Predefinição Discussão:Libertarismo

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Último comentário: 28 de junho de 2022 de Bafuncius no tópico Inconsistência

Inconsistência[editar código-fonte]

A predefinição é extremamente inconsistente na sua tentativa de juntar o libertarismo norte-americano com a tradição socialista libertária, a parte de origens, onde é listado o aristotelismo, iluminismo e liberalismo clássico não tem qualquer relação significativa com a tradição socialista libertária. A justaposição dos conceitos de 'autogestão' e 'economia participativa' com os outros conceitos do ultra-liberalismo falsifica-os todos. Por fim, até mesmo o design da predefinição não expressa nenhum terreno comum, preferindo o dourado das moedas, sem nenhuma ligação com a simbologia libertária.

Deixo a recomendação de eliminar a predefinição. JoaquimCebuano (discussão) 17h17min de 27 de junho de 2022 (UTC)Responder

Boa tarde, JoaquimCebuano! Suas sugestões foram boas, de fato não estava neutra e consistente a organização da predefinição. Ela possui razão de existir, no entanto, pois a divisão do espectro do libertarismo é consensual e corrente na filosofia e ciência política. Cito aqui conforme as definições da página da Wikipedia-en ([1]), por exemplo:
"Como termo, libertarianismo de esquerda tem sido usado para se referir a uma variedade de diferentes filosofias político-econômicas que enfatizam a liberdade individual. Com o desenvolvimento moderno da cooptação libertária de direita o termo libertário em meados do século XX para defender o capitalismo laissez-faire e fortes direitos de propriedade privada, como terra, infraestrutura e recursos naturais, o libertarianismo de esquerda tem sido usado com mais frequência para diferenciar as duas formas, especialmente em relação aos direitos de propriedade."
"Enquanto o libertarianismo de direita se refere ao capitalismo laissez-faire (por exemplo, ao anarcocapitalismo de Murray Rothbard e ao minarquismo de Robert Nozick), o libertarianismo socialista "vê qualquer concentração de poder nas mãos de um poucos (seja politicamente ou economicamente) como antitéticos à liberdade e, portanto, defendem a abolição simultânea do governo e do capitalismo." De acordo com Jennifer Carlson, o libertarianismo de direita é a forma dominante de libertarianismo nos Estados Unidos, enquanto o libertarianismo de esquerda "tornou-se um aspecto mais predominante da política nas democracias da Europa Ocidental nas últimas três décadas." O libertarianismo socialista foi incluído dentro de um liberalismo de esquerda amplo em seu significado original. O libertarianismo de esquerda também inclui "o descentralista que deseja limitar e devolver o poder do Estado, ao sindicalista que deseja aboli-lo por completo. Pode incluir até os fabianos e os social-democratas que desejam socializar a economia, mas que ainda vêem um papel limitado para o Estado."
"De acordo com a definição do livro The Routledge Companion to Social and Political Philosophy, o libertarianismo de esquerda tem pelo menos três significados, escrevendo:
Em seu sentido mais antigo, é sinônimo tanto de anarquismo em geral quanto de anarquismo social em particular. Mais tarde, tornou-se um termo para a ala esquerda ou konkinita do movimento libertário de livre mercado, e desde então passou a cobrir uma série de posições pró-mercado, mas anticapitalistas, principalmente anarquistas individualistas, incluindo agorismo e mutualismo, muitas vezes com uma implicação de simpatias (como pelo feminismo radical ou pelo movimento trabalhista) geralmente não compartilhadas pelos anarcocapitalistas. Num terceiro sentido, passou recentemente a ser aplicado a uma posição que combina a autopropriedade individual com uma abordagem igualitária dos recursos naturais; a maioria dos proponentes desta posição não são anarquistas.
A Stanford Encyclopedia of Philosophy distingue o libertarianismo de esquerda do libertarianismo de direita, argumentando:
O libertarianismo é muitas vezes visto como uma doutrina de 'direita'. Isso, no entanto, é equivocado por pelo menos duas razões. Primeiro, em questões sociais – ao invés de econômicas –, o libertarianismo tende a ser de 'esquerda'. Opõe-se a leis que restringem relações sexuais consensuais e privadas entre adultos (por exemplo, sexo gay, sexo não conjugal e sexo desviante), leis que restringem o uso de drogas, leis que impõem visões ou práticas religiosas a indivíduos e serviço militar obrigatório. Em segundo lugar, além da versão mais conhecida do libertarianismo – o libertarianismo de direita – há também uma versão conhecida como “libertarianismo de esquerda”. Ambos endossam a autopropriedade plena, mas diferem quanto aos poderes que os agentes têm para apropriar-se dos recursos naturais não apropriados (terra, ar, água, etc.)."
Assim, fiz os reajustes necessários com enfoque no tema, dividindo em "Libertarianismo de direita" e "Libertarianismo de esquerda", pois os socialismos libertários estão dentro dessa última categoria, mas o libertarianismo de esquerda não se resume a eles (inclui outras variantes que não se consideram necessariamente socialistas, como georgismo e liberalismo clássico e radical). Retirei a cor amarela, que dava a conotação do libertarismo de direita. Adicionei anarquismo e radicalismo dentre as origens e influências - o iluminismo e liberalismo clássico também influenciaram socialismos libertários, então continuam incluídos. Qualquer problema me chame para discutirmos, tudo de bom! Bafuncius (discussão) 18h01min de 27 de junho de 2022 (UTC)Responder
