Síndrome do trato iliotibial

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Síndrome do trato iliotibial

A Síndrome do trato (ou banda) iliotibial[1] é uma lesão comum do joelho, geralmente associada com corrida, ciclismo, caminhadas ou quaisquer atividades de levantamento de peso, especialmente o agachamento.

A Síndrome do trato iliotibial é uma lesão resultante da sobrecarga dos tecidos conjuntivos que estão localizados na parte lateral ou externa da coxa e joelho,[2] causando dor e inflamação nessas áreas, especialmente logo acima da articulação do joelho.

Definição[editar | editar código-fonte]

A síndrome do trato iliotibial é a principal causa de queixas de dor lateral no joelho de corredores. O trato iliotibial é uma faixa de fascia na região lateral do joelho, estendendo-se da parte externa da pélvis, por sobre o quadril e joelho, encaixando-se na parte superior da tíbia, logo baixo do joelho.

Esta faixa desempenha um papel crucial em estabilizar o joelho durante a corrida, a medida em que ele se move desde abaixo para a frente do fêmur. A contínua fricção do trato iliotibial sobre o epicôndilo femural, combinada com a repetida flexão e extensão do joelho durante a corrida, pode provocar uma inflamação na região.

Sintomas[editar | editar código-fonte]

Os sintomas associados à síndrome do trato iliotibial variam desde uma queimação logo acima da articulação do joelho, até mesmo o inchaço e entumescimento do tecido na região onde a faixa se move por sobre o fêmur.

A sensação de dor e queimação logo acima da articulação do joelho é sentida na parte externa do joelho ou por toda a extensão do trato iliotibial. A dor pode não ocorrer imediatamente durante a atividade física, mas ir se intensificando ao longo do tempo.

A dor é comumente sentida no momento em que o pé toca o chão e pode se perpetuar após a atividade. Pode-se sentir dor também acima ou abaixo do joelho, no ponto em que o trato iliotibial se encaixa na tíbia.

Exame físico[editar | editar código-fonte]

Pacientes com síndrome da banda iliotibial[3] podem apresentar dor à palpação do joelho lateral, aproximadamente 2 cm acima da interlinha articular. A dor é geralmente pior quando o paciente está na posição de pé, com o joelho fletido a 30 graus. Neste ângulo, a banda iliotibial desliza sobre o côndilo femural, e está sob tensão máxima, reproduzindo os sintomas.[4]

A palpação da musculatura e do trato iliotibial distal pode revelar múltiplos pontos gatilhos miofasciais nos músculos vasto lateral, glúteo médio e bíceps femoral. A palpação destes pontos pode causar dor referida para a face lateral do joelho afetado.[5]

O teste de Ober pode ser usado para avaliar a contratura da banda iliotibial.[6] Com o paciente deitado em decúbito lateral sobre o lado afetado, estende-se o quadril e o joelho flexionado a um ângulo de 90 graus. O examinador deve estabilizar a pelve, e então abduzir a perna afetada. A perna é então abaixada, em adução. Se o trato iliotibial estiver normal, a perna irá aduzir e o paciente não sentirá dor. Caso a banda esteja contraturada, a perna permanecerá na posição em abdução, e o paciente poderá referir dor na lateral do joelho.

Tratamento[editar | editar código-fonte]

O tratamento requer a modificação da atividade, massagem e alongamento e fortalecimento do membro afetado. O objetivo é minimizar o atrito da banda iliotibial como desliza sobre o côndilo femoral. 

A maioria dos corredores com baixa quilometragem respondem a um regime de medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e alongamento; no entanto, para os corredores competitivos, pode ser necessário um programa de tratamento mais abrangente.[7]

O objetivo inicial do tratamento deve ser aliviar a inflamação, usando gelo e medicamentos anti-inflamatórios. Orientações ao paciente e modificação de atividade são cruciais para o sucesso do tratamento. Deve-se evitar qualquer atividade com movimentos de flexão e extensão repetitivas. 

Caso a dor com deambulação persistir por mais de três dias após o início do tratamento, uma injeção local de corticosteroide pode ser considerada.[8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Ellis R, Hing W, Reid D (agosto de 2007). «Iliotibial band friction syndrome—A systematic review». Man Ther. 12 (3): 200–8. PMID 17208506. doi:10.1016/j.math.2006.08.004 
  2. «Síndrome da banda iliotibial» 
  3. «Síndrome do Trato Iliotibial». Instituto Trata. Consultado em 17 de setembro de 2018 
  4. «Iliotibial Band Syndrome: A Common Source of Knee Pain». American Family Physician 
  5. Lavine, Ronald (20 de julho de 2010). «Iliotibial band friction syndrome». Current Reviews in Musculoskeletal Medicine (em inglês). 3 (1-4): 18–22. ISSN 1935-973X. PMID 21063495. doi:10.1007/s12178-010-9061-8 
  6. «Ober's Test» 
  7. Falótico, Guilherme Guadagnini; Carlos Massao Aramaki (1 de julho de 2013). «Síndrome da banda iliotibial proximal: Relato de caso». Revista Brasileira de Ortopedia. 48 (4): 374–376. doi:10.1016/j.rbo.2012.06.007 
  8. Hong, Ji Hee; Ji Sub. «Diagnosis of Iliotibial Band Friction Syndrome and Ultrasound Guided Steroid Injection». The Korean Journal of Pain. 26 (4). PMID 24156006. doi:10.3344/kjp.2013.26.4.387 

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

  • Martens M, Libbrecht P, Burssens A (1989). «Surgical treatment of the iliotibial band friction syndrome». Am J Sports Med. 17 (5): 651–4. PMID 2610280. doi:10.1177/036354658901700511 
  • Lang RA, Cuthbertson RA, Dunn AR (1992). «TNFα, IL-1α and bFGF are Implicated in the Complex Disease of GM-CSF Transgenic Mice». Growth Factors. 6 (2): 131–8. PMID 1586489. doi:10.3109/08977199209011016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]