Paratransgênese

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A paratransgênese é uma técnica que voltada para a eliminação de um patógeno de populações de vetores através da produção de simbiontes do mesmo transgênicos. O objetivo desta técnica é o controle doenças cuja transmissão se dá por vetores, como malária e doença de Chagas.

O primeiro passo é identificar proteínas que impedem a transmissão do patógeno pelo vetor, seja diretamente destruindo o patógeno ou impedindo sua replicação. Os genes que codificam para tais proteínas são, então, introduzidas no simbionte por engenharia genética, de forma que elas sejam produzidas diretamente no vetor (no sistema digestório de Anopheles, por exemplo).  O passo final dessa estratégia  de controle é a introdução dos simbiontes transgênicos em populações naturais, controlando a doença nos locais em risco.  

O primeiro exemplo de aplicação desta técnica focou no vetor Rhodnius prolixus, que está associado ao simbionte Rhodococcus rhodnii. R. prolixus é um importante vetor artrópode da doença de Chagas, causada pelo Trypanosoma cruzi. A estratégia utilizou R. rhodnii para expressar proteínas, tais como Cecropina A, que  previnem a transmissão sendo tóxicas para T. cruzi ou capazes de bloquear a transmissão do T. cruzi.[1]

Já foram feitas também tentativas em moscas tsé-tsé usando bactérias[2][3] e em mosquitos vetores de malária usando fungos,[4] vírus,[5] ou bactérias.[6]

Para a estratégia de paratransgênese ser bem sucedida, algumas caracaterísticas são cruciaisː 

  • Os organismos simbióticos devem ser passíveis de crescimento fácil in vitro .
  • Deve ser possível modificá-los geneticamente, por exemplo através da inserção de plasmídeos contendo o gene desejado.
  • O simbionte engenheirado deve ser estável geneticamente e seguro para a população.
  • A associação entre o vetor e o simbionte não deve ser prejudicada pela modificação genética.
  • Deve ser possível entregar os simbiontes às populações naturais de vetores com facilidade.

Referências

  1. Durvasula, R.V., Gumbs, A., Panackal, A., Kruglov, O., Aksoy, S., Merrifield, R.B., Richards, F.F., and Beard, C.B. (1997).
  2. Aksoy, S; Weiss, B; Attardo, G (2008). «Paratransgenesis applied for control of tsetse transmitted sleeping sickness.». Advances in experimental medicine and biology. 627: 35–48. PMID 18510012. doi:10.1007/978-0-387-78225-6_3 
  3. De Vooght L, Caljon G, Stijlemans B, De Baetselier P, Coosemans M, Van den Abbeele J (15 de fevereiro de 2012). «Expression and extracellular release of a functional anti-trypanosome Nanobody® in Sodalis glossinidius, a bacterial symbiont of the tsetse fly.». Microbial cell factories. 11. 23 páginas. PMID 22335892. doi:10.1186/1475-2859-11-23 
  4. Fang, W; Vega-Rodríguez, J; Ghosh, AK; Jacobs-Lorena, M; Kang, A; St Leger, RJ (25 de fevereiro de 2011). «Development of transgenic fungi that kill human malaria parasites in mosquitoes.». Science. 331 (6020): 1074–7. PMID 21350178. doi:10.1126/science.1199115 
  5. Ren, X; Hoiczyk, E; Rasgon, JL (22 de agosto de 2008). «Viral paratransgenesis in the malaria vector Anopheles gambiae.». PLOS Pathogens. 4 (8): e1000135. PMID 18725926. doi:10.1371/journal.ppat.1000135 
  6. Rodrigues FG, Santos MN, de Carvalho TX, Rocha BC, Riehle MA, Pimenta PF, Abraham EG, Jacobs-Lorena M, Alves de Brito CF, Moreira LA (abril de 2008). «Expression of a mutated phospholipase A2 in transgenic Aedes fluviatilis mosquitoes impacts Plasmodium gallinaceum development.». Insect molecular biology. 17 (2): 175–83. PMID 18353106. doi:10.1111/j.1365-2583.2008.00791.x