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Estrutura dos assentamentos[editar | editar código-fonte]

Estimativas do número médio de indivíduos que formavam um assentamento podem utilizar diferentes métodos: comparações etnográficas com assentamentos de sociedades caçadoras coletoras de ambientes extremos atuais, análise da forma de ocupação do espaço, número de fogueiras em áreas de dormir, padrões de consumo de carne e estimativas de área de exploração do ambiente.[1] O mais comum é encontrar pequenos grupos de 12 a 25 indivíduos, provavelmente relacionados uns aos outros (podendo chegar à consanguinidade em alguns casos) que frequentemente se movem pelo território. Outros achados apontam locais ocupados por até 30 indivíduos e pegadas ao longo de uma praia na Espanha apontam para um grupo de 36 indivíduos, um terço do qual eram jovens e crianças.[2][3] No entanto, também foram encontradas ocupações de apenas um indivíduo ou grupos de 3, esses achados são geralmente atribuídos a acampamentos temporários de grupos de caça. Também não é excluída a possibilidade dos grupos de 12 a 25 indivíduos se associarem com outros em comunidades maiores em momentos específicos, como tempos de maior abundância de alimentos ou durante grandes migrações de animais. Se encontrados maiores indícios desses grandes agrupamentos ocasionais, isto seria um indicador de desenvolvimento da linguagem para maior organização social.[4]

Tamanhos menores de grupos e falta do domínio completo do fogo foram conclusões muito comuns de estudos mais iniciais dos primeiros achados neandertais, quando cientistas se baseavam na teoria de que essa espécie, por ser diferente dos humanos atuais e estar extinta, seria mais primitiva, pouco inteligente e incapaz de realizar tarefas ou formar estruturas sociais mais complexas. Porém com um aumento nos achados arqueológicos da espécie e avanço das pesquisas, já é maior consenso na comunidade científica que os neandertais possuíam domínio do fogo[5][6] e organizações sociais e espaciais mais complexas do que antes acreditado.[7][1]

Assentamentos neandertais são quase sempre encontrados ao abrigo da entrada de cavernas e mostram uma estrutura básica com alguns locais bem delimitados, muito similar a atuais grupos aborígenes do deserto australiano[8][9]. Uma área comum centrada em volta da fogueira principal, utilizada para aquecimento e preparo de alimentos ao longo do dia e áreas para dormir acompanhando as paredes da caverna, com pequenas fogueiras para se aquecer colocadas perto da cabeça a cada um ou dois indivíduos. Estimativas dessas organizações nos sítios de Abric Romaní[10], Tor Faraj e em Moldova[1] apontam para grupos de 13, 16 e 13-16 indivíduos respectivamente, mas se considerada a possibilidade da fogueira central também servir de aquecimento durante o sono as estimativas apontam para totais de 20 pessoas em cada uma das localidades. Um estudo anterior em Tor Faraj utilizando diferentes estatísticas apontou para um grupo de 12 a 15[11].

Essas formações de assentamento demonstram alto conhecimento de manuseio do fogo, em muitas cavernas foram achados minerais que facilitam a criação de fogo ou queima da madeira. As fogueiras posicionadas rente à parede das cavernas fazem com que a fumaça suba por ela e se disperse no alto criando uma melhor ventilação do acampamento. O entendimento dessa dinâmica foi importante para todas as espécies de hominínio que habitaram entradas de cavernas e utilizavam fogo, já que não se atentar para o fluxo de fumaça pode deixar o ar da caverna não respirável por muitos minutos.[12]

Há duas importantes escavações de assentamentos que são exceção ao padrão de habitação em entradas de cavernas. O sítio arqueológico Molodova I na Ucrânia apresenta, além de ferramentas de pedra, traços de pigmentos e indícios de fogueira, diversos acúmulos de ossos de mamute. Uma destas acumulações é um arranjo circular de presas e outros ossos alongados, com algumas ferramentas e diversas fogueiras no centro, que foi arranjada intencionalmente.[13] Esse local foi habitado sucessivamente por diversas gerações mais de 44 mil anos atrás, fazendo desse assentamento o mais antigo feito utilizando ossos de mamute. As diversas fogueiras e o acúmulo de ossos de ao menos 15 mamutes diferentes mostra que o local serviu de assentamento permanente mesmo que ao ar livre.[14] No sítio de 'ein qashish em Israel há diversos indícios de habitação por diversas vezes, embora que sempre por períodos curtos. O acampamento mostra indícios das mais diversas atividades: preparo de ferramentas de pedra, processamento de caça, preparo de alimentos. Até recentemente não era possível atribuir o local como habitação de neandertais ou Homo sapiens, já que ambas espécies coexistiram na região do Oriente Médio durante o período de ocupação do sítio. Porém recentemente foram descobertos ossos de ao menos dois indivíduos Homo neandertalensis no local, constituindo o primeiro resto anatômico de neandertal a ser encontrado em um acampamento a céu aberto.[15] Análises do assentamento mostram ocupação persistente por grande período de tempo, embora não de forma contínua, isso é atribuído a um uso sistemático do local em conjunto com outros assentamentos em cavernas já descobertos pela região, compondo um mosaico de locais de habitação geral utilizado dependendo das condições ambientais do momento.[16]

Estruturas circulares e de empilhamento na Caverna Bruniquel, França.

