Usuário(a):Fatima Elahmad/Testes/Q49866589, Obra de arte

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Nu
Fatima Elahmad/Testes/Q49866589, Obra de arte
Autor Eliseu Visconti
Data 1895
Gênero nu artístico
Técnica tinta a óleo, tela
Dimensões 165,5 centímetro, 165 centímetro x 88,7 centímetro, 88 centímetro
Localização Museu de Arte de São Paulo


Nu é uma pintura de Eliseu Visconti. A sua data de criação é 1895. A obra é do gênero nu artístico. Encontra-se sob a guarda de Museu de Arte de São Paulo.[1][2][3]

Análise[editar | editar código-fonte]

Nú é uma pintura de 1895, óleo sobre tela com dimensões de 165x88cm. A julgar por suas dimensões, a pintura deve ter sido pensada para concorrer aos salões de Paris, porém com suas partes inconclusas, não ficou pronta para ser submetida ao júri do Salon, ou o pintor pode ter desistido deste objetivo, julgando seu tema – a Vaidade, pela presença do espelho – já muito desgastado. Os pés e pernas da modelo ficaram incompletos, assim como o seu entorno, na parte inferior da tela, inclusive com uma mesinha redonda apenas delineada à esquerda. O arremate redondo e dourado do gradil,  no qual a jovem apoia a mão que segura o espelho, é um detalhe comum a outras duas pinturas de Visconti [P312, P315], que revela ser a mesma cama retratada nas três pinturas.

A obra está localizada no acervo do MASP, segundo seu catálogo em 1998, a pintura deu entrada no seu acervo em 1966. Porém, de acordo com a anotação no verso de uma fotografia da solenidade de incorporação desta obra ao acervo, o evento aconteceu em 9 de janeiro de 1967. Na foto do arquivo do MASP, aparecem, ao lado do quadro, entre outras pessoas, Assis Chateaubriand sentado na cadeira de rodas, e o prefeito Faria Lima. Em matéria publicada na edição de 11 de fevereiro de 1967, a revista “O Cruzeiro” destacou o evento. No verso de outra foto do mesmo evento encontrada no MASP, está registrado: “Um dos quadros mais importantes de Eliseu Visconti, “Grande Nu”, oferecido pelo industrial pernambucano João Santos”. Realmente, essa pintura bem merece a designação de Grande nu, pois é o maior de Visconti, que se tem notícia até hoje; excetuando-se, claro, as grandes composições que incluem o nu, mas são na verdade composições históricas: A Recompensa de São Sebastião [P331]; oo [P333] e A Providência guia Cabral [P332]. Um detalhe do rosto da modelo aparece no cartaz criado por Willis de Castro, para o Centenário da Semana de Arte de 1922, reconhecendo Visconti como um precursor do modernismo brasileiro.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Com 27 anos, nessa época Visconti estava em uma fase de aperfeiçoamento de seus trabalhos, pela primeira vez na Europa com olhos já treinados para imaginar efeitos de cores, recortes e ângulos arranjados de forma original. De imediato, ele começou a registrar suas primeiras impressões: em madeira de caixa de charutos, fixou sua visão da Torre de Belém, de Lisboa, por onde teria acesso a Paris, a cidade indicada por seus professores para seu estágio de aperfeiçoamento. Seus antigos professores lhe proporcionaram a oportunidade de estar na École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts[4]. E o itinerário mais comum e eficaz para essa conquista era através das academias independentes do ensino oficial, dentre as quais a Julian era a mais famosa. No seu certificado de admissão à École [1], o pintor brasileiro é apresentado como aluno de Bouguereau e Ferrier, e podemos vê-lo entre outros colegas nos dois ateliers masculinos da Académie Julian, em fotos de 1893. Classificado em 7º lugar, ao final das provas de admissão à École, Visconti gozava de uma situação privilegiada na hierarquia dos alunos, e nas aulas ocupava um dos lugares mais próximos ao modelo. Esta posição acentua o ângulo de visão de baixo para cima, o que ficou registrado nas quatro academias desenhadas do acervo do MNBA[5]. Tendo provado à comunidade artística brasileira que era capaz de ser admitido no ensino oficial francês, e com brilhantismo, não tinha porque se desgastar naquele ambiente extremamente competitivo e desagradável, dos concursos de emulação propostos pela École. Afinal, Visconti já gozava do seu prêmio de viagem e, para cumprir com suas obrigações como bolsista, a Académie Julian[6] lhe servia perfeitamente.

