Rinóforo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O par de rinóforos de um Chromodoris coi

Nos moluscos gastrópodes opistobrânquios, os rinóforos[1] são cada um dos dois quimiorreceptores que lhes encimam a cabeça, sendo, por vezes, considerados tentáculos cefálicos, por causa do formato.[2]

Consoante a espécie, os rinóforos podem afigurar-se de diferentes feitios, podendo apresentar-se com formatos ondulados, simples ou ramificados, bem como, ainda, sob as formas de maça, varinha ou de folha.[2]

Os rinóforos são também típicos dos aplisídeos e dos nudibrânquios.[3]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O substantivo «rinóforo» refere-se à função olfactiva deste órgão.[1]

O vocábulo é formado pelos elementos morfológicos rino- e -foro.[1][4]

O primeiro deriva de genitivo do étimo grego antigo ῥίς, ῥινός rhís, rhinós, "nariz",[5] e o segundo do sufixo do latim científico -phorus, tirado do grego antigo -φορος, -phoros "suporte", "que leva", derivado do verbo φέρειν phérein "levar em cima", "transportar".[6]  

Função[editar | editar código-fonte]

Os rinóforos são receptores de cheiros ou sabores, conhecidos como órgãos quimiossensoriais, situados na superfície dorsal da cabeça. Servem principalmente para quimiorrecepção e reorrecepção (percepção de fluxo de fluidos) a distancia.[7]

Os odores detectados pelos rinóforos são substancias químicas dissolvidas na água do mar. A estrutura fina e os pêlos do rinóforo oferecem uma maior área de superfície, por molde a maximizar a detecção química.[8] São estas valências do rinóforos que ajudam as espécies de nudibrânquios a detectar e captar as suas presas, bem como a descobrir parceiros sexuais.[3] Na espécie Aplysia californica, os rinóforos são capazes de detectar feromonas.​[7]

Protecção dos rinóforos[editar | editar código-fonte]

Para proteger os rinóforos mais salientes contra as mordidelas dos predadores, a maioria das espécies de nudibrânquios, quando ameaçados, pode retrair os rinóforos sob a pele.[8]

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Nos adultos, reprodutivamente maduros, do género Aplysia, o rinóforo mede aproximadamente 1 centímetro de comprimento.​[7] A organização neuroanatómica inclui um sulco no rinóforo, onde a maioria das células sensoriais parecem estar concentradas.[7] O seu epitélio sensorial contém neurónios sensoriais que projectam o axónio de volta aos gânglios e às dendrites do rinóforo e que terminam num cílio exposto à superfície ou numa pequena protuberância.[7]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Uma micrografia de microscopia electrónica, que mostra a ponta do rinóforo de uma Aplysia californica A barra de escala é 300 μm. rg - suco do rinóforo ponta - ponta do rinóforo
Uma imagem SEM de potência média, que mostra o epitélio portador de cílios dentro do sulco do rinóforo A barra de escala mede 100 μm
Uma imagem SEM de alta potência que mostra cílios que se estendem desde um poro comum. Também são evidentes os poros que carecem de cílios agrupados. A barra de escala mede 10 μm. ci - numerosos cílios longos
Rinóforo de uma Aplysia californica

Referências

  1. a b c Infopédia. «rinóforo | Definição ou significado de rinóforo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 20 de janeiro de 2022 
  2. a b Garrido, C. (1997): Dicionário terminológico quadrilíngue de zoologia dos invertebrados. Alemám, Inglês, Espanhol, Galego-Português. A Corunha: Associaçom Galega da Língua. ISBN 84-8730-512-1.
  3. a b «Nudibrânquios: Incríveis lesmas marinhas são animais mais coloridos do mar». educacao.uol.com.br. Consultado em 14 de fevereiro de 2022 
  4. rhinophore no Merriam-Webster Dictionary.
  5. «ῥινός - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2022 
  6. «φέρειν - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2022 
  7. a b c d e Scott F. Cummins, Dirk Erpenbeck, Zhihua Zou, Charles Claudianos, Leonid L. Moroz, Gregg T. Nagle & Bernard M. Degnan. (2009): "Candidate chemoreceptor subfamilies differentially expressed in the chemosensory organs of the mollusc Aplysia". BMC Biology 2009, 7:28. (Texto completo).
  8. a b Rhinophore in nudibranchs​

Bibliografia[editar | editar código-fonte]