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Boletopsis nothofagi
Boletopsis nothofagi
Estado de conservação
Em perigo (IUCN 3.1)
Classificação científica
Domínio: Eucariota Reino: Fungi Divisão: Basidiomycota Classe: Agaricomycetes Ordem: Thelephorales Família: Bankeraceae Gênero: Boletopsis Espécie: B. nothofagi
Nome binomial
Boletopsis nothofagi J.A.Cooper & P.Leonard (2012)

Boletopsis nothofagi é uma espécie de fungo da família Bankeraceae. A espécie forma basidiocarpos cinzentos que crescem em aglomerados. Como todas as espécies de Boletopsis, tem uma superfície porosa na parte inferior do píleo, mas difere de outras espécies de Boletopsis por ter características como esporos alongados e uma descoloração verde quando manchada com hidróxido de potássio. Boletopsis nothofagi é endêmico à Nova Zelândia e tem uma associação micorrízica com o Nothofagus fusca. Não se sabe quando exatamente o fungo forma seu basidiocarpo, mas até agora foi encontrado apenas em maio, durante o outono no hemisfério sul.

A primeira descrição de B. nothofagi foi publicada em 2012 por Jerry A. Cooper e Patrick Leonard. Estudos de DNA do fungo sugerem que ele é um membro um tanto basal do gênero Boletopsis. O fungo é provavelmente uma espécie nativa da Nova Zelândia e estava presente lá antes da chegada dos europeus. Como é muito raro e possivelmente ameaçado, B. nothofagi está listado na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas como uma espécie em extinção.[1]

Taxonomia

Em 2009, uma espécie desconhecida de Boletopsis foi descoberta no vale de Ōrongorongo perto de Wellington, Nova Zelândia. Em 2010, o fungo foi reencontrado no mesmo local e também descoberto na Ilha Sul. Comparações morfológicas e análises moleculares de outras espécies do gênero sugeriram que o fungo não poderia ser atribuído a nenhum representante conhecido do gênero, e por isso foi descrito pelos micologistas Jerry A. Cooper e Patrick Leonard como uma nova espécie. A descrição da espécie Boletopsis nothofagi apareceu na revista MycoKeys em 2012. Os dois autores escolheram o epíteto nothofagi com base na característica do fungo como simbionte micorrízico de Nothofagus fusca. Hifas inchadas e esporos lisos mostram que B. nothofagi é um membro do subgênero Boletopsis no gênero Boletopsis.[2]

Boletopsis nothofagi é um representante geneticamente claramente diferenciado do gênero Boletopsis, que de acordo com as investigações de Cooper e Leonard se separou relativamente cedo do precursor da maioria das outras espécies conhecidas. Apenas uma espécie norte-americana, B. leucomelaena, se ramifica de sua árvore filogenética ainda mais cedo. No entanto, as relações entre muitas das espécies não foram totalmente resolvidas no estudo, portanto, no futuro, novas espécies podem ser descritas.[3]

Descrição

Os corpos frutíferos de Boletopsis nothofagi geralmente crescem em tufos e raramente individualmente. Eles têm uma tampa com haste central. A tampa é convexa, medindo 10–80 mm (0,4–3,1 pol.) De largura e 5–22 mm (0,2–0,9 pol.) De altura. Em espécimes jovens, a borda da tampa é ligeiramente dobrada, enquanto a tampa dos corpos de frutificação mais velhos geralmente se enrola. A cutícula do gorro é de cor cinza e sua textura varia de lisa a levemente fibrosa. Pontos de pressão ou arranhão ficam mais escuros e eventualmente escurecem.[4]

As estipes são em forma de taco a cilíndricas, afinando ligeiramente em direção à base e à tampa, com uma altura de cerca de 20–60 mm (0,8–2,4 pol.) E uma espessura de 10–25 mm (0,4–1,0 pol.). O estipe é liso e seco na superfície e tem uma textura firme no interior. As estipes têm uma cor semelhante à da tampa e mostram as mesmas respostas ao dano.[4]

O himênio branco e poroso tem uma espessura de 1 a 2 mm e fica marrom quando machucado. Por milímetro, existem dois a três poros quadrados. Quando seco, a cor do himênio torna-se marrom-rosada. O himênio se estende ligeiramente para baixo no estipe e é nitidamente definido. O tecido seco tem cheiro semelhante ao feno-grego. A morfologia da micorriza ainda não foi descrita; no entanto, como acontece com todos os outros tipos de Boletopsis, é provável que seja ectomicorriza.[4]

