Usuário(a):Jdaltro/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Localização das torri na Córsega[1]

A Civilização Torreana foi uma cultura megalítica da Idade do Bronze que se desenvolveu na Córsega, principalmente na área ao sul de Ajaccio, durante a segunda metade do segundo milênio a.C.

História[editar | editar código-fonte]

Torre em Ceccia.
"Castelo" em Cucuruzzu.

As edificações características dessa cultura são as torri (torres), estruturas megalíticas semelhantes aos nuragos da Sardenha, embora sejam menores e menos impressionantes; delas a civilização recebeu seu nome. Há também os castelli (castelos), edificações mais complexas, que incluem muralha, torre e pequenos alojamentos.

De acordo com investigações preliminares conduzidas durante os anos 1950 pelo acadêmico francês Roger Grosjean, a civilização Torreana começa quando, nos fins do segundo milênio a.C., os Povos do Mar, também conhecidos como Sherden, chegaram à ilha, provenientes do Mediterrâneo Oriental, e subjugaram a população megalítica nativa. Os sherden trouxeram a metalurgia para a ilha e construíram as torri, que Grosjean acredita terem sido templos dedicados ao culto do fogo e dos mortos. Eles também ergueram estátuas em forma de menires, representando seus líderes armados de espadas e capacetes com chifres, semelhantes àquelas que os sherden imortalizaram no templo de Medinet Habu, no Egito.[1]

Atualmente, a civilização Torreana é considerada uma civilização indígena, resultado de uma evolução local que se iniciou no Neolítico[2], com possíveis influências da cultura Bonnanaro, da Sardenha, da Cultura Polada, do norte da Itália, e Cultura Apenina, do centro da Itália[1][3][4]. De fato, de acordo com a moderna datação, as primeiras torres e castelos foram feitos um milênio antes do que julgava Grosjean, nos fins do terceiro milênio a.C., ao mesmo tempo, ou mesmo antes,em que apareciam or primeiros protonuragos na Sardenha[5]. Ao contrário, também, do que julgava Grosjean, a metalurgia já existia na Córsega séculos antes da suposta chegada dos Povos do Mar na região de Porto-Vecchio."[1] O sítio de Terrina, perto de Aleria, mostra que o processamento do cobre já se espalhara na ilha desde os primeiros séculos do terceiro milênio a.C.

Entretanto, alguns acadêmicos ainda pensam que os sherden possam ter migrado para a Córsega, embora vindos do Oeste e não do Leste[6], dirigindo-se depois ao Mediterrâneo Oriental para praticar a pirataria, possivelmente pagos pelos senhores de Micenas[1].

Dolmen de Funtanaccia, Sartène

Durante a Idade do Ferro, as torres e os castelos ainda eram ocupados[7], mas as relações com a Sardenha tornaram-se mais difusas (as bronzetti, estatuetas típicas da Sardenha nurágica, não são encontradas na Córsega), enquanto ao norte se acentuavam os contatos com a Toscana e a Ligúria.[8]

A civilização Torreana desaparece no meio do primeiro milênio a.C., quando a Córsega foi invadida por gregos da Foceia, pelos etruscos, pelos cartagineses e, por fim, pelos romanos.

Os povos torreanos provavelmente são identificáveis com os corsi, um povo que vivia na Córsega e no nordeste da Sardenha durante a época romana, descritos como um dos principais grupos étnicos das ilhas, junto com os ilienses e os balares, da Sardenha. Os corsi eram formados por várias tribos antigas que habitavam a Córsega: belatoni, cervini, cumanesi, licini, macrini, opini, subasani, sumbri, tarabeni, titiani e venacini.

Tribos corsi em potencial da Sardenha incluíam os corsi propriamente ditos (de onde vem o nome Córsega), que habitavam o extremo nordeste da ilha; e os longonensi e tibulati, que habitavam o extremo norte, ao redor da antiga cidade de Tibula.

Política[editar | editar código-fonte]

Não havia na sociedade Torreana uma organização política complexa, com um poder central forte; ao contrário, os vilarejos de cabanas agrupadas ao pé dos castelos antes indicam que se estruturava em pequenos chefes locais, que dominavam os vales[9].

Sociedade[editar | editar código-fonte]

Estátua menir from Tavera

As representações de estátuas antropomórficas refletem uma sociedade hierarquizada, liderada por uma classe de guerreiros cujas virtudes militares eram louvadas em tais monumentos.[3]

Religião[editar | editar código-fonte]

Não são conhecidas torres com função especificamente religiosa, tornando difícil identificar a possível existência de uma casta de sacerdotes; a religiosidade se expressava, como já o fizera antes, pela manutenção de lugares como os coffres (túmulos circulares, onde os restos mortais eram guardados em compartimentos de pedras chamados cists) e os dólmens.[3]

Economia[editar | editar código-fonte]

A economia baseava-se principalmente na agrigultura e na criação de animais, particularmente vacas, cabras e porcos. Na Córsega da Idade do Bronze houve uma expansão notável da metalurgia e do comércio com o Oriente, como evidencia a descoberta em Borgo (Alta Córsega) de lingotes de óxido de cobre e algumas contas de cobalto, bens trazidos de Chipre do do Mar Egeu, respectivamente. Entretanto, só houve descobertas esporádicas de bens de origem micênica, muito comuns na Sardenha.

Galeria de imagens[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e Kewin Peche-Quilichini - Les monuments turriformes de l'âge du bronzeen Corse: tentative de caractérisation spatialeet chronologique sur fond d'historiographie
  2. Jean Guilaine,Jean Zammit, The Origins of War: Violence in Prehistory p.16
  3. a b c Kewin Peche- Quilichini - L'âge du bronze de la Corse
  4. Kewin Peche-Quilichini, Révision desvaisselles chrono-culturelle de l'âge du Bronze de-Turrichju Filitosa (Sollacaro, Corse-du-Sud)
  5. Paolo Melis: the relations between the northern Sardinia and Corsica in the ancient Bronze age.
  6. Ugas 2005, p. 197.
  7. Zucca 1996, p. 34.
  8. Camps 188, p. 256.
  9. Costa 2004, p. 118.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Gabriel Camps, 1988, Préhistoire d’une île, Éditions Errance, Paris.
  • Laurent-Jacques Costa, 2004, Corse préhistorique, Éditions Errance, Paris.
  • Giovanni Ugas, L'alba dei nuraghi, Cagliari, Fabula Editore, 2006, ISBN 978-88-89661-00-0.
  • Raimondo Zucca, La Corsica romana, Oristano, S'Alvure, 1996, ISBN 9788873831266.