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Narcisa Emília O'Leary
Nascimento 1770
Cork
Morte 1829 (59 anos)
Nacionalidade  Brasileira

Nascida em Cork, importante cidade marítima no sul da Irlanda, em 1770, Narcisa Emília O'Leary foi esposa de José Bonifácio de Andrada e Silva, o "Patriarca da Independência". Ela faleceu em 1829, em uma viagem de volta ao Brasil.

Natural da Irlanda e órfã de pai e mãe, imigrou ainda criança para Portugal junto com sua tia, Isabel O'Leary. A migração provavelmente aconteceu devido à forte repressão dos protestantes ingleses contra os católicos da Irlanda, à época sob o domínio da Inglaterra.

Narcisa O’Leary conheceu José Bonifácio em 1788, após ele se mudar para Lisboa, para cursar a Universidade de Coimbra. Segundo a certidão de casamento, encontrada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, casaram-se em 31 de Janeiro de 1790, ocasião em que Narcisa contava com 20 anos de idade. Alega-se que, para a documentação do casamento, ela não  conseguiu se lembrar dos nomes de seus pais, nem detalhes sobre seu batismo.

No mesmo ano do matrimônio, Bonifácio inicia uma viagem científica que duraria 10 anos e compreenderia vários países da Europa. Grávida da primeira filha, Narcisa o aguarda em Portugal. Durante os anos de de 1796 e 1797, ela obtém salvo-condutos para encontrar o marido na Suécia e na Noruega. Com o fim da viagem, em 1800, o casal volta para Portugal, onde se estabelecem. Juntos, tiveram duas filhas: Carlota Emília d'Andrada e Gabriela Frederica Ribeiro d'Andrada.

Retornando a Portugal, José Bonifácio fica sobrecarregado com muitos cargos.  Numa carta destinada ao marido, datada em agosto de 1816, Narcisa transparece os cuidados com a filha que adoecera e também escreve: “Quando será, meu caro Andrada, que nos veremos contentes a sem aflições?  Posso eu não as sentir longe de ti?” Ela assina a carta como “tua amante”.

Com a aposentadoria de Bonifácio em 1819, nos cargos na administração portuguesa, o casal e as filhas vêm para o Brasil - acompanhados também de Narcisa, outra filha de José Bonifácio, concedida antes do casamento dele com Narcisa O’Leary. Narcisa Emília O’Leary aceitou a filha do marido, de mãe desconhecida. Bonifácio nomeou a filha bastarda com o mesmo nome da esposa para agradá-la. No testamento do Patriarca, de 1834, lê-se: “Declaro mais que tenho outra filha natural, chamada D. Narcisa Cândida d´Andrada, a quem sempre reconheci e criei como verdadeira filho e se acha legalmente legitimada”. Um passaporte datado em 19 de agosto de 1819 registra a mudança de toda família para o Brasil. A família se instala no Rio de Janeiro, capital do Império.

Após passarem pela Rio de Janeiro, a família vai para Santos em princípios de 1820 e por algum tempo morou na Rua Direita (hoje XV de Novembro) e se estabelece no sítio dos Outeirinhos (onde hoje, junto do cais, está a imagem de Nossa Senhora de Fátima, a qual o povo chama de “a Santa”).  José Bonifácio dedica-se com entusiasmo à agricultura, usando mão-obra livre, aplicando seu abolicionismo. Lá, recebe familiares e amigos. Um deles, o alemão Von Eschwege, descreveu um alegre sarau, na casa de José Bonifácio, onde, segundo registros, Narcisa Emília cantou modinha com bela voz de contralto, ao som da guitarra.

