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Armando Costa (Roteirista)

Biografia

Filho de Gustavo Costa e Violeta Sanibal Costa, Armando nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 05 de maio de 1933 onde construiu sua carreira.

Armando foi um artista eclético e prolifero. Além de escritor, foi autor, roteirista, dramaturgo e teatrólogo.

Costa teve atividade intensa como roteirista de cinema onde equilibrava entretenimento, conscientização e abertura de idéias, possuindo uma filmografia extensa, que vai desde “Copacabana me engana”, em 1968, até “Bar esperança, o último que fecha”, em 1982.

Na década de 1970, trabalhou na televisão, na TV Tupi e na TV Globo. Para esta emissora escreveu, em 1973, juntamente com Oduvaldo Vianna Filho, o seriado “A Grande Família”, um dos maiores sucessos da televisão brasileira, além da maioria dos episódios de “Malu Mulher”.[1]

Seja no cinema, no teatro ou na televisão, seus originais não tiveram a repercussão merecida de público e crítica. Segundo relatos de amigos mais próximos, Armando era um parceiro muito generoso e humilde, e assim, o reconhecimento e fama geralmente recaiam sobre seus muitos parceiros.[2]

Faleceu em 9 de abril de 1984, aos 50 anos no hospital Silvestre, em Santa Tereza, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de hemorragia cérebro-meninges. Armando era solteiro e não tinha filhos. Uma semana antes de falecer ele havia perdido a mãe e, desde então, ficara muito abalado.


Carreira

Durante o governo João Goulart (1961-1964), Armando participou do Centro Popular de Cultura (CPC), criado em 1962 pela União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 1964, com o golpe militar e a extinção do CPC, participou da fundação do Grupo Opinião do qual era sócio, e onde exerce variadas funções, a principal delas como co-autor, geralmente com Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Ferreira Gullar. O show Opinião, 1964, marca o espetáculo inaugural do grupo do mesmo nome.[3]

Armando marca a linha do Grupo Opinião não apenas como co-autor de alguns de seus espetáculos mais importantes, mas também por sua atuação no teatro de resistência, que exerce por meio da coerência ideológica e da crítica em defesa dos interesses populares.

Costa tem participação ativa no seu setor de dramaturgia, sendo co-autor de textos como “Auto dos 99 por Cento”, de 1962, e “A Besta Torta do Pajeú”, de 1963, ambas de vários autores. O roteiro de “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come”, que tem texto final de Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha) e Ferreira Gullar; “A Saída, Onde Fica a Saída?”, 1968; “Brasil & Cia.”, 1969; e o show “Brasil Pede Passagem”, que ele dirige ao lado de João das Neves. Dirige também “Meia Volta Vou Ver”, de Oduvaldo Vianna Filho, 1967, e o show “Teleco-Tecoop. 2” É co-autor com Vianinha da peça “Alegro Desbum”, encenada por José Renato em 1973.

A partir da sua saída do Opinião, Armando Costa passa a concentrar-se no trabalho de roteirista de televisão, colocando sua assinatura em algumas realizações que marcam época, tais como a série da década de 70 “A Grande Família”, em parceria com Vianinha, que a Globo readapta nos anos 2000. Ainda na Globo, pertencia à equipe das minisséries e projetos especiais.

Armando foi também ativo roteirista cinematográfico, efetivando parcerias constantes com Leopoldo Serran e trabalhando constantemente com diretores como Pedro Carlos Rovai, Hugo Carvana e Antônio Calmon. É nessas duas atividades que deixa marcos mais importantes do que no teatro, onde permanece atuante em participações eventuais - como a autoria dos shows de Jô Soares, “Viva o Gordo e Abaixo o Regime”, 1980, “Brasil, da Censura à Abertura, 1981 e Um Gordoidão no País da Inflação, 1985. http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa359322/armando-costa

Armando ganhou duas Corujas de Ouro pelos roteiros dos filmes “Vai trabalhar, vagabundo” e “Adultério”.[4]

Estreou na TV Globo em 1973. Escreveu a maior parte dos episódios da “A Grande Família” e “Malu Mulher”. Participou também da equipe de roteiristas de “Plantão de polícia”, “Amizade colorida” e “Quarta nobre”.

Armando deixou na memória as lembranças dos mais emocionantes episódios de “Malu Mulher”, como “De repente, tudo novamente” (que tratava do primeiro caso de amor de Malu, depois da separação e “Infidelidade”, entre tantos outros em que tão bem investigava os meandros dos sentimentos femininos.

