Usuário:Millennium bug/Porque

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Por que sou um editor da Wikipédia[editar | editar código-fonte]

Jimmy Wales:

"Imaginem um mundo onde seja concedido a toda e qualquer pessoa do planeta o acesso livre ao conjunto de todo o conhecimento humano. É o que estamos fazendo."

Diderot:

"Este é um trabalho que só pode ser realizado por uma sociedade de pessoas letradas e trabalhadores habilidosos, cada um fazendo separadamente sua parte, mas todos comprometidos conjuntamente apenas por zelo aos melhores valores da raça humana e pelo sentimento de mútua boa vontade."

Muitas vezes chegam a nós informações de que colegas ou pessoas conhecidas fazem algum tipo de trabalho voluntário (leia-se gratuito) com o objetivo de ajudar a humanidade a se desenvolver. Alguns dão apoio afetivo a doentes outros fazem doações em dinheiro para entidades de diversos tipos. Esta parte da "filosofia" de vida de alguém que inclui o emprego de uma pequena parte de seus recursos (tempo, dinheiro e/ou entergia) para ajudar o próximo sem focar essa atividade no retorno pessoal (embora o retorno possa ocorrer) sinaliza o altruísmo, que é uma das importantes virtudes humanas. Muitos, entretanto, não têm condições ou até gostariam de exercer algo do gênero, ou mesmo não possuem este desejo, o que é igualmente compreensível e não menos nobre.

No âmbito das atividades humanas em que se exerce o altruísmo, está o compartilhamento do conhecimento, um dos bens ou valores mais valiosos de uma Sociedade. Criar, coletar ou distribuir conhecimento sem cobrar diretamente por isto é uma forma tão eficaz de altruísmo quanto qualquer outra. E é justamente esta ideia que gerou os movimentos pelo software livre e o outro, mais abrangente, pelo conhecimento livre. Tudo indica que começou há cerca de sete décadas, quando Preston Tucker publicou numa revista um projeto inovador de um carro, com itens, sobretudo de segurança, arrojados para a época, mas que são usados hoje obrigatoriamente por todos os automóveis.

Neste meio tempo, o movimento cresceu até se tornar uma realidade irreversível e que atinge a todos. Alguns não sabem, mas para cada sistema de computador que é usado gratuitamente pela maioria dos usuários, há uma legião de milhares de programadores neles trabalhando diariamente. A maioria deles não se conhece, mas têm um poder de auto-organização imenso, o que permite o sucesso desses projetos apesar de realizados num paradigma bem diferente do tradicional. Esta nova metodologia é chamada de wiki e, do mesmo modo que o computador, a internet e o celular, invadiu as nossas vidas sem pedir licença. Cada vez mais temos acesso a sites que permitem que o leitor interaja acrescentanto ou modificando conteúdo, o que passa por um controle de qualidade. Seja em programas de computador, cifras ou partituras musicais, fichas de filme ou qualquer outro tipo de conhecimento, pouco a pouco, o mundo vai se tornando mais "wiki".

Foi no início dos anos 2000 que surgiu a ideia de usar esta metodologia (wiki) para compilar o conhecimento humano de um modo bem mais abrangente. Esta ideia, que é atribuída a Jimmy Wales e Larry Sanger, resultou no projeto wiki mais conhecido, a Wikipédia e, posteriormente, em vários outros projetos como o Wikicionário, o Wikinews, o Wikisource, o Wikibooks, o Wikiquote, entre outros.

Hoje, somando todos estes projetos em todas as linguas, este conjunto de sites habita as estatísticas de visibilidade entre os cinco domínios mais lidos do mundo. Ao pesquisar qualquer assunto em um site de busca, invariavelmente a primeira página e não raro a primeira entrada aponta para o respectivo artigo na Wikipédia. A consequência é que literalmente todos já consultaram algo na Wikipédia.

Ao pesquisarmos assuntos na Wikipédia, é comum, também, encontrarmos algumas impropriedades ou até erros. Isto ocorre por várias razões, mas principalmente porque a Wikipédia publica muito do que é disponível em diversas fontes pré-existentes. Trata-se de uma compilação e, como tal, compila o que já existe, ou seja, as outras mídias. Já que existem livros, jornais emissoras de tv melhores e piores, já que estas mídias não podem garantir a absoluta confiabilidade de suas informações, não é exigível que uma mídia em formação seja cem por cento correta.

Entretanto, a cada ano que passa, à medida que a capacidade de organização e a própria visibilidade do projeto vai aumentando, esses defeitos tendem a diminuir. É intuitivo que um trabalho que é feito e fiscalizado por mais pessoas acabe invariavelmente sendo revisto por conhecedores de cada assunto e chegue a uma versão de maior qualidade.

É preciso frisar que já hoje é exercido um complexo controle de qualidade dos artigos, que passa por editores que possuem funções específicas, que chamamos "estatutos", como os autorrevisores, reversores, eliminadores, administradores, burocratas, supervisores e verificadores de contas. Este controle é exercido 24 horas por dia, sete dias por semana. Neste momento exato, há pessoas exercendo essas funções.

Outro problema que qualquer nova tecnologia enfrenta, além dos ajustes para melhorar, é a resistência. Lembro-me que, ainda na década de 90, e até mesmo no início dos anos 2000, os concursos públicos não aceitavam como título uma publicação que fosse feita na internet. Só valiam as publicações em revistas "de papel". Os artigos na internet, que eram chamados pelos editais pelo nome pejorativo de "publicações virtuais" não podiam sequer ser citados em bibliografias. Hoje, rimos de tudo isto.

O mesmo ocorre com a leitura e até o voluntariado na Wikipédia. É difícil para muitos entender que vale a pena escrever um artigo que poderá ser modificado no futuro por outros. Ou seja, muitos ainda preferem que seus artigos sejam imutáveis, mantenham eternamente os erros cometidos pelo autor e jamais sejam lidos. Enquanto isso, os próprios jornais e revistas vão se adequando à nova realidade, de um mundo de informações em constante mutação, já que é comum vermos uma notícia como a tarja de "editada"

Ser editor da Wikipédia proporciona a escrita de conhecimento que poderá ser lido daqui a duzentos anos. Proporciona contato com pessoas que jamais teríamos contato. Proporciona uma enorme aquisição de cultura geral. Proporciona estudo de línguas gratuito e melhor que qualquer curso. Portanto, como frisei acima, é uma atividade que, embora em princípio "não remunerada", pode nos trazer satisfação de diversos modos. Lembro-me que houve, recentemente, um debate sobre colocar ou não "editor da Wikipédia" e os artigos escritos no currículo. Houve consenso de que é uma habilidade que deve ser reportada numa busca de emprego. Até apareceu quem atribuísse a este fato um diferencial diante do mercado. Além de tudo, é uma forma divertida de passar um pouco do nosso tempo "livre".