Saltar para o conteúdo

Usuário(a):Laura Quintal/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

“Conjunto escultórico de homenagem à Irmã Mary Jane Wilson”[editar | editar código-fonte]

O “Conjunto escultórico de homenagem à Irmã Mary Jane Wilson”, localizado no Jardim Municipal de Santa Cruz, sendo da autoria de Luís Paixão, sublinha a importância da mesma, em relação ao serviço prestado aos mais pobres, particularmente crianças, doentes e idosos; anúncio dos valores evangélicos através da educação e do serviço missionário.


Contexto Histórico

Não se conhece a data da fundação da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz, mas, consta que a 12 de Dezembro de 1505, Diogo Vaz, escudeiro do Infante e residente nesta localidade, fez o seu testamento em favor da Confraria do Senhor Jesus, em que mencionava uma pequena casa que possuía na “Rua do Calhau, contra o mar,” onde, segundo a sua vontade, seria instalado o Hospital dos pobres. Assim, foram lançados os alicerces para a fundação da futura Misericórdia de Santa Cruz, instituída mais tarde na década de 1520-1530.

Como a dita casa não tinha as condições necessárias para nela ser instalado um hospital, visto ser térrea, pequena e estar mal situada, a 2 de Fevereiro de 1526 foi trocada por outra, propriedade do fidalgo João de Freitas, Juiz da Confraria. Embora reunisse melhores condições – era de sobrado, tinha um quintal e um poço – não seria nela que ficaria instalado o primeiro hospital. O ano 1531 terá sido a data oficial da fundação da Misericórdia, que teve Jorge Rodrigues como primeiro Provedor ou Juiz.

No ano de 1888, a Misericórdia encontrava-se arruinada, de tal modo que era impossível receber doentes, necessitando de obras, que tiveram início em 1890, pagas com o dinheiro conseguido através de subscrições feitas no Funchal e em Santa Cruz, por intermédio da Irmã Mary Jane Wilson e alguns benfeitores. Foi na Capela da Visitação que Mary Jane Wilson, Maria Isabel de Sá e Maria Pereira Camacho, a 15 de Julho de 1891, fizeram a sua profissão de fé, fundando deste modo, a congregação das irmãs franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias. A Irmã Wilson foi uma grande ilustre, a quem o povo chamava de “Boa Mãe”, que se dedicou aos pobres e doentes e abriu a Farmácia do Hospital que funcionou durante muitos anos.

Foram muitos os que passaram pela Santa Casa da Misericórdia durante estes anos: provedores, religiosas, médicos, enfermeiras e gente anónima que deu o seu contributo para socorrer os mais carenciados. Na Misericórdia funcionou um Hospital, depois uma Maternidade (até 1977) e, posteriormente, o Centro de Saúde. No ano 2005 tiveram início as obras de reconstrução do edifício, inaugurado a 20 de Abril de 2007.


Questões técnicas e artísticas

1. Elaboração da escultura

Depois de ter modelado o grupo escultórico em barro, em tamanho real, foi feito o negativo em gesso. Retirado o barro, dentro do referido negativo (molde) deitou-se uma primeira camada de betão branco e aplicou-se uma estrutura em metal, a fim de suportar o peso do material. Colocada a última camada de betão, deixou-se secar. Finalmente, partiu-se o negativo em gesso e a escultura que estava em barro, ficou em betão branco, pronta para ser colocada no local escolhido, Santa Cruz.

2. Composição

O conjunto é "envolvido" por uma linha virtual que forma um triângulo, remetendo o fruidor para uma composição triangular renascentista.

3. Elementos formais

A Boa Mãe e as três crianças ilustram uma parte importante da missão de Mary Wilson.

4. Simbologia

O branco da peça lembra-nos a pureza das crianças e de Mary Wilson.

O barrete tradicional madeirense, o local, Madeira, onde ela desenvolveu o seu trabalho.

A cadeira/trono, a rainha mãe que foi.

O plinto/base baixa, a sua ligação aos humildes e pobres.

Santa Cruz por ser o lugar muito importante onde viveu a sua vocação.



Autor da escultura

José Luís Alves Paixão nasceu na freguesia de Machico, a 15 de novembro de 1955, sendo filho de José Paixão e de Aldora Alves.

Realizou o ensino primário em Machico, iniciou o seu 5º ano nos Salesianos do Funchal, e concluiu o secundário no Liceu Jaime Moniz, em 1974. Fez o curso do Magistério Primário do Funchal. Licenciou-se em Escultura no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira, em 1986.

A sua atividade profissional foi iniciada em 1974 como professor do Ensino Básica em Machico e terminou as suas funções docentes como professor do Ensino Secundária na Escola da APEL, em 2014. No seu percurso, foi professor no Magistério Primário, no Ensino Secundário e na Universidade da Madeira. Lecionou as disciplinas de Português, Metodologia, Educação Visual, Desenho e História da Arte.

Desempenhou o cargo de Animador Pedagógico no Ensino Básico (1975/80), coordenador do Projeto Educativo da APEL (2003), autor de uma Investigação Aplicação “Para uma Escola das Expressões” (2003/04) e coordenador do Atelier de Artes Plásticas de Machico (1987/89).

