Usuário(a):RicardoMendesJr /Administração da Produção

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A Administração da Produção - AP ou Administração de Operações trata da maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços (Slack, 2009). A AP envolve o gerenciamento de recursos materiais e físicos da empresa - equipamentos, instalações, matérias-primas, tecnologia - a fim de integrá-los e gerar uma atividade conjunta e organizada. Tem como objetivos o alcance da eficácia e eficiência no processo produtivo.

Seus componentes mais importantes, divididos em áreas, são:

• Desenvolvimento do Produto ou Engenharia do Produto: Trata da elaboração do produto em si: suas especificações, embalagem, componentes.

Engenharia Industrial: Responsável pelo ambiente industrial e seu layout, processos produtivos, tempos e movimentos.

Planejamento, Programação e Controle da Produção: Planeja, emite os comandos e controla a produção de acordo com a demanda, materiais, estoques e a capacidade da empresa a curto e longo prazo.

• Produção propriamente dita: Cuida das operações necessárias à transformação de inputs (matérias-primas) em outputs (produto ou serviço acabado).

• Administração de Materiais: Trata da compra, suprimento, logística dos materiais e matérias-primas envolvidas nos processos.

Controle de Qualidade: Garante que os produtos/serviços estejam dentro das especificações e padrões adotados.

Manutenção: Busca preservar os recursos físicos e materiais da empresa.


O Ciclo da Produtividade[editar | editar código-fonte]

A administração da produção tem como papel a manutenção da produtividade de maneira a adequar-se ao mercado e aos processos internos existentes. A busca contínua pela melhoria da produtividade implica em um esforço de racionalização e melhorias no aproveitamento dos recursos disponíveis por parte das organizações. Consiste em fazer girar continuamente o ciclo. Este é composto de 4 etapas bem definidas:

- Medida da produtividade: Elaborar um diagnóstico completo do nível de produtividade atual na organização, através de coleta de novos dados e análise dos já existentes.

- Avaliação da produtividade: Comparar as medidas elaboradas com índices equivalentes de outras empresas, de preferência os de empresas consideradas concorrentes.

- Planejamento da produtividade: A partir das comparações feitas, planejar níveis a serem atingidos, tanto de curto quanto de médio e longo prazos.

- Melhoria da produtividade: A partir da definição clara de objetivos a serem alcançados, agir analisando e introduzindo as melhorias propostas. Verifica-se a pertinência dessas melhorias já na etapa 1 do ciclo seguinte, e assim sucessivamente.


Modelo de Transformação[editar | editar código-fonte]

O processo de produção, sob o ponto de vista operacional, consiste na transformação de entradas (materiais e serviços) em saídas (outros materiais e serviços). Envolve recursos a serem transformados e recursos transformadores que, submetidos ao processo produtivo, dão origem ao produto final. A maioria das operações produz tanto produtos como serviços.

Entradas ou inputs[editar | editar código-fonte]

- Recursos transformados: são aqueles que são tratados, transformados ou convertidos de alguma forma. Em geral, matérias-primas e componentes, informações e consumidores. - Recursos transformadores: são aqueles que agem sobre os recursos a serem transformados. Em geral, instalações, conhecimento e funcionários.

Transformação[editar | editar código-fonte]

- De materiais: Processam suas propriedades físicas - forma, composição, características -, localização (exemplo: empresas distribuidoras ou de frete) ou sua posse (exemplo: empresas de varejo).

- De informações: Processam o formato da informação (exemplo: contadores), sua localização (exemplo: empresa de telecomunicações), ou sua posse (exemplo:empresas de varejo).

- De consumidores: Processam condições físicas (exemplo: médicos), de localização (acomodação, como hotéis), de estado psicológico (indústria do entretenimento), entre outros.

Saídas ou outputs[editar | editar código-fonte]

Produtos e serviços finais desejados.


Tipos de operações de produção[editar | editar código-fonte]

Apesar de as operações de produção serem similares entre si, transformando entradas em saídas, elas se diferem em quatro aspectos principais:

Volume das saídas[editar | editar código-fonte]

Em sistemas de grande volume de produção (por exemplo, os sistemas da lanchonete McDonalds), há um alto grau de repetição de tarefas. Isso possibilita a especialização de trabalhadores e a sistematização do trabalho e de ferramentas. A implicação mais importante disto é o custo unitário baixo, pois os custos fixos são diluídos em um grande número de produtos ou serviços. Já em sistemas com baixo volume de produção (por exemplo, um restaurante pequeno) há um número pequeno de funcionários e que provavelmente executarão uma maior variedade de tarefas, sendo uma situação prejudicial à sistematização. Além disso, o capital exigido é intensivo e o custo unitário é bem mais alto, pois é pouco diluído.

Variedade das saídas[editar | editar código-fonte]

Confronta produtos ou serviços altamente padronizados e regulares (por exemplo, linhas de ônibus com rotas definidas) com outros produtos e serviços altamente flexíveis e customizáveis (por exemplo: táxi que pode seguir infinitas rotas). O que é padronizado segue uma programação e não sofre mudanças, proporcionando custos mais baixos. Enquanto os produtos e serviços que oferecem uma grande variedade atendem bem às necessidades dos consumidores, resultando em um custo mais elevado.

Variação da demanda das saídas[editar | editar código-fonte]

Produtos ou serviços com alta variação de demanda (por exemplo, um resort que fica cheio na alta temporada) devem ter operações flexíveis, tentando prever a demanda e ajustar a capacidade de produção.Consequentemente, todos estes fatores de adaptação têm o efeito de aumentar os custos. Já negócios de demanda estável (por exemplo, um hotel na frente de uma rodoviária movimentada) pode ser gerenciado de maneira rotineira e previsível, resultando em alta utilização dos recursos e custos menores.

