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Usuário(a):Ricardo Abiz/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Este estudo que venho conduzindo a mais de 20 anos detalha uma geração diferente das apontadas nas tendências de comportamento, ela difere pelo fato de que esta geração nunca acabará ou será substituída por outra, ela nasceu e irá migrar entre as diferentes gerações, de tempos em tempos, assumindo uma posição de extrema importância nos movimentos sociais e na liderança de projetos com link para o futuro. Ela é a catalizadora de todas as tendências o que irá garantir sua continuidade em looping como se fosse uma eterna espiral.

Para entender a Geração A é preciso entender alguns movimentos ocorridos desde a revolução industrial até os dias de hoje e que chamo de "ondas", elas foram fator determinante para o afloramento desta geração.

Primeira onda – A formação da mão de obra técnica.

A primeira onda poderíamos dizer que veio com a revolução industrial. Sem entrar em dados históricos e apenas no conceito das tendências, a industrialização trouxe consigo a necessidade gigantesca de mão de obra técnica para as linhas de produção de bens e insumos. Simples, para produzir mais era necessária mão de obra para dar vazão às necessidades de produção, era preciso operários para todos os fins, ainda que a revolução industrial tenha sido vista e categorizada como a chegada das máquinas e o aumento da produtividade.

A segunda onda – Os movimentos de Qualidade e Excelência.

Logo após a segunda guerra e nos anos que a sucederam as linhas de produção começaram a se modernizar. O mercado sofreu uma mudança e bens produzidos até então começaram a encontrar um determinado grau de desenvolvimento e aperfeiçoamento, notadamente observado no Japão.

Até meados dos anos 70/80 o governo Japonês financiava 90% da formação técnica afim de suprir as demandas das fábricas. A equação de salário e formação incentivava mais a parte técnica pois formação superior não era tão compensadora a ponto de os profissionais investirem tempo e dinheiro nisso. A necessidade era ter pessoas com alto nível técnico para operar as máquinas e compor as linhas de produção. O Japão passou a ser conhecido como sinônimo de qualidade e tecnologia criando CCQ's (círculos de controle de Qualidade) oriundos do conceito do PDCA (Plan, do, chek and act) criado pelo Dr. W. Edwards Deming e chamado por ele como "ciclo de Shewhart". Esta ênfase na observação e na condição atual é utilizada frequentemente na produção enxuta (Lean Manufacturing / Toyota Production System) do Sistema Toyota de Produção. Podemos dizer que Deming conseguiu tangibilizar um dos caminhos que leva a excelência.

A terceira onda – Formação de mão de obra gerencial.

O ocidente, e mesmo o próprio Japão, iniciaram nas décadas de 70/80 um movimento que buscava a profissionalização da mão de obra, não só técnica, mas de negócios. A necessidade de formação superior entrou na pauta, afinal a turma técnica sabia como fazer mas não sabia como gerenciar a necessidade de expansão dos negócios.

Neste mesmo período, motivado pelas grandes consultorias e as então conhecidas Big Blue, esta necessidade ganhou mais força. As empresas de ensino, palestrantes e consultores iniciaram uma inundação desta necessidade em vários mercados e, o que até então era diferencial de poucos, passou a ser requisito. Formação universitária, MBA e tantos outros programas e cursos de especialização que surgiram no início dos anos 80 até os dias de hoje.

O fato é que se produziu muita qualificação, muita gente agora sabia técnicas de negócios e gestão mas não sabiam fazer produtos, não conheciam o chão de fábrica. Jack Welch se diferenciou em gestão nesta época porque percebeu esse Gap e unificou como ninguém estas duas pontas – Conhecer como se faz e como gerenciar.

A quarta onda – A chegada da tecnologia e Expansão dos Tigres asiáticos.

No final dos anos 80 e anos 90 o movimento tecnológico ganhou força. As então conhecidas reservas de mercado caíram por terra com o advento da globalização. As fronteiras começaram a deixar de existir! Isso moveu novamente o mercado passando a exigir ainda mais qualificação dos profissionais para enfrentar os desafios da globalização. Quem não lembra: "Agir local e pensar global" – Reengenharia e tantas outras teorias de gestão.

Neste mesmo período os países conhecidos como tigres asiáticos iniciaram um movimento de copiar tudo o que era feito no mundo. Sem entrar no mérito de custos de mão de obra, trabalho escravo etc, estes países aceitaram humildemente a posição de copistas e se lançaram no mercado internacional.