Uma construção neandertal de aproximadamente 175 mil anos de idade mostra um arranjo espacial similar de fogueiras, porém diferente em outros aspectos. Localizada em parte mais profunda na caverna de Bruniquel na França, dois círculos formados por estalagmites quebradas definem a área de aproximadamente 6 e 2 metros de comprimento, além de quatro pilhas de estalagmites. Vários pontos de fogueira foram encontrados, mas é incerto se também representam locais para dormir já que nenhum outro assentamento neandertal escavado ficam em locais caverna adentro, se limitando as áreas de entrada.[17][18]

Tecnologia[editar | editar código-fonte]

No segundo parágrafo quando fala da nova cultura chatelperroense está escrito "mais evoluída" que a musteriense, mudar isso.

Fim do 4° parágrafo fala da suposta flauta mas não tem nenhuma citação. Arrumar isso falando ca confusão da flauta.

Adicionar navegação no fim dessa parte:

Ferramentas características da cultura musteriense, datadas em cerca de 130 mil anos, encontradas nas ilhas gregas de Naxos e Creta sugerem que neandertais possuíam capacidade técnica, cognitiva e social para construir pequenas embarcações para fazer a travessia entre as ilhas e a terra firme. A média do nível do mar ao longo do Paleolítico era mais baixa do que atualmente, criando pontes de terra entre continentes e atuais ilhas pelas quais hominíneos puderam migrar. Porém, diferente de outras ilhas gregas onde também foram achadas ferramentas musterienses, Creta foi uma ilha longe da costa durante todo o Paleolítico, os neandertais da região provavelmente já sabiam como construir canoas simples para se deslocar até a ilha em uma viagem de menos de um dia.[19] Naxos esteve conectada com terra firma por pontes de terra durante alguns períodos do Paleolítico e a datação dos achados e do nível do mar na época não é precisa suficiente para afirmar que a ocupação foi feita por navegação, mas devido a evidencias em outras ilhas gregas a possibilidade não é excluída. Serão necessárias melhorias nas técnicas de datação das ferramentas e do nível dos mares, assim como novas descobertas arqueológicas para melhor definir o uso da navegação por neandertais.[20]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c Hayden, Brian (2012). «Neandertal Social Structure?». Oxford Journal of Archaeology (em inglês) (1): 1–26. ISSN 1468-0092. doi:10.1111/j.1468-0092.2011.00376.x. Consultado em 16 de julho de 2021 
  2. April 2021, Tom Metcalfe-Live Science Contributor 13. «100,000-year-old Neanderthal footprints show children playing in the sand». livescience.com (em inglês). Consultado em 16 de julho de 2021 
  3. Duveau, Jérémy; Berillon, Gilles; Verna, Christine; Laisné, Gilles; Cliquet, Dominique (24 de setembro de 2019). «The composition of a Neandertal social group revealed by the hominin footprints at Le Rozel (Normandy, France)». Proceedings of the National Academy of Sciences (39): 19409–19414. PMC 6765299Acessível livremente. PMID 31501334. doi:10.1073/pnas.1901789116. Consultado em 16 de julho de 2021 
  4. Bocquet-Appel, Jean-Pierre; Degioanni, Anna (1 de dezembro de 2013). «Neanderthal Demographic Estimates». Current Anthropology (S8): S202–S213. ISSN 0011-3204. doi:10.1086/673725. Consultado em 14 de julho de 2021 
  5. Brittingham, Alex; Hren, Michael T.; Hartman, Gideon; Wilkinson, Keith N.; Mallol, Carolina; Gasparyan, Boris; Adler, Daniel S. (25 de outubro de 2019). «Geochemical Evidence for the Control of Fire by Middle Palaeolithic Hominins». Scientific Reports (em inglês) (1). 15368 páginas. ISSN 2045-2322. PMC 6814844Acessível livremente. PMID 31653870. doi:10.1038/s41598-019-51433-0. Consultado em 18 de julho de 2021 
  6. Sorensen, A. C.; Claud, E.; Soressi, M. (19 de julho de 2018). «Neandertal fire-making technology inferred from microwear analysis». Scientific Reports (em inglês) (1). 10065 páginas. ISSN 2045-2322. PMC 6053370Acessível livremente. PMID 30026576. doi:10.1038/s41598-018-28342-9. Consultado em 18 de julho de 2021 
  7. Davies, Robert; Underdown, Simon (junho de 2006). «The Neanderthals: a Social Synthesis». Cambridge Archaeological Journal (em inglês) (2): 145–164. ISSN 0959-7743. doi:10.1017/S0959774306000096. Consultado em 16 de julho de 2021 
