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Usuário(a):João José de Santana/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

No livro, Textos Escolhidos – Popper, percebe-se na reflexão do filósofo, Karl Popper, uma retomada a tradição grega do debate crítico como tentativa de explicar a teoria do conhecimento em suas bases científica. Segundo Popper, a nossa tentativa de ver e descobrir a verdade não são definitivas, mas passíveis de aprimoramento. Nosso conhecimento, nossa doutrina é conjectural, consiste em suposições e hipóteses e não em verdades definitivas e certeiras. O racionalismo crítico popperiano aponta para a crítica e o debate como os únicos meios de chegar mais perto da verdade. Para o pensador, o elemento de racionalidade nas tentativas de conhecer o mundo é o exame crítico das teorias. Popper ataca veemente o empirismo (doutrina ou teoria do conhecimento segundo a qual, todo conhecimento humano deriva, direto ou indiretamente, da experiência sensível externa ou interna), acusando-o de conhecimento sem autoridade. No seu modo de vista, o problema da validade do empirismo pode ser formulado dessa maneira: “será a observação a fonte suprema do nosso conhecimento da natureza?” “Se não for, quais as origens do nosso conhecimento?” O problema da origem do nosso conhecimento, de acordo com o filósofo, foi recentemente reformulado do seguinte modo: se fazemos uma afirmação, devemos justifica-la; isso significa que devemos estar aptos a responder às seguintes perguntas: Como você sabe? Quais são as fontes de sua afirmação? Para o empirista, estas questões equivalem a outra pergunta: Quais as observações (ou lembranças de observações) subjacentes à sua afirmação? Esta sequência de perguntas não pode chegar a uma conclusão satisfatória – porque nem todas as fontes podem ser observadas pelos olhos e ouvidos; tais observações dependem: de relatos de pessoas, de lugares, de coisas, de uso linguísticos, de convenções, etc. Isso leva a uma regressão infinita. Ou, em outros termos, leva a uma repetição de casos sem precedentes. Assim, não podemos rastrear o conhecimento até sua fonte última.

Inferir uma teoria como conhecimento definitivo da verdade significa, para o filósofo, romper com a regressão e, consequentemente, com o progresso do conhecimento científico. Suponhamos que cientistas americanos, por exemplo, vêm pesquisando há décadas a linhagem de cisnes e, em suas observações, percebeu-se a incidências de casos de nascimentos de cisnes apenas de cor branca: cisne (C1) é branco (B1), cisne (C2) é branco (B2), cisne (C3) é branco (B3), cisne (C1.000) é branco (B1.000), conclusão: “todos os cisnes são brancos”. Este exemplo da lógica empirista mostra, por meio da repetição de casos, a inferências às leis ou teorias como critérios de verdades definitivas.  Digamos que cientistas da USP, como no exemplo anterior, também vêm pesquisando a linhagem de cisnes e, em suas observações, descobriu-se o nascimento de um cisne preto – cisne (C1.001) é preto (P1.001), a aceitação de um contra-exemplo à afirmação – “todos os cisnes são brancos”, implica a falsidade da Lei “todos os cisnes são brancos”. 

“Enquanto uma teoria resiste a testes minuciosos e severos e não suplantadas por outra podemos dizer que ela “provou seu valor” ou foi corroborada pela experiência”. Isto é, o valor de uma teoria se dá pela refutabilidade. Em síntese, para o filósofo todo conhecimento é falível, corrigível, provisório. O conhecimento científico é construído e não descoberto com base em conjuntos de dados empíricos. A refutabilidade demarca a ciência da não-ciência e a crítica de toda e qualquer teoria permite o aprimoramento do conhecimento científico.