Eu discordo que exista qualquer consenso a validade e relevância desse termo, a forma como ele circula no debate acadêmico é tão inconsistente e historicamente falsificante quanto as suas manifestações no wikipedia. É um termo usado com extrema imprecisão conceitual, não faz sentido tomar uma mudança discursiva, que resulta de uma cooptação e deformação do termo por parte de pessoas que admitem ter quase nada a ver com o fundamento histórico e social do mesmo, e usá-lo retrospectivamente para definir uma tradição de movimentos e pessoas que não se denominavam assim, movimentos esses cujas ramificações contemporâneas negam explicitamente a associação ao libertarianismo norte-americano.
Essa falsa justaposição se baseia em publicações acadêmicas marginais e pouco relevantes, isso quando há alguma referência do tipo, porque com muito mais frequência é promovida através de blogs e textos em sites descreditados como o 'instituto mises'...
O melhor que a wikipedia pode fazer é desfazer as associações desse termo com o socialismo libertário e dar a correta ênfase à constituição filosófica e histórica única daquilo que se denomina 'libertarismo de esquerda', e, acima de tudo, a validade localizada dessa ideia, que tem vigência apenas no contexto anglofono, principalmente os Estados Unidos, mas foi precipitadamente exportada para o mundo pelos agentes da política do decalque.
Veja que não pretendo rejeitar sua intervenção, ela foi válida, como também é sua colocação da razão de ser do verbete na wikipedia, mas deixo claro meus poréms com a equivocada demarcação que persiste. JoaquimCebuano (discussão) 18h16min de 27 de junho de 2022 (UTC)Responder
Bom, aí é uma questão a ser debatida e ampliada no ambiente acadêmico, JoaquimCebuano, e que se houver fontes fiáveis e notórias pode ser trazida à Wikipédia nas seções de desenvolvimento histórico dos termos em cada artigo, críticas, contrapontos etc. Mas a divisão de "libertarismo de esquerda" e de "direita" existe, e com notoriedade no uso atual, quer seus sentidos tenham sido reformulados ou não, seja essa divisão atual criticada ou não, aplicável ou não a todos os países. Há algum grau de consenso no uso dos termos, mas como em todas as áreas de ciência é difícil encontrar consenso total em definições. Além do The Routledge Companion to Social and Political Philosophy e Stanford Encyclopedia of Philosophy acima citados, por exemplo encontra-se uso em Manual de Filosofia Política ([2]) e The Oxford Handbook of Political Philosophy ([3]), além de diversas outras referências notórias. Tudo de bom! Bafuncius (discussão) 18h36min de 27 de junho de 2022 (UTC)Responder
Nada disso vai contra o que falei. Libertarismo de esquerda e direita existem, tem algo em comum e algo que os distingue respectivamente. O que não existe, por outro lado, é alguma vinculação histórica e filosoficamente substancial entre 'libertarismo' e 'socialismo libertário'. As referências que você mesmo me passa confirmam isso. Com o verbete da Stanford Encyclopedia aberto e um simples CTRL+F eu posso pesquisar por alguma menção aos libertários citados na predefinição - bakunin? nenhuma; kropotkin? nenhuma; proudhon? nenhuma; emma goldman? também não; coletivismo? não; economia participativa? nada; sindicalismo ou unionismo? nenhuma menção; bookchin? também não; déjacque? não; nem mesmo spooner, nem benjamin tucker, nem comunismo, nem socialismo, nem thoreau... Em suma, estamos deixando a enciclopédia cair numa superficialidade.
A mesma coisa se repete no Manual de Filosofia Política que você cita - o capítulo não poderia deixar mais claro: "O libertarismo é uma ramificação do liberalismo...", e lá se vão, até onde posso ver, páginas e páginas sem nenhuma menção aos libertários injustamente colocados nessa predefinição. Os únicos mencionados sob o 'libertarismo de esquerda' são, de maneira muito correta, David Ellerman, Michael Otsuka, Hillel Steiner, Peter Vallentyne and Philippe Van Parijs, que o verbete em inglês tem o valor de colocar como os fundadores da corrente em questão.
Em todas as leituras que faço se repete o mesmo, as fundações do libertarismo, e sua versão esquerdista, está no liberalismo, no ultra-liberalismo, na teoria do ''fairness'', na 'justiça distributiva', na filosofia anglofóna e por aí vai. Não existe nenhum vinculo subtancial com a história e filosofia do socialismo libertário, portanto, mais uma vez, o melhor à ser feito é desagregar definitivamente esses dois aglomerados de ideias e práticas. JoaquimCebuano (discussão) 23h30min de 27 de junho de 2022 (UTC)Responder
Entendi melhor agora, JoaquimCebuano! Gostei das suas expansões nos artigos pra distinguir bem isso do socialismo libertário, eu não conhecia esse contexto histórico e conflito com os termos. Que bom que você percebeu e agora está deixando mais diferenciadas essas posições; boas edições! Tudo de bom! Bafuncius (discussão) 00h06min de 28 de junho de 2022 (UTC)Responder

