ir durch iuwer hochgemüete

nicht erzuernet, waz ich sage.

Vil lihte daz ein tumber man

misseredet, als er wol kann.

daran solt ir iuch nicht keren an.


Tradução[6]:


(1)

Apenas agora vivo dignamente,

Desde que meus olhos pecadores viram

O lugar puro e também a terra,

Da qual muitas honras são dadas.

Aconteceu comigo, o que eu sempre pedi,

Eu cheguei ao local,

Onde Deus encarnou como homem.


(2)

Terras ricas, lindas e gloriosas

Das quais já vi até este dia,

És a coroa de todas elas.

Mas que milagre aconteceu aqui!

Onde uma criada deu a luz a uma criança,

Exaltada acima de todos os anjos,

Não é este um milagre perfeito?


(3)

Aqui o puro foi batizado,

Para que o homem pudesse ser puro,

E ele então se deixou ser vendido

Para que nós ficássemos livres,

De outra forma estaríamos perdidos.

Abençoados sejam, lança, espinho e cruz!

Ai de vós, pagãos! São um incômodo para vocês!


(4)

Como ele teve pena de nós,

Aqui ele sofreu uma morte terrível,

Ele, o mais rico, por nós, pobres,

Para que pudéssemos escapar do sofrimento.

E Ele não se irritou com isso,

Este é um milagre muito grande,

Além de todos os outros milagres.


(5)

Aqui o filho desceu ao inferno

Da tumba que ele estava,

Sempre houve a assistência do Pai,

E do Espírito que ninguém pode

Separar, deve ser apenas um,

Claro e mais que uma ilusão,

Assim como Ele apareceu para Abrãao.


(6)

Após Ele humilhar o demônio,

O que nenhum Imperador faria melhor,

Ele voltou para esta terra novamente

E isso começou o sofrimento dos judeus,

Pois Ele, o Senhor, se livrou da custódia

E que logo depois foi visto vivo,

Eles quem em vossa mão bateram e perfuraram.


(7)

Depois disso, Ele permaneceu na terra

por quarenta dias, e então partiu daqui

Para onde seu Pai o enviou.

Seu Espírito, que pode nos salvar,

Ele enviou de volta imediatamente.

Santa é esta mesma terra:

Seu nome é reconhecido diante de Deus.


(8)

Nesta terra Ele disse

Sobre um terrível dia de julgamento,

Onde a viúva será vingada

O órfão poderá lamentar,

E o pobre será protegido da violência

Que foi feita a ele,

Salve a Ele lá, que recompensou a aqui!


(9)

Como nossos juízes locais costumam fazer,

A reclamação de ninguém demorará,

Pois ele vai julgar em uma hora,

Assim será no último dia.

Quem quer que deixe qualquer dívida

Não paga, como ele vai ficar lá,

onde não haverá penhor nem fiador.


(10)

Não se fique irritado

Por eu ter falado muito,

Vou explicar minhas palavras brevemente,

E deixar você saber dos milagres

Que Deus ainda têm em mente

Para a humanidade;

Começou aqui, vai terminar aqui.


(11)

Cristãos, judeus e pagãos

Clamam que esta terra é deles,

Deus deve justamente decidir

Pelo seus três nomes.

Todo o mundo está guerreando aqui,

Mas nós temos a reivindicação legítima,

Justo é! Ele que nos reconhece.


(12)

Mais de cem mil milagres

Estão aqui nesta terra,

Sobre as quais eu não posso

Dizer mais que uma criança poderia,

É parte de nossa Fé,

Se isso não é suficiente para alguém, deixe-o ir

Aos judeus, que dirão mais coisas.


(13)

Minha Senhora, por sua bondade,

Agora ouça minha reclamação,

Que por sua altivez

O que eu digo não possa irritá-la.

Facilmente um homem tolo falará coisa errada,

Como ele pode bem fazer,

Não deixe que isso a incomode.

Melodia[editar | editar código-fonte]

A fonte mais antiga da melodia é o fragmento de Münster escrito cerca de um século após a morte de Walther.[5] Carmina Burana (1230) contém a primeira estrofe de Palästinalied com neumas, porém insuficientes para reconstruir uma melodia.

Transcription of the melody in the Münster fragment (Jostes 1912).

Recepção moderna[editar | editar código-fonte]

Com o aumento da popularidade do rock medieval, Neofolk e estilos musicais similares no final dos anos 1980 e 1990, Palästinalied tornou-se uma música importante para esses estilos e agora é mais conhecida pelo público moderno devido às versões de bandas principalmente alemãs, incluindo (entre outros):

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Both titles are modern conventions. Palästinalied was introduced in the debate on the interpretation of the melody discovered in 1912. R. Wustmann, "Walthers Palästinalied", Sammelbände der internationalen musikgesellschaft 13, 247–250.
  2. Encyclopedia of German Literature first ed. London, England: Fitzroy Dearborn Publishers. 2000. p. 977. ISBN 978-1-57958-138-1. Consultado em 24 de julho de 2017 
  3. Husmann, Heinrich (1953). «Das Prinzip der Silbenzählung im Lied des zentralen Mittelalters». Die Musikforschung. 6: 17–18 
  4. Walther's presence in Vienna is recorded for 1217, and again for 1219, after the return of Duke Leopold VI from the crusade. It is not known whether Walther himself participated in Leopold's crusade.
  5. a b Münster, Landesarchiv Nordrhein-Westfalen / Staatsarchiv, Msc. VII, 51, dated to c. 1330 (related to Jenaer Liederhandschrift). Discovered in 1910 as binding of an economic ledger of 1522. thulb.uni-jena.de, mr1314.de. Raphael Molitor, "Die Lieder des Münsterischen Fragmentes", Sammelbände der Internationalen Musikgesellschaft 12.3 (April/June 1911), 475–500. Franz Jostes, "Bruchstück einer Münsterschen Minnesängerhandschrift mit Noten", ZfdA 53 (1912), 348–357.
  6. «Cantos Cruzados». Consultado em 2 de novembro de 2023