Iniciou a sua atividade política no PSD – Machico, tendo sido eleito em 1988 como deputado. Foi membro da Comissão Especializada do Turismo, Cultura e Emigração e Presidente da Comissão Especializada da Educação na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira (1992-99). Terminou os seus três mandatos em 2000. A nível partidário foi Vice-Presidente da Comissão Política Concelhia do PSD- Machico (1990/92), membro da Comissão Política de Freguesia do PSD- Machico (1992/94) e membro da Mesa do Plenário concelhio do PSD- Machico (1992/94).

É autor de várias canções, tendo participado nos festivais da Canção Infantil da Figueira da Foz, da Canção Infantil da Madeira e do Festival do Faial, sendo vencedor do 1º Festival do Faial (1979/80).

Em 1986, recebeu o premio da Rádio Televisão Portuguesa para a melhor canção infantil no Festival da Madeira. É co- autor do livro escolar para o Ensino Básico – 1º ciclo- “Madeira a nossa Terra” (1985).

No âmbito das Artes Plásticas, é autor de várias esculturas em gesso, betão branco, pedra, madeira, fibra de vidro e bronze. Podemos encontrá-las em Machico, Santana, São Vicente, Ribeira da Janela, Porto Moniz, Santa do Porto Moniz, Ribeira Brava, Funchal, Santa Cruz, Castelo de Paiva e Sidney. Participou em diversas exposições individuais e coletivas de desenho na Região Autónoma da Madeira. Em 1988, recebeu um louvor publico de Sua Excelência, Senhor Presidente do Governo da RAM, por Mérito Artístico.

Na imprensa, colaborou no Diário de Notícias do Funchal, na secção “Opinião”, na elaboração de diversas capas da Revista DN (1990) e foi correspondente do Jornal da Madeira (1988/89).

Junto das Comunidade Madeirense em Sidney, Austrália, foi coordenador do “Dia Madeirense”; e colaborador do Semanário “Português na Austrália” (1985/89).

Em José Luís Alves Paixão, o “Professor Paixão”, como carinhosamente é nomeado, a arte assume-se na sua multiplicidade e logo se revela num trabalho idiossincrático onde coabitam o passado e o presente, a história, a memória coletiva, numa interpretação sóbria que transforma sentimentos e emoções em arte.

Machico tem pois, no escultor Luís Paixão, uma referencia artística pelo seu expressivo e marcante trabalho que, pode dizer-se, não se fica numa relação nostálgica, mas antes oferece-nos beleza e a possibilidade de reinventar relações de contemporaneidade.


Inauguração da escultura

A inauguração do monumento, que está no Jardim Municipal de Santa Cruz e é da autoria do escultor Luís Paixão, contou ainda com a presença do Bispo do Funchal, do presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, do secretário regional da Educação e de outras individualidades.

A escultura representa um carácter histórico do momento, pela presença de tão alta individualidade da Igreja Católica, mas também pelo que representa, o “imortalizar” o trabalho de uma grande mulher, que muito fez pela comunidade e que sempre gostou de estar ao lado do povo e das dificuldades que este sentia.

Aliás, refira-se que o papel da câmara ao aprovar a colocação do conjunto escultórico no Jardim Municipal foi relevado não só pelo escultor Luís Paixão, pelas Irmãs mas também pelo Cónego Carvalho, que fez votos para que a autarquia continue o bom trabalho em prol do povo.

O Bispo do Funchal, D. António Carrilho também elogiou o trabalho da Irmã Mary Wilson, fundadora das Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, dizendo que foi "uma grande apóstola de clínica geral", porque esteve sempre lá para o que era preciso. Disse ainda que a estátua deve não apenas lembrar o legado da irmã, mas também servir de estímulo e de exemplo para todos os que tiverem vontade de ajudar e tiverem bom coração.

É de referir também, que todo o investimento com a estátua da Irmã Mary Wilson esteve a cargo das Irmãs de Nossa Senhora das Vitórias.

O conjunto escultórico de homenagem à Irmã Mary Jane Wilson, da autoria do escultor Luís Paixão, encontra-se no Jardim Municipal de Santa Cruz. Este conjunto escultórico, de homenagem à Irmã Mary Jane Wilson, foi inaugurado em fevereiro de 2014.

A Irmã Mary Jane Wilson (1840-1916) chegou à Madeira em 1881 como enfermeira de uma doente inglesa e fixou-se nessa altura no Funchal. Em 1884 fundou a Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, tomando o nome de Irmã Maria de S. Francisco.


Bibliografia

Câmara Municipal de Santa Cruz, 2019. História da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz. [Online]

Available at: http://www.cm-santacruz.pt/index.php/51-dia-historico-em-santa-cruz

[Acedido em 23 IV 2019].

Direcção Regional do Turismo da Madeira, 2019. Escultura da Irmã Mary Jane Wilson. [Online]

Available at: http://www.visitmadeira.pt/pt-pt/explorar/detalhe/escultura-da-irma-mary-jane-wilson

[Acedido em 23 IV 2019].

Jornal da Madeira, 2017. Na escola da Boa Mãe: Encontros mensais sobre a Venerável Mary Jane Wilson. [Online]

Available at: https://www.jornaldamadeira.com/2017/10/20/na-escola-da-boa-mae-encontros-mensais-sobre-a-veneravel-mary-jane-wilson/

[Acedido em 23 IV 2019].

Paixão, J. L. A., 2017. Personalidades - Machico 2ª Metade do Século XX. Machico: s.n.

Paixão, J. L. A., 2019. Escultura [Entrevista] (23 IV 2019).