  8. «ANTHROPOLOGICAL EXPEDITION TO THE NORTH-WEST OF SOUTH AUSTRALIA, 1933». Oceania (1): 99–105. Setembro de 1933. ISSN 0029-8077. doi:10.1002/j.1834-4461.1933.tb00090.x. Consultado em 16 de julho de 2021 
  9. Close, J. H. Collinson (agosto de 1928). «A brief account of the former society». Australian Geographer (1): 81–83. ISSN 0004-9182. doi:10.1080/00049182808702048. Consultado em 16 de julho de 2021 
  10. Vallverdú, Josep; Vaquero, Manuel; Cáceres, Isabel; Allué, Ethel; Rosell, Jordi; Saladié, Palmira; Chacón, Gema; Ollé, Andreu; Canals, Antoni (1 de fevereiro de 2010). «Sleeping Activity Area within the Site Structure of Archaic Human Groups: Evidence from Abric Romaní Level N Combustion Activity Areas». Current Anthropology (1): 137–145. ISSN 0011-3204. doi:10.1086/649499. Consultado em 16 de julho de 2021 
  11. Straus, Lawrence G. (outubro de 2004). «Neanderthals in the Levant: Behavioral Organization and the Beginnings of Human Modernity. Donald O. Henry». Journal of Anthropological Research (3): 417–419. ISSN 0091-7710. doi:10.1086/jar.60.3.3630767. Consultado em 16 de julho de 2021 
  12. Kedar, Yafit; Barkai, Ran (12 de junho de 2019). «The Significance of Air Circulation and Hearth Location at Paleolithic Cave Sites». Open Quaternary (em inglês) (1). 4 páginas. ISSN 2055-298X. doi:10.5334/oq.52. Consultado em 18 de julho de 2021 
  13. «Mammoths used as food and building resources by Neanderthals: Zooarchaeological study applied to layer 4, Molodova I (Ukraine)». Quaternary International (em inglês): 212–226. 25 de outubro de 2012. ISSN 1040-6182. doi:10.1016/j.quaint.2011.11.019. Consultado em 18 de julho de 2021 
  14. M. A., Anthropology; B. Ed., Illinois State University; Twitter, Twitter. «Learn About the Paleolithic Mammoth Bone Hut in Ukraine». ThoughtCo (em inglês). Consultado em 19 de julho de 2021 
  15. Been, Ella; Hovers, Erella; Ekshtain, Ravid; Malinski-Buller, Ariel; Agha, Nuha; Barash, Alon; Mayer, Daniella E. Bar-Yosef; Benazzi, Stefano; Hublin, Jean-Jacques (7 de junho de 2017). «The first Neanderthal remains from an open-air Middle Palaeolithic site in the Levant». Scientific Reports (em inglês) (1). 2958 páginas. ISSN 2045-2322. PMC 5462778Acessível livremente. PMID 28592838. doi:10.1038/s41598-017-03025-z. Consultado em 19 de julho de 2021 
  16. Ekshtain, Ravid; Malinsky-Buller, Ariel; Greenbaum, Noam; Mitki, Netta; Stahlschmidt, Mareike C.; Shahack-Gross, Ruth; Nir, Nadav; Porat, Naomi; Mayer, Daniella E. Bar-Yosef (26 de junho de 2019). «Persistent Neanderthal occupation of the open-air site of 'Ein Qashish, Israel». PLOS ONE (em inglês) (6): e0215668. ISSN 1932-6203. PMC 6594589Acessível livremente. PMID 31242180. doi:10.1371/journal.pone.0215668. Consultado em 19 de julho de 2021 
  17. Jaubert, Jacques; Verheyden, Sophie; Genty, Dominique; Soulier, Michel; Cheng, Hai; Blamart, Dominique; Burlet, Christian; Camus, Hubert; Delaby, Serge (junho de 2016). «Early Neanderthal constructions deep in Bruniquel Cave in southwestern France». Nature (em inglês) (7605): 111–114. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/nature18291. Consultado em 16 de julho de 2021 
  18. Yong, Ed (25 de maio de 2016). «A Shocking Find in a Neanderthal Cave in France». The Atlantic (em inglês). Consultado em 19 de julho de 2021 
  19. Strasser, Thomas F.; Runnels, Curtis; Wegmann, Karl; Panagopoulou, Eleni; Mccoy, Floyd; Digregorio, Chad; Karkanas, Panagiotis; Thompson, Nick (2011). «Dating Palaeolithic sites in southwestern Crete, Greece». Journal of Quaternary Science (em inglês) (5): 553–560. ISSN 1099-1417. doi:10.1002/jqs.1482. Consultado em 19 de julho de 2021 
  20. Carter, Tristan; Contreras, Daniel A.; Holcomb, Justin; Mihailović, Danica D.; Karkanas, Panagiotis; Guérin, Guillaume; Taffin, Ninon; Athanasoulis, Dimitris; Lahaye, Christelle (1 de outubro de 2019). «Earliest occupation of the Central Aegean (Naxos), Greece: Implications for hominin and Homo sapiens' behavior and dispersals». Science Advances (em inglês) (10): eaax0997. ISSN 2375-2548. PMC 6795523Acessível livremente. PMID 31663021. doi:10.1126/sciadv.aax0997. Consultado em 19 de julho de 2021