Países como Coreia, China, Taiwan começaram a produzir em larga escala carros, componentes eletrônicos e toda a sorte de produtos considerados de terceira linha. Enquanto o ocidente mudava seu core business de produtos (produzir) para serviços (pensar), o oriente assumia a lacuna deixada pelos antigos produtores para dar espaço para custos de produção mais baratos, mais rentáveis e de larga escala.

A quinta onda – Coelho dá tombo em mastodonte.

Assim como o Japão no pós-guerra, os tigres asiáticos absorveram a tecnologia rapidamente, ganharam espaço com marcas como LG, Hyundai entre tantas outras conhecidas. Mesmo países como a Finlândia, "avô" dos celulares perderam terreno e sucumbiram com os avanços destes países.

O fato é que os países que eram considerados então, "submundos" de produção se especializaram e começaram a ganhar mercado em vários setores. O que antes era considerado fabricação de produtos de segunda linha, agora passou a produzir produtos próprios, iniciaram a criação e avanço de marcas conhecidas mundialmente. Literalmente as Américas e Europa andavam a passos de elefante e a Ásia corria como um coelho.

A sexta onda – O despertar silencioso da Geração A.

A sexta onda se caracteriza por um avanço da tecnologia, a obsolescência programada, a chegada das primeiras empresas de tecnologia do vale do silício, o início da consolidação da internet e a chegada da então conhecida geração Y. Nunca na história se criou tanta distração e conteúdo ao mesmo tempo. "Como dizia um velho ditado, informação existe a diferença é o que você faz com ela!"

Em 2005 a Box 1824 lançou um estudo intitulado "We all want to be young" apresentando a geração Y, nascidos a partir de 1984 e que estariam entrando no mercado inseridos no contexto digital.

Nesta sexta onda alguns grupos até então conhecidos como Baby Boomers e Geração X já haviam vivido um ingresso no mundo da tecnologia mesmo antes da geração Y, exatamente no início dos anos 80. Talvez um dos mais conhecidos tenha sido Steve Jobs entre tantos outros nomes.

O fato é que estes grupos absorveram esse movimento de tecnologia, na verdade muitos os criaram, e trouxeram ao longo do caminho o aprendizado de erros e acertos. Eles acumularam muita experiência prática na jornada, o caso mais emblemático talvez seja o da Kodak, inventora da câmera digital, que acabou falindo por não apostar em sua própria inovação. Steve Jobs em sentido contrário criou uma das empresas mais inovadoras e valiosas do mundo.

A geração A viveu diversos movimentos no mundo desde a liberdade do movimento Hippie nos anos 70, Workaholics, a era do marketing e ingresso de tecnologia dos anos 80. Passou pela globalização, crise da Ásia no final dos anos 80 e início dos anos 90, entre tantas outras tendências e movimentos caracterizados por adversidades e dificuldades.

Particularmente no Brasil, eles viveram por décadas com instabilidade da moeda e planos econômicos que lhes desenvolveram uma "musculatura" de conhecimento capaz de reagir de um extremo ao outro de forma rápida e eficaz.

Essa carga de experiências acumuladas em cenários tão diversos e, no meio de tantas transformações é que formou a Geração A. Eles viveram o olho de profundas mudanças sociais, comportamentais, geográficas, humanas e estruturais e perceberam que a passagem de bastões entre gerações foi mal conduzida e precisa ser revista.

Quem é, ou o que é a geração A?

A geração A (Alpha) pode ser encontrada em inúmeras definições que remetem a identificação do grupo que veremos a seguir. São elas:

É a primeira letra do alfabeto grego, a que vem na frente,

Na astrologia é designado para demonstrar a estrela mais brilhante de uma constelação,

O início de alguma coisa, em inglês é sinônimo de início de algo, É designação de um membro de uma sociedade em posição de liderança a exemplo do que se observa nas matilhas de lobos onde o alpha se posiciona como último da matilha por saber observar o todo, Em química representa a primeira de duas partes que substituem o átomo ou radical que aparece nas partículas de carbono em um componente orgânico, Ou ainda, o reconhecimento do valor alpha como significante em níveis de teste onde sua frequência estatística pode conduzir a um valor de rejeição nulo onde chega-se a conclusão de que a hipótese de nulo é de fato, por conclusão, um valor verdadeiro (Meaning of Alpha by Texas Instruments) – publicado em dezembro de 2011. Tratasse de uma geração que possui como traço principal o amadurecimento sob condições adversas, que encontrou sentido na vida profissional e pessoal baseada na experiência vivida, tem alto controle emocional e se difere por sua enorme capacidade de simbiose.