Visibilidade[editar | editar código-fonte]

Significa quanto das atividades de uma operação é percebido pelo consumidor, ou quanto da operação é “exposto”. Operações de alto contato (por exemplo, lojas tipo butique) possuem consumidores com grau de tolerância à espera relativamente baixo e por isso exigem funcionários com boa habilidade interpessoal. Já as operações de baixo contato (por exemplo, vendas por catálogo ou internet) permite tarefas padronizadas e não há necessidade de habilidade de contato com o consumidor, o que facilita a obtenção de alto nível de utilização dos funcionários, viabilizando menores custos.


Objetivos de Desempenho[editar | editar código-fonte]

Os objetivos básicos que as operações produtivas necessitam perseguir para satisfazer seus stakeholders formam o embasamento para todo o processo de decisão da produção. São objetivos utilizados pela empresa para avaliar a contribuição da produção em suas estratégias pré-definidas. Compõe um meio de mensurar o sucesso ou insucesso de uma operação.

Qualidade[editar | editar código-fonte]

Significa “fazer certo as coisas”. Internamente lida com a eficiência da produção. Visa a minimização dos erros em cada etapa do processo produtivo, bem com a devida adequação dos produtos dentro das especificações estabelecidas. Externamente lida com a satisfação do consumidor: sua percepção de produtos de alta qualidade significa uma chance maior de seu retorno/recompra.

Rapidez[editar | editar código-fonte]

Significa “fazer com rapidez”. Visa-se rapidez na tomada de decisão e na movimentação de materiais e informações internas ao longo das operações. Permite o alcance de menor tempo de espera resultante, e menores estoques (finais, e entre as operações), proporcionando agilidade ao processo como um todo.

Confiabilidade[editar | editar código-fonte]

Significa “fazer as coisas em tempo”. Busca entregar os produtos ou serviços aos consumidores dentro do prazo prometido. Pode ser mais importante do que qualquer outro critério. Permite aumento do nível de confiança entre as diferentes partes da operação, e consequente aumento da estabilidade e previsibilidade da produção, bem como da clientela.

Flexibilidade[editar | editar código-fonte]

Significa “capacidade de mudar a operação”. Envolve habilidades de introduzir novos produtos e serviços, fornecer ampla variedade dos mesmos, mudar sua programação de entrega, alterar seu nível de atividade. Permite ágil fornecimento de serviços, economia no tempo de utilização dos recursos, além de manter a operação dentro do programado apesar de eventos imprevistos.

Custo[editar | editar código-fonte]

Significa “menor custo de produzir seus bens e serviços”. Custo baixo é um objetivo universalmente atraente, mesmo as empresas que concorrem em outros aspectos tem interesse em manter seus custos baixos. É diretamente influenciado pelos outros objetivos: melhorias no desempenho dos outros objetivos incorre em melhorias de desempenho de custo.


Proteção da Produção[editar | editar código-fonte]

São medidas utilizadas para garantir que a produção se ajuste continuamente às circunstâncias mutantes, ou seja, é uma forma encontrada pelo gerente de produção para minimizar os problemas encontrados no ambiente interno e “proteger” a produção do ambiente externo. A proteção da produção pode ser dividida de acordo com sua natureza:

- Proteção física - envolve a criação de um estoque de recursos, de forma que qualquer interrupção de fornecimento possa ser absorvida pelo estoque. Serve tanto para matérias-primas (inputs utilizados no processo de transformação) quanto para produtos acabados (outputs).

- Proteção organizacional – visa alocar as responsabilidades das várias funções da organização, de modo que se formem barreiras ou proteções e a função produção seja protegida das incertezas ambientais. Seu uso excessivo tem sido criticado por modelos japoneses, que prevêem maior interação de pessoal da fábrica com fornecedores/clientes externos.


Sistemas de produção[editar | editar código-fonte]

Cada empresa adota um sistema de produção para realizar as suas operações e produzir seus produtos ou serviços da melhor maneira possível e, com isso, garantir sua eficiência e eficácia. O sistema de produção é a maneira pela qual a empresa organiza seus órgãos e realiza suas operações de produção, adotando uma interdependência lógica entre todas as etapas do processo produtivo, desde o momento em que os materiais e as matérias-primas saem do almoxarifado até chegar ao depósito como produto acabado. Existem basicamente três tipos de sistemas de produção:

· Produção sob encomenda: é planejada somente após receber o pedido ou encomenda.

· Produção em lotes: é planejada em função de cada lote de produção.

· Produção contínua: é planejada e programada para o período mensal ou anual.

O projeto do sistema produtivo envolve a configuração do processo de conversão dos materiais e insumos em produtos úteis ou serviços. Dimensionar esse processo envolve atividades relacionadas á definição dos equipamentos, capacidade produtiva, especificações técnicas, definição de layout e fluxo produtivo.


Veja também[editar | editar código-fonte]

· Estratégia competitiva

· Gestão estratégica de empresas

· Planejamento estratégico

· Inteligência organizacional


Referências[editar | editar código-fonte]

· SLACK, Nigel, CHAMBERS,Stuart, JOHNSTON, Robert - Administração da Produção: ATLAS, 2ª edição de 2002

· DAVIS, M., AQUILANO, N & Chase, R. - Fundamentos da Administração da Produção: Bookman, 2000

· CHIAVENATO, Idalberto – Administração da Produção: uma abordagem introdutória, Elsevier, 2004

· GAITHER, Norman, Administração da Produção e Operações, Pioneira, 2001