JoaquimCebuano, já que o termo "libertarismo" surgiu em meio ao socialismo libertário, que tal criar uma terceira barra para "Socialismo libertário", além dos dois libertarianismos? Que aí fica de acordo com essa fonte: Carlson, Jennifer D. (2012). "Libertarianism". In Miller, Wilburn R., ed. The Social History of Crime and Punishment in America. London: Sage Publications. p. 1006. ISBN 1412988764. "There exist three major camps in libertarian thought: right-libertarianism, socialist libertarianism, and left-libertarianism; the extent to which these represent distinct ideologies as opposed to variations on a theme is contested by scholars. [...] [S]ocialist libertarians view any concentration of power into the hands of a few (whether politically or economically) as antithetical to freedom and thus advocate for the simultaneous abolition of both government and capitalism". E também do Routledege Handbook, que reconhece o uso pioneiro do termo no socialismo: "In the meantime, anarchist theories of a more communist or collectivist character had been developing as well. One important pioneer is French anarcho-communists Joseph Déjacque (1821–1864), who [...] appears to have been the first thinker to adopt the term 'libertarian' for this position; hence 'libertarianism' initially denoted a communist rather than a free-market ideology." Elas se encontram na explicação do artigo Libertarian socialism ([4]). Bafuncius (discussão) 01h22min de 28 de junho de 2022 (UTC)Responder

O problema é que o libertarismo não surgiu em meio ao socialismo libertário, o que eu insisto, e estou levantando fontes para isso (infelizmente o maior problema tem sido o acesso à artigos restritos), é que essas justaposição são criações ad hoc de acadêmicos de um contexto muito específico, anglofóno, que buscam acomodar termos genericos às custas da constituição histórica e filosófica das coisas que mobilizam. O artigo que usei para a crítica ao 'anarquismo filosófico' toca exatamente nesse ponto, um uso sistemático de terminologias genéricas e não justificadas que mais complica a realidade, criando uma 'anarquismo' abstrato por cima do movimento anarquista histórico, tratado como um mudo, um coletivo pré-teórico e inexpressivo, um procedimento típico do silenciamento dos subalternos. O que existe no wikipedia, infelizmente, é uma política do decalque no sentido de mudar conceitos que possuem uma raiz histórica no nosso país, anarquismo no brasil, em favor de conceitos inventados ontem, por sujeitos estranhos, frequentemente mal intencionados (instituto mises brasil, Sphere of Influence: How American Libertarians Are Remaking Latin American Politics), e que não tem raiz nenhuma no nosso povo.
O ponto é que o neologismo criado por Déjacque foi cooptado com tanta displicência quanto o 'anarquismo' tornado capitalista, um não é mais adequado que o outro. O que vejo como caminho é melhor a clareza dos artigos sobre a específicidade dessas correntes, mas do que buscar acomodá-las. JoaquimCebuano (discussão) 01h56min de 28 de junho de 2022 (UTC)Responder
Hum, beleza então, valeu pela explicação! Bafuncius (discussão) 10h30min de 28 de junho de 2022 (UTC)Responder