Eles são facilmente reconhecidos pois lidam com o velho e o novo em completa harmonia. Sentem-se bem e ajustados lendo um velho e bom livro tradicional ou utilizando um dispositivo móvel como Kindle ou Ipad. Eles podem viver sem problemas sem uma rede wifi, quanto tirar o maior proveito dela quando disponível.

Você pode abandoná-los em uma ilha deserta e sua experiência de vida vai lhes prover os recursos necessários para que sobrevivam e até possam encontrar uma saída sem qualquer recurso tecnológico, quanto podem se encontrar no centro de Nova York e se utilizarem destes mesmos recursos tecnológicos a seu favor.

Mais que experientes, eles são intuitivos, investigativos e analíticos ao mesmo tempo. Nunca tomam uma decisão sem avaliar os prós e os contras baseados tanto em dados reais, quanto em sua intuição, que utilizam sabiamente para norteá-los com base em sua experiência sem julgamento, apenas percebem o momento certo de agir e em que direção.

Eles têm uma característica mais assertiva pois observam os acontecimentos em 360°. Não se contentam com uma negativa como resposta pois, ao analisar problemas, conseguem ver através dele e elaborar instantaneamente uma série de alternativas e caminhos que podem seguir.

Eles aprenderam que nunca irão saber tudo. Adquiriram um grau de sabedoria que os instiga a buscar respostas em todas as direções e tem uma capacidade de juízo muito madura ao avaliar possibilidades e eventos. Eles não são impulsivos nem letárgicos, eles buscam o equilíbrio entre o saber fazer, saber analisar e o saber viver como forma de harmonizar suas decisões.

Não são conservadores, o que lhes permite estar em plena juventude mental que sempre é alimentada pela curiosidade de acompanhar as tendências e movimentos. São generalistas em sua maioria e possuem uma visão mais ampla de diversos assuntos e os contrapõem às experiências vividas e suas armadilhas. Eles têm um "faro" aguçado para antecipar eventos e ameaças.

Em última análise a geração Alpha é:

"Uma geração construída a partir de várias experiências de gerações anteriores e posteriores, que observa ao seu redor, guia, aconselha, empodera e age. São mentores e agentes de mudança! Eles não podem ser vistos como nascidos nos anos 60/70/80 ou 90, eles não se consideram baby boomers, geração X ou Y pois não aceitam estereótipos. Eles têm 50 anos ou mais, estão em plena forma, possuem vitalidade, sabem aproveitar a vida, são experientes, tem uma rede de relacionamentos invejável, possuem uma história de sucesso, combinam o velho e o novo com harmonia, são decididos, assertivos e emocionalmente resolvidos."

O que fez emergir a geração A exatamente neste momento?

Primeiro é importante saber que ela de fato sempre existiu. Podemos dizer que é milenar e que nos dias de hoje tem a forma atual em sintonia com o mundo e sua evolução.

Existe algo intrigante sobre o ocidente! Nós ocidentais embalamos a sabedoria do oriente sem nunca tentar entender como aquela cultura de fato é. Somos movidos e influenciados por Sun Tzu, Confúcio, Buda, Lean manufacturing e tantas outras referências e ensinamentos sem nunca termos vivido tal cultura para saber o porque e de onde tanta sabedoria reunida se acumulou através dos séculos.

Somos impacientes, os orientais são pacientes, repudiamos e negligenciamos o velho, eles valorizam e se guiam pelos ensinamentos dos mais antigos, somos imediatistas, eles apreciam o tempo que as coisas precisam para chegar ao seu estágio ideal. São tantas as diferenças que não é de se espantar porque somos tão diferentes.

O mundo vem sofrendo diversas transformações, mas o fato é que temos sido pouco atentos as transformações sutis que o mundo vem sofrendo. É como um conta gotas que sem percebemos enche e transborda nosso copo de conhecimento todo dia sem nada, ou quase nada a armazenar.

Desde a queda da antiga união soviética, às crises econômicas e sociais que o mundo vem sofrendo, pela primeira vez na história, sem um advento de guerra mundial, o mundo sofreu na carne a exposição de suas dores mais profundas. A dor tornou-se mais aguda e talvez estejamos no meio do olho do furacão acreditando que o pior passou e que novas ondas de prosperidade virão de forma rápida e mágica.

O fato é que alguns eventos aconteceram e outros deixaram de acontecer. O continente africano perdeu a chance de se tornar o celeiro do mundo nos últimos 20 anos por guerras étnicas e/ou políticas. Países com vertente socialista como Venezuela, Brasil e Cuba, para não citar outros, provaram mais uma vez que uma política assistencialista não é possível para o estado. A razão simples é que não há como sustentar um modelo como esse que não produz riqueza para ser distribuída. Independente de vertentes políticas é preciso produzir riqueza para poder distribuí-las e o estado é incapaz de cuidar de sua população e ao mesmo tempo construir riqueza.

