Em análise matemática, uma série dupla é uma série cujo índice pertence a , isto é, dois números naturais.
Denotamos a soma parcial por definida como
Quando existe um número S tal que para todo , existe tal que se , dizemos que é a série dupla de .
Também é possível expressar essa ideia pelo limite duplo . Devemos, contudo, atentar para o fato de que não é imediato o fato de que , já que esse limite duplo pode não existir.
A série dupla é então denotad como
Aliás, como , segue que, se converge, é possível encontrar tal que se , o que não implica se e tendem a separadamente. Para mais informações, veja os exemplos que serão apresentados na próxima seção.
A condição geral da convergência de uma Série Dupla é, tomando a sequência de somas parciais, o critério de Cauchy para sequências duplas, ou seja, uma série dupla converge se e somente se , quando e .
DEMONSTRAÇÃO
|
Imediata.
Seja o valor de quando , de modo que o
retângulo usado para a soma se torne um quadrado. Podemos tomar a subsequência e, segundo o critério de Cauchy para sequências simples,
temos quando
.
Como se aproxima de um limite , podemos encontrar
tal que se .
A condição geral nos leva, então, a , se .
Sendo, ainda , segue se . Ou
seja, a série dupla converge.
|
EXEMPLOS
Convergência:
Divergência:
Oscilação:
As somas de uma série dupla podem ser definidas pela soma dos elementos dentro de retângulos , conforme mencionado anteriormente, mas também pode ser definida por Séries Iteradas correspondentes ao somatório das somas das linhas e das colunas, como segue.
Soma por linhas: Tome primeiro a soma dos elementos das linhas de uma série, denotada por e, então, proceda com o somatório das somas das linhas, ou seja .
Ou seja, a Soma por linhas é dada por
De modo análogo,
Soma por colunas: dada por
Se lidamos com um número finito de termos, é evidente que
O mesmo não é necessariamente verdade se lidamos com um número infinito de termos, ou seja, não é necessariamente verdade que
e isso se dá pelo fato de que os limites iterados não necessariamente são iguais, o que implica, no caso das séries, a oscilação da soma por linhas ou colunas.
EXEMPLO
Seja
Oras, existe e é dado por .
Mas e .
Um teorema que dá conta dos casos em que é possível proceder com a troca dos operadores de limites no infinito em Séries Duplas é o teorema de Pringsheim[1], que dita que:
Se as somas linha e coluna de uma série convergem e a série dupla também converge, então a expressão é válida.
DEMONSTRAÇÃO
|
Temos que se ,
de modo que . Oras, por hipótese o limite
simples existe. Segue, então, que .
A outra metade é análoga.
|
(1) Quando a série dupla não converge, então não é necessariamente válido.
EXEMPLO
Seja , temos e . Do teorema de Pringsheim, a série obviamente não converge.
(2) A verdade de também não implica, por si só, na convergência da série dupla.
EXEMPLO
Seja [2]
Temos , mas a série dupla não converge. Para
verificar isso, basta ver que se tomarmos e tendendo de formas
diferentes ao infinito, a soma leva a números diferentes. Por exemplo,
tome , e se , .
- ↑ Bromwich, Thomas John I'Anson (1991) [1908]. «Cap. V - Double Series». An Introduction to the Theory of Infinite Series 3ª ed. [S.l.]: AMS Chelsea Publishing. p. 78-82
- ↑ Zoran Kadelburg; Milosav M. Marjanovi´ (2005). «Interchanging Two Limits» (PDF). THE TEACHING OF MATHEMATICS. VIII: 15-29. Consultado em 14 de dezembro de 2014