Chamado por D. Pedro, José Bonifácio e a família mudam-se, em meados de 1821, para o Rio de Janeiro, onde, nomeado ministro, mergulha de corpo e alma complicado processo de Independência do Brasil.  Morando num grande sobrado no Largo do Rossio (hoje Praça Tiradentes). Narcisa Emília torna-se conhecida na Corte. Sua casa é freqüentada pelo imperador e D. Leopoldina e pela alta sociedade do Rio de Janeiro. A Viscondessa de Sepetiba, que a conheceu nessa época, escreveu: “senhora do fino trato, a todos atraia e enfeitiçava, pela amabilidade e bondade natural”. Maria Graham, notável viajante inglesa, referindo-se a José Bonifácio, escreveu: “Sua mulher é de origem irlandesa, uma O’Leary, senhora da maior amabilidade e gentileza...”  Esse “uma O’Leary” é significativo, pois indica uma origem de família conhecida.  Um estudo genealógico da família Andrada informa: “Dona Narcisa Emília O’Leary, linda e polida senhora de origem irlandesa”. Venâncio Neiva, historiador, a ela referiu-se: “Narcisa Emília cuja beleza física e moral, seus delicados sentimentos se tinham fixado duradouramente”.  Em entrevisto ao jornal O Tamoio quando de uma crise política em 1823, José Bonifácio declarou que desejava ir para o retiro dos Outeirinhos, de Santos, onde teria a presença de uma “amável” e virtuosa companheira que tinha”.

Após muitos anos de casado, Bonifácio escreveu sobre a mulher: “se tivesse mais fortaleza de alma e mais economia” teria dado ao casal mais felicidade...  minha mulher a quem a natureza não deu cabeça fria e nervos robustos”.

Nos cinco anos de residência no Brasil, de 1819 a 1823, viu o marido ser primeiro-ministro de Dom Pedro I e constituinte combativo, de maio a novembro de 1823. Dissolvido o parlamento, fez com ele e outros deportados a penosa e prolongada viagem do Rio de Janeiro a Bordéus.

Narcisa viu o marido ser preso, em 21 de novembro de 1823, após a dissolução da Assembleia Constituinte por D. Pedro I. Os prisioneiros, incluindo seus irmãos, Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, foram deportados para a Europa. Narcisa foi autorizada a acompanhar o marido, e a família viveu modestamente nas imediações de Bordéus, França, até 1829, quando receberam permissão para voltar do exílio.

O exílio foi uma fase tranquila do casamento. José Bonifácio, ocupado com livros, menciona a esposa várias vezes.  E faz poesia para Narcinda (pseudônimo transparente) a quem elogia em versos amorosos, inspirados no Cântico dos Cânticos de Salomão.

Em suas poesias, cita que Narcinda também tinha vontade de voltar, pois “da terna lira os sons enchem-lhe o peito de dor e saudade”.

Narcisa morreria subitamente, aos 59 anos, na viagem de volta ao Brasil, a bordo do navio francês "Phoenix ", apenas dois dias antes deste fundear no porto do Rio de Janeiro. Foi sepultada pelo marido no dia 27 de Julho de 1829, no Convento do Carmo. José Bonifácio não tinha dinheiro para as despesas. No testamento, escreveu: “Declaro que até a data de hoje [1834], por conta que me foi remetida, devo ao Sr. Luiz de Menezes Vasconcellos Drummond a quantia de quatro contos e dezoito mil e novecentos réis de prestações que me tem feito, entrando nelas o importe de minha passagem da França para o Brasil, e todas as despesas do funeral de minha falecida mulher”.

Os registros históricos sustentam que Narcisa O’Leary foi sempre fiel e companheira do marido, apesar de suas conhecidas aventuras extraconjugais, e segundo depoimentos da época, sempre foi uma esposa discreta, polida e virtuosa. Narcisa, durante os 39 anos de união conjugal, compartiu os momentos de glória e de infortúnio do esposo.

Notas

Referências[editar | editar código-fonte]

  • ANDRADE, Wilma Therezinha Fernandes de (2004). Narcisa Emília: uma irlandesa na vida de José Bonifácio. 30, n.81/82. Santos: Leopoldianum. pp. 11–28. ISSN 0101-9635 
  • O Tamoyo, nº 5, 2 de setembro de 1823, pág. 21

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


http://gogobrazil.com/familyrecords.html http://www.obrabonifacio.com.br/az/verbete/2/ http://gogobrazil.com/neoleary.html http://www.fundasantos.org.br/e107_files/public/01_-_a_tribuna_13_srie_jos_bonifcio.pdf http://unb2.unb.br/noticias/unbagencia/cpmod.php?id=94235