A profunda crise iniciada em 2007/2008 com a quebra dos bancos americanos provocados pela bolha imobiliária e concessão de créditos de alto risco, também derrubou a crença de que o modelo capitalista vigente era a solução de tudo. A meritocracia a qualquer custo e a centralização de riqueza foram tão danosos para o mundo quanto as políticas assistencialistas, bem como o mantra da tecnologia como novo cenário de riqueza e prosperidade também não o é. A tecnologia, de extremo valor, vem caminhando sobre águas turbulentas onde é considerado sua "praticidade e efetividade", pois vem considerando a questão do capital humano e seu impacto sobre ele.

Em sete ou dez anos a geração Y entra na zona vermelha – 40 anos - (ver o gráfico abaixo) sem perceber isso. A obsolescência laboral está ficando mais curta e a expectativa de vida mais longa. O que todos farão com os outros 30 ou +40 anos que lhes aguardam?

O mundo não está olhando para isso! Em pouco mais de 20 anos o Brasil terá quase a mesma proporção entre velhos e jovens, países como Austrália e Canadá incentivam a imigração por perceberem o tamanho do problema. O estado não terá capacidade de cuidar de tanta gente. A terceira idade no Japão em 2013 já era de 25% da população, no Brasil é de 9%, e deve chegar em 60 anos a mais de 63%.


Atualmente no Brasil temos mais de 50 milhões com 50 anos ou mais economicamente ativos. Se somados aos 27 milhões entre 40 e 49 anos, temos metade da população economicamente ativa prestes a viver abaixo da linha da miséria por falta de emprego e oportunidade. É quase metade da população ativa do país entrando na linha vermelha da vida. Essa sem dúvida será a 7ª onda e deverá se chamar de tsunami. Não há saída, ou enfrentamos o problema já ou o resultado realmente será um tsunami mesmo.

A geração A está tendo de jogar a aposentadoria de lado. Ela sabe que o legado que deixarão para seus filhos não será suficiente nem para eles mesmos! Sabem que a geração Y com sua característica de trocar de lá para cá não conseguirá consolidar em um pequeno espaço de tempo um plano de longo prazo que lhes garanta os outros 30 ou +40 anos de suas vidas, muito menos resolver os problemas das empresas brasileiras sozinhos. Eles precisam de ajuda, os mais experientes e as empresas os prepararam mal e a política corporativa fortalece essa ruptura ao trocar os mais experientes por menos experientes a baixos salários. É como tratar um câncer com analgésico! O sinal vermelho está ligado e ninguém está alerta para o aviso.

A crise atual que vivemos no Brasil e no mundo nos arrastou 10 anos para o passado (fonte: When World Economy will stop and return to 2007 - The Wall Street Journal). Estudos mundiais demonstram que a recuperação começa em 2017 para patamares que já tínhamos em 2007, ou seja não é começar do zero, é voltar 10 anos de nossas vidas.

É preciso trazer experiência para a sala de atendimento. Utilizando uma analogia, precisamos de médicos experientes para tratar tantos enfermos de forma rápida e assertiva. As empresas Brasileiras, principalmente as médias e pequenas, estão na UTI, e diga-se de passagem, na UTI do SUS. Os filhos da geração A estão em apuros.

A geração A está tendo a missão de voltar, ela não tem outra alternativa. Ela atingiu um grau de consciência do que é colaboração de fato, do que é compartilhamento, e não vê outra saída senão colocá-los em prática. Definitivamente eles sabem que não são salas coloridas nem tecnologias que substituem o homem, eles aprenderam, viveram e sabem que a maior forma de riqueza é gerar riqueza em toda a cadeia de valor e não apenas em uma parte dela considerando o ser humano como centro das mudanças.

Eles sabem que uma sociedade forte é composta por camadas produtivas em diversas áreas de necessidade, eles sabem onde o calo aperta e onde se deve alocar recursos com a finalidade de gerar valor em todas estas camadas. Eles sabem que só se gera valor quando todas as pontas são alinhavadas e harmonizadas.

Hoje a geração A tem 50 anos ou mais, em poucos anos seus filhos tomarão seus lugares e talvez nesse momento consigamos absorver os ensinamentos orientais com mais sabedoria, criando legados geração após geração. Sim, a Geração A são os conectores entre o ontem, o hoje e o amanhã de todos nós.

_Resumo do estudo de Ricardo Abiz - Celex e Geração A - Alpha - copyright 2016