Usuário(a):Pinheiro48/Emissão otoacústica

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Anatomia da orelha humana

Emissões otoacústicas são a energia mecânica produzida pelas contração rápida das células ciliadas externas (CCE) presentes na cóclea, podendo ser classificadas em duas categorias: as evocadas, decorrentes de um estímulo, e as espontâneas, que ocorrem sem estímulo, sendo que esta, não está presente em todas as orelhas com CCE íntegras. Consiste em um método objetivo, rápido e não invasivo que pode ser feito por pessoas de qualquer idade, onde há o posicionamento de uma sonda que gera estímulos no conduto auditivo externo.

As emissões otoacústicas espontâneas são um sinais de banda estreita, de nível sonoro bem baixo, medidos na ausência de estimulação acústica deliberada. Elas ocorrem em cerca de 50% das orelhas em padrão normal. Esta tem muito pouca utilidade clínica, mas podem ter algumas implicações em pesquisas científicas. Enquanto as emissões otoacústicas espontâneas estão presentes em 100% das orelhas normais e são subdivididas em 3 tipos, de acordo com a natureza do estímulo utilizado.

Tipos de emissões otoacústicas evocadas[editar | editar código-fonte]

As emissões otoacústicas evocadas (EOAE), utilizadas na prática clínica, podem ser divididas em três: as transientes, a estímulo-frequência e as produto de distorção. As emissões otoacústicas transientes (EOAET) ocorrem decorrentes de um estímulo chamado de "click" que percorre uma faixa de frequência de 1000 a 4000 Hz, na qual, é um teste de alta sensibilidade utilizado para identificar se existe lesão de CCE. Caso exista alguma lesão, mesmo que mínima, as EOAET estarão ausentes. Esse teste dura em média 75 segundos para cada ouvido.

As emissões otoacústicas estímulo-frequência são produzidas por tons puros contínuos e com características semelhantes. Entretanto, seu registro possui muitas dificuldades técnicas e o tempo de exame é maior, por isso, não é utilizado no ambiente clínico.

As emissões otoacústicas produto de distorção (EOAEPD) são a energia mecânica captada no canal auditivo externo originária da interação não-linear de dois tons puros simultâneos apresentados à cóclea. Os dois tons puros, em uma faixa de frequência que vai de 500 Hz a 8000 Hz, devem ser representados por f1 e f2, na qual f2 é maior que o f1, sendo o principal harmônico 2f1-f2 e a razão deve ser de f2 por f1 de aproximadamente 1,22.

História[editar | editar código-fonte]

As emissões otoacústicas foram observadas, pela primeira vez, pelo inglês David Kemp no ano de 1978, onde ele as definiu como a liberação de uma energia sonora originária da cóclea, que passa pela orelha média, até o conduto auditivo externo. Em seus estudos, pôde demonstrar que as EOAs estão presentes em todos os ouvidos funcionalmente normais e que deixam de ser detectadas acima de limiares entre 20 a 30 dB.

De acordo com Probst, em 1990, a cóclea não só capaz de receber sons, mas também de produzir energia acústica, um fenômeno relacionado com o processo de micromecânica coclear, além do fato de que as EOAS, ao serem geradas na cóclea, sugere que nesta encontre-se um componente mecanicamente ativo, acoplado à membrana basilar, por meio do qual ocorre o processo reverso de transdução de energia sonora[1], função esta atribuída às células ciliadas externas e controlada pelas vias auditivas eferentes[1].

Aplicações clínicas[editar | editar código-fonte]

Triagem auditiva neonatal

As emissões otoacústicas podem ser registradas em 98% das orelhas de indivíduos adultos com audição normal, independente da idade e do sexo, e de acordo com alguns autores, as EOA podem ser detectadas em recém-nascidos na mesma proporção.

Existem fatores que podem interferir no exame como alterações no conduto auditivo externo, modificações de orelha média, problemas com o equipamento, má colocação da sonda e excesso de ruído, por exemplo.

A relação sinal ruído do exame deve estar acima de 3 dB na frequência de 1000 Hz e acima de 6 dB nas demais frequências em criança menor que dois anos de idade, enquanto para adultos é essencial que esteja maior que 3 dB em todas as faixas de frequência.

As EOA podem ser registradas em indivíduos com limiares auditivos melhores de 20 a 30 dB, servindo para confirmar a integridade do mecanismo coclear. Por suas características supracitadas, como rapidez e por não ser invasivo, torna-se um teste ideal para os programas de triagem, principalmente, a triagem neonatal. É importante salientar que a captação das emissões otoacústicas é muito importante e significativo para estudo da função coclear.

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Durante, AS. In: Bevilacqua, MC et al. Emissões otoacústicas. Tratado de Audiologia. Capítulo 10: 145-158, Editora Santos, São Paulo, 880 p, 2011.
  • Pialarissi, P.R.; Gattaz, G.; Emissões otoacústicas: conceito básicos e aplicações clínica, 1ª Revista Eletrônica de ORL do mundo, Vol. 1, Num. 2, 1997.
  • Figueiredo, MS. Emissões otoacústicas e BERA. Pulso Editorial, pp 109, 2003.
  • Sousa et al; Emissões otoacústicas. Eletrofisiologia da audição e emissões otoacústicas;Capítulo 9: 109-147, Editora Novo Conceito Saúde, São Paulo, 372 pp, 2008.
  1. a b Pezzini, Anderson (15 de fevereiro de 2017). «MINERAÇÃO DE TEXTOS: CONCEITO, PROCESSO E APLICAÇÕES». Revista Eletrônica do Alto Vale do itajaí (8): 058–061. ISSN 2316-4190. doi:10.5965/2316419005082016058. Consultado em 10 de agosto de 2022