Surto de hepatite aguda grave em crianças em 2022

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Países com casos registrados até o início de maio de 2022

Surto de hepatite aguda grave em crianças em 2022 é um surto raro de hepatite aguda grave em crianças e adolescentes cujos primeiros casos foram reportados no Reino Unido entre março e abril de 2022.[1][2]

Em setembro de 2022, a OMS reportou que mais de de mil casos haviam sido registrados em 35 países; que cerca de 33% havia precisado de tratamento em UII; que cerca de 5% precisaram de um transplante de fígado; que 18 haviam morrido. [3]

A causa exata do surto continua sem comprovação, mas vírus comuns foram excluídos. [3]

Contexto[editar | editar código-fonte]

O Reino Unido reportou um aumento repentino de casos de hepatite grave aguda entre crianças previamente saudáveis ​​com menos de 10 anos à Organização Mundial da Saúde (OMS) no início de abril de 2022, com os testes excluindo os tipos de hepatite viral A, B, C, D e E e por outras causas conhecidas.[1][4]

Antes, em outubro de 2021, cinco pacientes pediátricos com hepatite de causa desconhecida também já haviam sido identificados no Alabama, reportou também o CDC dos Estados Unidos.[5]

No dia 15 de abril, a OMS emitiu um alerta a todos os países para que ficassem atentos para a detecção de novos casos e até o dia 29 de abril, mais de 200 haviam sido reportados no mundo, incluindo, além dos países acima, Espanha, Israel, Dinamarca, Irlanda, Holanda, Itália, Noruega, França, Romênia, Bélgica e Argentina.[6][7]

A doença[editar | editar código-fonte]

Os casos desta hepatite específica, segundo o Instituto Butantan, eram muito severos, com 10% dos doentes precisando de transplante de fígado.[7]

Até 13 de maio, na União Europeia e Reino Unido, entre 143 casos com informações, 15,4% precisaram de internação na UTI; de 98 casos, 6,1% haviam necessitado de transplante de fígado e uma morte havia sido notificada.[8]

Causa[editar | editar código-fonte]

Até 14 de maio de 2022, a doença era considerada de etiologia (causa) desconhecida.[1]

Vacina contra covid-19[editar | editar código-fonte]

Logo após a divulgação de informações pela imprensa, usuários nas redes sociais passaram a fazer comentários sobre o surto ser uma reação à vacina contra a covid-19. No entanto, esta tese caiu por terra em 13 de maio após a OMS e o ECDC da União Europeia divulgarem um boletim reportando que apenas 16% das crianças e adolescentes que tiveram a rara doença tinham sido vacinados contra a covid-19 e que 75,9% dos casos tinham sido registrados em crianças menores de 5 anos de idade, que nem sequer estavam sendo imunizadas na Europa.[8] No final de julho, novamente, o Boletim do ECDC trazia a informação de que 76,1% dos casos haviam sido registrados em crianças de 5 anos ou menos. [9]

A OPAS já reportava em 03 de maio que "com base nas informações atuais, a maioria das crianças relatadas não recebeu a vacina covid-19, descartando uma ligação entre casos e vacinação neste momento".[6]

Adenovírus[editar | editar código-fonte]

Entre os doentes, apenas 59,6% testaram positivo para Adenovírus, o que também descarta, inicialmente, este vírus como o causador da hepatite aguda rara, apesar de em 13 de maio o ECDC divulgar que "a principal hipótese atual é que um cofator que afeta crianças pequenas com infecção por adenovírus, que seria leve em circunstâncias normais, desencadeia uma infecção mais grave ou dano hepático mediado pelo sistema imunológico".[8]

Adenovírus + Sars-Cov-2[editar | editar código-fonte]

No dia 13 de maio, pesquisadores divulgaram um estudo na revista The Lancet onde anunciavam: "nossa hipótese é que os casos recentemente relatados de hepatite aguda grave em crianças podem ser uma consequência da infecção por adenovírus com trofismo intestinal em crianças previamente infectadas por SARS-CoV-2 e portadoras de reservatórios virais (apêndice).[10]

Casos por continente[editar | editar código-fonte]

