Usuário(a):Felipejaruche/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Cousas Cousas foi o termo empregado pelo autor galego Castelao para designar diferentes conceitos. Por uma lado, trata de um gênero literário a base de pequenos relatos, que ele mesmo desenvolveu e publicou com periodicidade variável na imprensa da sua época, ilustrando-os com desenhos criados especificamente para cada texto, complementando-se um ao outro. Por outro lado, é o título de dois livros que publicou, em 1926 e 1929, nos que recolhia estes relatos periodísticos. Finalmente, a denominação de Cousas da vida designa um número de desenhos com breve texto de rodapé, que publicou a partir de 1924 nas capas de Galicia e Faro de Vigo; uma parte destes desenhos foram posteriormente reunidos em seis livros publicados com o mesmo título.

O Livro[editar | editar código-fonte]

Cousas é uma transcendente interpretação de Galicia, uma exploração da sua problemática socioeconómica mediante o desfile de diversos personagens arquetípicos, que em muitos casos representam os setores mais marginalizados: anciãs abandonadas, pessoas imersas na miséria, cegos, velhos, marinheiros etc. Cada cousa está composta por um texto e uma ilustração complementar que compõem o fundo dramático dos casos desenvolvidos. O texto aborda brevemente assuntos, geralmente sobre o ambiente das pessoas do campo ou do mar, de temática variada, sintéticos, comprimidos mediante uma técnica narrativa semelhante a que Castelao emprega nos seus desenhos: traços firmes e limpos que denotam o objeto que se achega em primeiro plano, enquanto que o resto da informação é pura conotação, sugestão.

A fórmula empregada por Castelao nesta sua obra é muito original, um novo gênero que ultrapassa o limite do exclusivamente literário para, com a ajuda da imagem, narrar acontecimentos em que se veem inseridos diferentes personagens com cuidado especialíssimo da frase e da palavra, a qual resulta por vezes em um inusitado lirismo. A cousa é a manifestação mais completa do estilo de Castelao, é em si mesma um estilo, pois está presente em toda a sua narrativa, até o ponto de podermos explicar a estrutura de Retrincos e, em menor gral, Un ollo de vidro ou Os dous de sempre, como uma compilação de cousas. Nestes dois últimos títulos existe um fio condutor que relaciona os elementos sucessivos da narração enquanto que en Cousas ou Retrincos os distintos capítulos são unidades narrativas totalmente independentes.

Cousas[editar | editar código-fonte]

Entre 1919 e 1927, Castelao publicou em diferentes periódicos um total de 58 textos que podemos clasificar sob o estilo comum de cousas. Estes textos costumavam ir sair sem título, mas contendo as referências "Contos de Castelao" ou "Coisas de Castelao" (ou, simplesmente, "Coisas"). Em 1926 publicou, na Editorial Lar, um primeiro livro, com o título de Cousas que compreendia 18 daqueles textos mais alguns novos e uma introdução, "A carón da natureza". En 1929 publicou, na editorial Nós, um segundo livro de Cousas, com 33 textos. Em 1934, também na editorial Nós, publicou uma recompilação dos dois livros anteriores, incluíndo no total 44 textos e a introdução já citada; esta edição conjunta foi a que se reeditou posteriormente.

Quase todas aquelas cousas publicadas na imprensa passaram a formar parte destes livros citados, junto com outras de nova criação (não publicadas anteriormente). Três cousas ficaram reservadas para Retrincos e outras três, estas com notáveis modificações, converteu-se em capítulos de Os dous de sempre. Outros oito não se publicaram em livro.

Comparando a escrita de cousas na imprensa e no livro compilado, comprova-se que Castelao foi introduzindo diferentes modificações ao longo do tempo, desde a sua primeira publicação na imprensa até a publicação em livro, modificações que tanto foram simplesmente ortográficas ou menores, do tipo de substituição de uma palavra por outra, como também modificações mais profundas, adicionando ou suprimindo parte do texto. Muitas das ilustrações que acompanharam a cada texto também sofreram alguma modificação quando se trata de livros. Outro aspecto que mudou de um formato para o outro foram os títulos dos textos: nas primeiras versões, na imprensa, costumavam ir sem título ou designavam-se pelas primeiras palavras do texto. Estes títulos foram respeitados quando se converteram em livro, em alguns casos, ou mudaram completamente por outros novos.

Índice de Cousas[editar | editar código-fonte]

Na seguinte relação da edição de Monteagudo Obras, publicada no 2000 por ocasião do Ano de Castelao, indicando em cada caso o meio no que se publicou anteriormente, assim como algumas observações que podem ser de interese. Ruínas da "Aldea maldita" de Abuín.