Características microscópicas

Boletopsis nothofagi tem uma estrutura hifálica monomítica, em que todas as hifas são hifas generativas, que servem ao crescimento do fungo. A tampa, quando vista ao microscópio, é claramente diferenciada e consiste em uma cútis, uma camada de hifas orientadas dispostas radialmente. Eles têm até 2 µm de espessura, são pigmentados de marrom e cobertos por pequenos grânulos de formato irregular. Tornam-se verdes quando coradas com hidróxido de potássio (KOH), característica diagnóstica do gênero. O subcutâneo consiste em hifas inchadas de até 6 µm de espessura. Estes são de paredes finas, preenchidos com gotículas de óleo e possuem conexões de braçadeira nos septos. A camada himenial possui estruturas de cistídios porosos medindo 4 por 80 µm. Os basídios de B. nothofagi são pleurobasídios que surgem nas laterais das hifas. Eles são cilíndricos em forma de clube, 5–10 por 20–30 µm de tamanho e presos na base. Os basídios apresentam sempre quatro esterigmas, nos quais se situam esporos finos e castanhos claros. Os esporos são irregulares, com extremidades achatadas e formato alongado. Em média, eles medem 5,3 por 4,1 µm.[4]

Distribuição

A gama conhecida de Boletopsis nothofagi é limitada a duas áreas estreitamente definidas da Nova Zelândia, uma na Ilha do Norte e outra na Ilha do Sul. Essas áreas estão no Rimutaka Forest Park, perto de Wellington, e Saint Arnaud, na parte norte da Ilha Sul. Esses locais são relativamente distantes uns dos outros e isolados, o que, juntamente com sua ausência no restante da Nova Zelândia, torna improvável que a espécie seja uma importação recente. É mais provável que a espécie seja nativa da Nova Zelândia e tenha sido negligenciada em pesquisas anteriores devido à sua raridade.[5]

Boletopsis nothofagi é o membro mais meridional do gênero Boletopsis e, desde 2013, o único membro conhecido do gênero no Hemisfério Sul; seus parentes mais próximos são encontrados na Ásia e na Costa Rica.[5]

Ecologia

A ocorrência de Boletopsis nothofagi parece estar fortemente ligada à ocorrência da faia do sul Nothofagus fusca, uma espécie de Fagales endêmica da Nova Zelândia. B. nothofagi foi encontrado exclusivamente em florestas de N. fusca espalhadas pela Nova Zelândia abaixo de 37° S. O fungo forma uma associação micorrízica com as árvores de N. fusca, na qual as hifas do micélio do fungo envolvem as raízes da árvore e penetram no córtex, mas não em suas células. Posteriormente, B. nothofagi assume a função de pêlo radicular e direciona água e nutrientes do solo para a árvore. Em contrapartida, o fungo pode, por meio do contato com o tecido radicular, acessar os produtos da fotossíntese da árvore. Até agora, os corpos frutíferos da espécie sempre foram encontrados em maio, final do outono no hemisfério sul.[4]

Pouco se sabe sobre as exigências do habitat – como umidade, temperatura, composição do solo e teor de água – de B. nothofagi. No entanto, como a espécie parece ocorrer apenas em conjunto com N. fusca, deve atender amplamente às suas demandas. A espécie de árvore prefere terras baixas e colinas ao longo dos vales dos rios e geralmente cresce em solo rico em nutrientes e bem drenado. É mais provável que a espécie seja encontrada no interior do que nas regiões costeiras.[6]

Estado

Segundo Cooper e Leonard, o fato de Boletopsis nothofagi só ter sido encontrado 200 anos após a colonização europeia da Nova Zelândia ilustra a raridade dessa espécie, embora também seja possível que a descoberta tardia tenha sido causada por frutificação rara ou pouco frequente. Os autores assumem que a espécie ocorre de forma muito esparsa e que isso não pode ser atribuído à atividade humana. Embora não existam dados sobre tendências populacionais ou distribuição histórica do fungo, Cooper e Leonard consideram a espécie de acordo com o Sistema de Classificação de Ameaças da Nova Zelândia como "naturalmente incomum".[7]

Referências

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