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Usuário(a):Ftfern/Testes

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Roteiro Literário "Caminhos de Ferreira de Castro"

Definição

Concebido pelo Centro de Estudos, tem por base textos do escritor sobre Ossela; a sua elaboração teve como objectivo a “promoção da literatura em roteiro, para desenvolvimento económico, social e cultural, além de procurar contribuir para a preservação ambiental do meio rural”. O Roteiro é composto por 34 Estações, dispostas ao longo de 12.89 km (pedestre), nos quais é possível visitar espaços de vivência e de inspiração literária de Ferreira de Castro: Casa Museu, a escola primária, a Igreja Velha (onde foi baptizado e fez a comunhão), o rio Caima (local onde tomava banho durante o segundo recreio escolar e na companhia dos colegas), o Castro, o chafariz de Vermoim (onde brincava com o arco do pipo), o Vale de Ossela, a serra da Felgueira, pontes, ribeiros, caminhos e carreiros, etc. Por falta de recursos, os elementos deste itinerário ainda não foram implantados (painéis, bancos, mesas, papeleiras e sinalética; mapa, catálogo e a tradução dos textos em várias idiomas); no entanto, tem sido percorrido por grupos de várias faixas etárias com guias e material de apoio facultado pelo Centro de Estudos.

Percurso A: destinado a portadores de “mobilidade reduzida”; poderá ser percorrido de automóvel (exclui-se o acesso às Estações 17 e 18); o Tempo calculado: 3h00 l Distância: 11.48 km

Percurso B: apesar de não ser difícil percorrê-lo, não deixa de ser exigente devido à tipologia do trajecto. Alguns troços deixaram de ser utilizados regularmente pela população há décadas. Contém calçadas, caminhos, carreiros, travessia de ribeiros e pontes, subida e descida de rampas, entre outros; também uma centenária (julga-se que entre 300 a 400 anos) ligação entre as margens do rio Caima, denominada “Cinco Pontes”, na qual, na infância de Ferreira de Castro, também passavam os funerais porque era a única ponte condigna. o Tempo calculado: 4h00 l Distância: 12.89 km

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Estação nº 1

Localização: Rua Ferreira de Castro, n.º 1620 - lugar de Salgueiros Local de implantação: Quinta Ferreira de Castro. Debaixo do patim da escadaria e encostado a esta. Coordenadas GPS: 40°50'13.21"N 8°25'42.34"W Distância total: 0 Km (pedestre) / 0 Km (automóvel). Próxima Estação: 3 m.

Primeiras recordações

«Eu nasci a 24 de Maio de 1898. […] É em 1902 que começo a povoar o museu da minha vida, a decorar a galeria das recordações. Foi numa tarde de sol — tarde de luz forte que eu vejo ainda — que dei início à tarefa. Eu brincava na estrada amarela que corria ao longo da casa onde nasci. A diabrura que pratiquei, desvaneceu-se no esquecimento; mas lembro-me, sim, que minha mãe, saindo do quinteiro e agarrando-me por um braço, castigou-me. Passava na estrada, enxada ao ombro, um homem alto, bigodes retorcidos, festonando as faces trigueiras. Deteve-se, sorriu e disse: — Assim é que é, senhora Mariquinhas! Nessa idade é que eles se ensinam. Odiei aquele homem. Porquê, em vez de me proteger com a sua força, ele estimulava minha mãe a castigar-me ainda mais? Porque era ele tão mau e porque sorria vendo-me sofrer, se eu nunca lhe tinha feito mal? É esta a minha primeira recordação. E foram de ódio e de sofrimento as primeiras sensações que a vida me deu. Eu tinha quatro anos e meio.»2 Um dia «deixei-me fascinar por um jogo infantil e roubei em casa uma colecção de botões, que era de grande estimação e que me valeu um severo castigo, logo repetido quando comecei a vender, ocultamente, para comprar fogos de S. João, várias lunetas que estavam guardadas na nossa velha escrivaninha.»3 «Sempre que eu regressava da escola, davam-me em minha casa O Comércio do Porto e diziam-me: — Vê lá! Vê lá se sabes ler! Pequenito, seis a sete anos, já com o vírus precoce do sonho, eu ia soletrando, primeiro; depois, com a passagem dos meses, lendo, e, por fim, admirando...»4

Notas de rodapé:

2 Ferreira de Castro, «Memórias [1931]», Jaime Brasil, Ferreira de Castro e a Sua Obra, Livraria Civilização, Porto, 1931, p. 8. 3 Ferreira de Castro, «Memórias [1931]», Jaime Brasil, Ferreira de Castro e a Sua Obra, Livraria Civilização, Porto, 1931, p. 9. 4 Ferreira de Castro, «O segredo das nossas derrotas – Como eu fui preso no Limoeiro», Grandes Repórteres Portugueses da Ι República, Foto Jornal, Lisboa, 1986, p. 93.

www.ceferreiradecastro.org

Carlos Alberto Castro, Presidente da Direcção do Centro de Estudos Ferreira de Castro.