  1. "A carón da natureza"
    • A modo de introdução, este texto serve ao autor para manifestar que empregou a literatura como meio de expressão devida a necessidade de comunicar mensagens que a pintura não pode expressar. Castelao usou-o como uma apresentação nas conferencias com objetivo de sua exposição. Parte do texto formava parte da conferencia Arte e galeguismo, publicada em 1919.
  2. "A Marquesiña"
    • Não publicada anteriormente.
  3. "A aldea esquecida"
    • Publicada, spbo o título de "Foi que nunha noite", em Nós, 30.12.1920.
    • Narra a lenda do desaparecimento do lugar de Abuín, na sua terra natal. Castelao cita outra vez esta lenda contada á sua avó quando escreve sobre as origens dos cruzeiros na obra As cruces de pedra na Galiza.
  4. "Os cruceiros"
    • Publicada com o título de "Reparáchedes nos nosos cruceiros?", em Nós, 1.03.1923.
  5. "O Rifante"
  6. "A procesión"
    • Publicada com o título de "Lembranzas" n' A Nosa Terra, 5.08.1919.
  7. "A ponte vella"
    • Não publicada anteriormente.
  8. "Martiño"
    • Não publicada anteriormente.
  9. "Un casamento"
    • Publicada com o título "Cousas da vida: o meu casamento", n'A Nosa Terra, 5.09.1919, e en Galicia (Vigo), 17.08.1924.
  10. "A dona encantada"
    • Publicada em Galicia (Vigo), 28.09.1924.
  11. "Novela"
    • Publicada em Nós, 31.01.1922, e em Galicia (Vigo), 14.09.1924. Na edição de Cousas 1926 apareceu sob o título "Ramón Carballo. Novela".
    • A origem desta cousa está na visita que Castelao fez o ano anterior, durante a sua estadia em París, à casa de um "osteologista", um homem que vendia ossos humanos e peles tatuadas (Diario 1921; 15 de marzo de 1921).
  12. "O alquilador"
    • Publicada na Galicia (Vigo), 2.11.1924, e Céltiga, 30.12.1924.
  13. "Na vellez"
    • Não publicada anteriormente.
  14. "A siña Sinforosa"
    • Publicada na Galicia (Vigo), 26.10.1924, e n' A Nosa Terra, 1.11.1924.
  15. "O profundador"
    • Publicada em Céltiga, 28.02.1925.
    • O protagonista, um barbeiro de Rianxo que gostava de se aprofundar, já fora citado no diario que Catelao escreveu da viagem pela Europa: "E xa que me puxen a profundar –como decía un barbeiro de Rianxo..." (Diario 1921, 30 de setembro de 1921).
  16. "A tola do monte"
    • Publicada em Nós, 30.11.1920.
  17. "O aparello dos apóstoles"
    • Publicada em 'A Nosa Terra, 25.09.1919, e en Céltiga, 30.01.1925.
  18. "O ichaviño"
    • Publicada na Galicia (Vigo), 8.02.1925.
  19. "Os nenos"
    • Não publicada anteriormente.
  20. "Si eu fose autor"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 10.04.1927.
    • Castelao já apresentara ideas para criar um Teatro da Arte, das que já formava parte o desenvolvimiento desta cousa. A origem pode ser encontrada em uma anedota que ouviu em París na sua viagem em 1921: "Hoxe contoume un francés o disgusto dunha señora fidalga de París por morrérselle... un canciño. ... Eu lembreime de camiño dos contos que se contan en galego de quen se lle morre unha vaca ... Amostrar istes dous sentimentos dá motivo pra un conto" (Diario 1921; 27 de maio de 1921). Já em 1922 utilizou esta mesma ideia para uma das suas Cousas da vida publicada na Galicia (Vigo) com seguinte título: "¡Probiña! Morreulle un canciño que lle chamaban Fifí...".
  21. "Esa fiestra non é un ollo da casa"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 21.11.1926.
  22. "Foi por segui-los mandados"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 17.04.1927, e en Céltiga, 25.06.1927.
  23. "Chegou das Américas"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 5.06.1927.
  24. "No mar había un afogado"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 23.01.1927, e en Céltiga, 23.07.1927.
  25. "A vella non para de gaba-la súa felicidade"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 20.02.1927, e en Céltiga, 10.06.1927.
  26. "Manter un animal"
    • Publicada sob o título "Matar un animal", en El Pueblo Gallego, 14.11.1926, e en Céltiga, 10.05.1927.
  27. "Xa van alá moitos anos"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 29.05.1927, e em Céltiga, 25.09.1927.
    • Segundo a biografía feita por Paz Andrade, este foi um caso real que ocorrido com o farmacéutico pontevedrense Perfecto Feijoo, de quem Castelao toma o relato.
    • Em 1931, o cineasta José Signo baseou-se neste texto para realizar o primeiro longa-metragem galego de ficção, ainda mudo e com legendas em espanhol, entitulada La tragedia de Xirobio, que não chegou a estrear até o 2003. O filme foi restaurado pelo Centro Galego de Artes da Imagem a partir de sete rolos encontrados casualmente em 1995 pelo Cine Club Universitário de León, completados com material procedente da Filmoteca Nacional .
  28. "O vello “Saramaguiño”"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 19.12.1926.
  29. "Semellante a un frade"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 6.03.1927.
  30. "O burro non bulía nin chisco"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 28.11.1926.
  31. "O pai de Migueliño"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 17.10.1926.
    • Baseando-se neste argumento, Miguel Castelo (Ramirás, 1946) realizou um curta-metragem de 13 minutos, com o mesmo título, em 1977
  32. "Romualdo"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 22.05.1927.
  33. "Nunha eirexa da montaña"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 9.01.1927.
  34. "O fillo de Rosendo"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 26.12.1926.
  35. "Era un meniño de manteiga"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 16.01.1927.
  36. "Don Froitoso"
    • Publicada com o título de "Don Fructuoso", em El Pueblo Gallego, 27.02.1927, e Céltiga, 10.09.1927.
  37. "Amigo meu"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 13.03.1927.
  38. "Esta morea de pedras e tellas"
    • Publicada com o título de "A vella Fanchuca", em Nós, 25.07.1926.
  39. "Doña Florinda casouse"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 24.10.1926.
  40. "Dende a fiestra da torre"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 12.12.1926.
  41. "Ese rapaz saído das miñas lembranzas"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 7.12.1926.
  42. "O señor Antón"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 10.07.1927, e en Céltiga, 10.11.1927.
  43. "O bruxo da montaña"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 31.10.1926.
  44. "Nunha rúa dun porto lonxano"
    • Publicada com o título de "Nunha rúa dun porto de Amberes", en El Pueblo Gallego, 8.05.1927.
  45. "Vou contarvos un conto triste"
    • Publicada em El Pueblo Gallego, 5.12.1926.


Categoria:O Livro Cousas