Aqueles que acompanharam a evolução da teledramaturgia no Brasil aprenderam a respeitá-lo como um dos responsáveis pela renovação da linguagem das obras fechadas em televisão. Foi ele, ao lado de Vianinha e Paulo Pontes, que conseguiu que o telespectador de interessasse, no auge do sucesso das telenovelas, por um tipo novo de entretenimento – o drama em série, com episódios isolados e independentes. A temática mergulhava fundo no cotidiano de uma família de classe média, com suas angústias, problemas e alegrias, e, assim assinando um trabalho digno e de grande importância social – já que refletia a realidade da maior parte da população. Armando mostrou, mais do que talento, uma falta de preconceito em relação à televisão, sendo uma exceção nos anos 70.[5]

Armando tinha um texto mais preocupado com a essência da alma humana e que apresentava momentos de grande intensidade dramática.

Dos tempos do Grupo Opinião ele herdou a habilidade de driblar a Censura. Disse certa vez, durante entrevista:

- Nossa grande descoberta, naquela época, foi a de que, se fizéssemos uma obra que analisasse a realidade com toda a sua complexidade, tornávamos mais difícil a ação da Censura. Nesse caso, deixa-se de ser sectário, radical.

Armando acreditava que o teatro político, contestatório, só se justificava se feito “dentro da realidade” e explicava: - É preciso contestar sempre, sempre que aprofundemos cada vez mais a análise da realidade. Porque, do contrário, um texto fica sendo apenas como uma briga entre dois opositores radicais. Xinga-se de um lado e de outro. Apesar da fase de contestação, com Vianinha, Paulo Pontes, José Celso Martinez Correa, Ferreira Gullar e outros, terem gerado espetáculos lindos, sei que não nasci para escrever apenas isso. Também sobre isso, mas não abro mão de outros temas mais profundos.[6]


Depoimentos de artistas famosos sobre as produções de Armando:

Artur da Távola

Armando Costa é tão importante para a dramaturgia brasileira quanto Vianinha e Paulo Pontes. Que Sina! O terceiro da trinca também morreu muito cedo. Tem as mesmas origens estéticas e lutava pelas mesmas verdades. Em televisão, no Brasil, e mesmo no mundo, ainda não existe o hábito – como no cinema – de estudar os componentes de cada produto. Quase sempre, crítica e público generalizam opiniões, generalizando e equalizando os produtos. Não é assim, porém, que ocorre na realidade. Os produtos são muitos diferentes, ainda dentro de uma mesma série, conforme seus realizadores. Por exemplo, os capítulos de Malu Mulher, escritos por Armando, tinha um pique dramático de alto valor. No entanto, ao julgar a série, público e crítica tomam-na como se fosse sempre a mesma coisa. Assim ocorreu durante toda a vida de dramaturgo de Armando. Suas principais realizações como roteirista da TV e de cinema perderam-se no meio de aplausos que sempre foram – merecidamente – para outros realizadores. Seja em “A grande família” ou em dezenas de episódios para as séries “Malu mulher”, “Aplauso”, “Amizade colorida”, “Plantão de polícia” e “Quarta nobre”, Armando tipificou os embates e as frustações das gerações oprimidas diante do autoritarismo do Estado e do autoritarismo disfarçado em desenvolvimento material da sociedade industrial. Estou muito triste. Ao longo desses anos, fui talvez o único, mão a pensar, mas a escrever que Armando Costa era um dos principais dramaturgos – desconhecidos- do Brasil. Continuo pensando assim. Só que agora, sem a sua presença e novas obras para comprovar. Que dor.[7]


Daniel Filho

Armando Costa foi um profissional muito importante, mas esta importância nunca foi realmente divulgada. Trabalhava em conjunto, gostava de ser parceiro. Era humilde. O que nunca aparecia era o quanto importante era como parceiro. A maioria dos programas Malu mulher foi escrita por ele. A parte  política tinha muito dele. A Malu política era o Armando Costa. Na “Grande família” teve uma participação muito grande. Era também um parceiro e segurou a barra quando Vianinha morreu.[8]


Dias Gomes

Armando Costa foi um dos mais talentosos escritores da geração dos anos 60, a mesma de Vianinha, Ferreira Gullar, do Opinião. Essa geração, que lutou contra uma censura que lhe tomou os espaços tradicionais do teatro, buscou outras formas de mandar seu recado. Armando estava com muitos planos. Trabalhava (quando faleceu) numa série para a TV Globo, com Ferreira Gullar, e tinha dois projetos de teatro.[9]