Essa época além de ser a primeira vez do artista em Paris, Visconti ganhou a sua primeira medalha em prêmios internacionais. Entre maio e outubro de 1893, ele participa da World’s Columbian Exposition, em Chicago, EUA, e recebe uma medalha pelas oito paisagens a óleo exibidas, as quais haviam sido criadas ainda no Brasil. Visconti continuou praticando na Julian, onde mantinha contato com os mesmos professores da École, por quase todo o seu tempo de pensionista do Estado Brasileiro e ali produziu a maioria de suas academias que hoje conhecemos: tanto aquelas que foram enviadas aos seus professores como obrigação do primeiro e segundo anos de estágio, e podem ser vistas no Museu Dom João VI [7]e no MNBA, como aquelas que se encontram em coleções particulares. Ainda entre 1893 a 1900, o artista deixa a École e se preparava para enfrentar o temido júri do Salon de la Société des artistes français pela primeira vez, com as obras A Leitura e No Verão. Ele exporia ainda no Champs-Elysées mais duas vezes: Comungantes e Retrato do Maestro Alberto Nepomuceno, em 1895, e no ano seguinte, A Convalescente e Nu deitado. Notamos que o pintor brasileiro procurava sempre experimentar cada um dos temas em voga na Paris do fin de siècle. Porém, o fazia sempre respeitando sua individualidade e aproveitando estrategicamente suas habilidades artísticas.

A partir de 1897, Visconti passa a expor suas obras no Salon de la Société nationale des beaux-arts, por três anos consecutivos. No primeiro ano, foram expostos dois nus que confirmavam sua sensibilidade e aptidão para tratar um gênero tão corriqueiro naqueles tempos: Fatigada e Sonho místico, este último, que apresenta um magistral escorço da coxa, revela no seu título e no detalhe dos lírios, sua inspiração simbolista.

Todas essas obras expostas em Paris foram depois enviadas pelo bolsista para figurarem nas primeiras Exposições Gerais de Belas Artes (EGBA) organizadas pela ENBA, ao lado de outras mais despretensiosas, especificamente nos anos de 1894, 1896 e 1898. Essas exibições já foram suficientes para registrar um novo patamar de reconhecimento por parte da crítica carioca, com alguns trechos das crônicas publicadas nos jornais.

Recepção[editar | editar código-fonte]

Na época da obra nú, Visconti ainda estava em fase de aperfeiçoamento e estudando, e com o espírito aberto às inovações, modifica sua pintura tanto na temática quanto na execução da composição, adquirindo as técnicas do impressionismo e assimilando as leituras contemporâneas do simbolismo e do art-nouveau, mas utilizando esses estilos de forma muito pessoal, não significando um rompimento com a tradição nem com os ensinamentos adquiridos no Brasil. Seu destaque como artista foi efetivo em 1901 quando organiza a sua primeira exposição individual na Escola Nacional de Belas Artes[8], no Rio de Janeiro. Além das telas a óleo trazidas da França, expõe os trabalhos de design. Em 1903, leva sua exposição a São Paulo e participa com 16 projetos do concurso de selos postais organizado pela Casa da Moeda. Os projetos de Visconti vencem o concurso e são publicados com elogios no Brasil e no exterior, inclusive na revista francesa “L’Illustration”. Mas os selos de Visconti jamais seriam impressos, o que causou grande mágoa ao artista. A pioneira incursão de Visconti pelo design incluiu ainda cartazes, cerâmicas, tecidos, papéis de parede, vitrais e luminárias. Essa primeira exposição de Visconti teve uma boa acolhida entre os críticos da época, o que levou ao prefeito Pereira Passos, em 1905 lhe fazer um convite de executar todas as pinturas da sala de espetáculos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Entre 1908 e 1922 Visconti se se fixa no Brasil e faz varias coisas, dentre elas é se tornar professor da cadeira de Pintura na Escola Nacional de Belas Artes, é agraciado com a Medalha de Honra na Exposição Comemorativa do Centenário da Independência, realiza na Galeria Jorge, em 1926, nova exposição de design, reapresentando os trabalhos antigos e expondo agora os selos postais premiados em 1904, bem como o ex-libris e o emblema da Biblioteca Nacional e leciona no curso de extensão universitária de artes decorativas da Escola Politécnica do Rio de Janeiro.

Referências

  1. https://masp.org.br/acervo/obra/nu-1
  2. https://eliseuvisconti.com.br/obra/p303/
  3. https://eliseuvisconti.com.br/obra/P303
  4. «École nationale supérieure des Beaux-Arts». Wikipedia (em inglês). 8 de novembro de 2019 
  5. «Museu Nacional de Belas Artes (Brasil)». Wikipédia, a enciclopédia livre. 14 de agosto de 2019 
  6. «Academia Julian». Wikipédia, a enciclopédia livre. 27 de outubro de 2017 
  7. «Museu Dom João VI». Wikipédia, a enciclopédia livre. 10 de setembro de 2019 
  8. «Escola Nacional de Belas Artes». Wikipédia, a enciclopédia livre. 16 de julho de 2019 


Categoria:Pinturas de 1895

Categoria:Pinturas de Eliseu Visconti