Américas[editar | editar código-fonte]

Em sua atualização de 24 de junho de 2022, a OMS reportou o registro de 383 casos nas Américas (incluindo 305 nos EUA). [9]

Brasil[editar | editar código-fonte]

Até o dia 14 de maio, 44 casos estavam sendo monitorados no país e o Ministério da Saúde tinha criado, no dia 13, uma Sala de Situação para acompanhar a situação.[11]

Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

Em outubro de 2021, cinco pacientes pediátricos com hepatite (inflamação do fígado) de causa desconhecida foram identificados no Alabama. Todas elas testaram negativo para os vírus da hepatite A, hepatite B e hepatite C, mas testaram positivo para adenovírus. No entanto, segundo o CDC, ainda não se este vírus é a causa da doença.[5]

Em sua atualização de 24 de junho de 2022, a OMS reportou o registro 305 nos EU. [9]

África[editar | editar código-fonte]

Até 14 de maio de 2022, não havia informações disponíveis.

Ásia[editar | editar código-fonte]

Em sua atualização de 24 de junho de 2022, a OMS reportou o registro de 61 casos na Região do Pacífico Ocidental (61), 14 na Região do Sudeste Asiático (14). [9]

Europa[editar | editar código-fonte]

Até o dia 13 de maio de 2022, 232 casos haviam sido registrados nos países da União Europeia e Reino Unido, dos quais a maioria no Reino Unido (131), Espanha (26), Itália (24) e (Bélgica (12).[2]

No início de julho de 2022 o ECDC reportou que até o final de junho 473 casos de hepatite aguda entre crianças e adolescentes menores de 16 anos haviam sido reportados à OMS-Europa, sendo que 56,7% destes foram registrados no Reino Unido. [9]

Oceania[editar | editar código-fonte]

Até 14 de maio de 2022, não havia informações disponíveis.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c «Increase in severe acute hepatitis cases of unknown aetiology in children». European Centre for Disease Prevention and Control (em inglês). Consultado em 15 de maio de 2022 
  2. a b «Increase in acute hepatitis of unknown origin among children – United Kingdom». European Centre for Disease Prevention and Control (em inglês). 12 de abril de 2022. Consultado em 15 de maio de 2022 
  3. a b «Episode #77 - Hepatitis outbreak in children 76 Monkeypox Who is at risk». www.who.int (em inglês). Consultado em 26 de setembro de 2022 
  4. «Technical Note: Acute, severe hepatitis of unknown origin in children. 29 April 2022. - PAHO/WHO | Pan American Health Organization». www.paho.org. Consultado em 15 de maio de 2022 
  5. a b «Overview: Children with Hepatitis of Unknown Cause | CDC». www.cdc.gov (em inglês). 6 de maio de 2022. Consultado em 15 de maio de 2022 
  6. a b «Q&A - Acute severe hepatitis in children - PAHO/WHO | Pan American Health Organization». www.paho.org (em inglês). Consultado em 15 de maio de 2022 
  7. a b «Entenda o que é a hepatite misteriosa em crianças, seus sintomas e por que ela é perigosa». butantan.gov.br. Consultado em 15 de maio de 2022 
  8. a b c «Joint ECDC-WHO Regional Office for Europe Hepatitis of Unknown Origin in Children Surveillance Bulletin». cdn.ecdc.europa.eu. Consultado em 15 de maio de 2022 
  9. a b c d e «COMMUNICABLE DISEASE THREATS REPORT Week 26, 26 June-2 July 2022» (PDF). ECDC. Julho de 2022. Consultado em 9 de julho de 2022 
  10. Brodin, Petter; Arditi, Moshe (13 de maio de 2022). «Severe acute hepatitis in children: investigate SARS-CoV-2 superantigens». The Lancet Gastroenterology & Hepatology (em English) (0). ISSN 2468-1253. doi:10.1016/S2468-1253(22)00166-2. Consultado em 15 de maio de 2022 
  11. «Ministério da Saúde abre Sala de Situação para monitorar hepatite aguda de causa a esclarecer». Ministério da Saúde. Consultado em 15 de maio de 2022