Doc Comparato

Fomos muito amigos e trabalhamos juntos em Malu mulher. Armando foi um profissional brilhante e uma pessoa formidável. Vai deixar muita saudade e não estou usando lugar-comum. Todo seu trabalho está ligado ao novo. Foi assim que ele participou dos seriados na televisão, fazendo “A grande família”, com Vianinha. Como roteirista, fez espetáculos musicais importantes como Liberdade, Liberdade” e vários espetáculos no Teatro Opinião. No cinema , voltou depois do Cinema Novo com a comédia de costumes, como “Vai trabalhar vagabundo” e “Bar esperança”.[10]


Zelito Vianna

De todos de nossa geração Armando Costa foi um dos mais talentosos. Ótimo cartunista, músico, ator, diretor e poeta – além de escritor, naturalmente – ele tinha tanto talento que, apesar da extensa obra, não produziu nem 20 por cento de sua capacidade. Juntos, nós fizemos o filme “Minha namorada”, em 1970, mas nossa amizade vem desde os tempos de estudante, quando estávamos na UNE. Aliás, ele é o autor do hino da UNE.[11]


Marcos Paulo

Foi uma pessoa muito importante, durante uma fase da minha vida. Eu o adorava. É o primeiro amigo mais próximo que sinto ir embora. Estou arrasado. Nem sei dizer se foi importante, não sei falar sobre seu trabalho, essas coisas que a gente fala, quando as pessoas morrem.[12]


Euclides Marinho

Como profissional, foi a pessoa mais generosa que conheci. Era um mestre por natureza, era um amigo. Estou como se tivesse perdido o irmão mais velho, o que ensina tudo. E as pessoas não entendiam seu trabalho. Armando questionava tudo, não aceitava nada pronto. Havia um certo patrulhamento por parte das pessoas, ele foi mal compreendido. Todo mundo ama Armando, mas quase todo mundo sente medo dele. Ele veio para perturbar.[13]


Regina Duarte

Ainda sob o visível impacto do desparecimento de Armando Costa, a atriz Regina Duarte classificou o escritor como “uma das cabeças mais vivas” que conhecia. Disse Regina: - Armando era uma pessoa muito querida, tinha uma energia que transparecia pessoalmente e nos seus textos. “Malu” tinha muito dele. Fiquei arrasada por mais esta perda humana e do criador, do artista. Estive com ele um mês antes de seu falecimento, estava animado, tinha projetos para escrever muita coisa.[14]


Produção Artísticas

Teatro

  • Auto dos 99 por Cento :1962 co-autor
  • Auto do Relatório Peça de teatro 1962 - autor
  • Miséria ao Alcance de Todos:1962 - autor
  • Auto do Não:1962 - autor
  • Auto do Cassetete:1962 - autor
  • Brasil, Versão Brasileira:1962 – direção
  • Filho da Besta Torta do Pajeú:1963 – co-autor
  • Tartufo:1964 – roteiro com vários parceiros
  • Opinião:1964 – co-autoria
  • Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come: 1966 – co-autor
  • Meia Volta, Vou Ver:1967 – direção
  • A Saída? Onde Fica a Saída?:1967 – adaptação
  • Brasil & Cia.: 1970 – co-autor
  • Macbeth: 1970 – tradução
  • Alegro Desbum:1973 – co-autor
  • A Feira do Adultério:1975 – co-autor
  • O Repouso da Guerreira:1975 – co-autor
  • Brasil da Censura à Abertura:1980 – co-autor
  • E o Ouro, Quanto Vale?:2001 – co-autor


Shows:

  • Liberdade, liberdade e O samba pede passagem: 1965 - criação
  • Brasil Pede Passagem: 1965 -  direção ao lado de João das Neves
  • Teleco-Tecoop: 1967 - direção
  • Viva o Gordo e Abaixo o Regime: 1980 -  roteirista
  • Brasil, da Censura à Abertura: 1981 - roteirista
  • Um Gordoidão no País da Inflação: 1985 - roteirista

Televisão

  • A Grande Família - roteirista em parceria com Vianinha
  • Malu Mulher - roteirista em parceira com vários autores
  • Plantão de polícia - roteirista em parceira com vários autores
  • Amizade colorida - roteirista em parceira com vários autores
  • Quarta nobre - roteirista em parceira com vários autores


Cinema

  • Vai trabalhar vagabundo:1973 – roteirista em parceira com vários autores
  • Bar esperança:1983 – roteirista em parceria com vários autores
  1. «Armando Costa | CPDOC». cpdoc.fgv.br. Consultado em 8 de maio de 2021 
  2. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  3. «Armando Costa | CPDOC». cpdoc.fgv.br. Consultado em 8 de maio de 2021 
  4. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  5. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  6. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  7. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  8. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  9. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  10. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  11. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  12. Globo, Acervo - Jornal O. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  13. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021 
  14. «Edição do Dia | Acervo O Globo». acervo.oglobo.globo.com. Consultado em 8 de maio de 2021