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Usuário(a):Sabrinaffernandes/Testes

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Convento de São Bernardino de Sena[editar | editar código-fonte]

O Convento de São Bernardino de Sena foi o primeiro convento franciscano em território fora da cidade do Funchal que teve como titular S. Bernardino de Sena, santo pertencente à mesma ordem, fundado na cidade de Câmara de Lobos, na Ilha da Madeira, em Portugal, entre 1459 e 1460.

História[editar | editar código-fonte]

“Situado num lugar solitário e ermo deste Concelho de Câmara de Lobos, o convento era propício à vida eremítica de oração, silêncio e contemplação. Como orago foi escolhido S. Bernardino de Sena, um santo franciscano, “uma das quatro colunas” da observância italiana do séc. XV.”[1] O convento teve uma humilde e obscura origem, contudo, tornou-se afamado em toda a ilha, e até no continente, por ter ali vivido e falecido Fr. Pedro da Guarda (1435-1505). Fr. Gil de Carvalho foi o fundador deste convento, sendo este um frade franciscano que veio do continente para a ilha da Madeira na altura em que os Franciscanos que ocupavam o hospício de S. João da Ribeira acabavam de sair da ilha para se estabelecerem em Lisboa numa comunidade em Xabregas fundada em 1456. Era do desejo de Fr. Gil viver num lugar desértico e eremita como escreve António Gonçalves de Andrade (1795-1868) “em dois pés de terra semeada entre rochas[2]. Com o crescimento do número de religiosos, trataram de levantar um pequeno convento em terreno que lhes fora doado por João Afonso Correia (1435-1490), escudeiro do infante D. Henrique, e sua mulher, Inês Lopes. Esta ergueu-se num sítio distante da povoação, cercado de um lado por uma ribeira e do outro por uma rocha. Anos mais tarde reuniram-se outros religiosos, que formaram a comunidade inicial. Contudo, uma enchente da ribeira, por volta de 1480, viria a destruir a pequena ermida e os primeiros cubículos, o que desgostou Fr. Gil de Carvalho, que se retirou para o continente e entregou a direção a Fr. Jorge de Sousa. Este distinguiu-se como autor da reconstrução do convento, reconstruíndo-o pouco mais acima da localização anteriormente estabelecida de forma a evitar as correntes da ribeira, tendo sido levantada nova e mais vasta igreja, com novas celas, “que logo foram habitadas, tendo ficado o espaço inferior do inicial ermitério para algumas oficinas de menor importância”.[3]

Entre os finais do séc. XV até aos inícios do XVI, a organização canónica do convento era como uma verdadeira casa monástica, depois de ter melhorado as condições materiais através de doações, contratos de arrendamento, etc., visto que estes mosteiros funcionavam como empresas agrícolas.

Entre 1485 e 1505, este convento foi moradia do ilustre Frei Pedro da Guarda. A fama e o desenvolvimento da comunidade encontram-se conectados à presença deste que, nascido na Guarda em 1435 e que, tendo professado por 1455, “querendo subtrair-se à admiração que causavam as suas virtudes”[4] se refugiou em S. Bernardino por volta de 1485. Falecido em 1505, a sua fama desde logo se espalhou pela Ilha e pelo continente, que viria a ser referido por Fr. Marcos de Lisboa (1510-1591), mais tarde Bispo do Porto, na terceira parte das suas Crónicas de los Frayles Menores, em 1570, fazendo com que nunca terminasse o culto popular que lhe havia sido dedicado.

O Convento de S. Bernardino veio a ser reconstruído nos princípios e meados do séc. XVIII, tendo-se somente preservado a lapa e a sepultura de Fr. Pedro da Guarda, assim como algumas das lápides sepulcrais. As obras iniciaram-se por volta de 1735, como afirma a data inscrita na base da cruz do frontispício da igreja e duraram para além de 1747, como se inscreveu no lintel de uma das janelas próximo à torre.

Características[editar | editar código-fonte]

"O edifício é composto pela igreja de Santa Cecília, por um claustro e três capelas dedicadas a Frei Pedro: uma no lugar da sepultura, outra na cozinha, estas duas situadas no claustro, e a última, a capela de São Lourenço, no exterior da igreja, junto à lapa onde fazia exercícios espirituais e de penitência.”[5]

Todo o convento apresenta um traçado assente na austeridade e simplicidade da sua fachada e do seu interior, típico de um edifício Franciscano. O exterior da Capela principal de São Bernardino apresenta um portal tripartido. Os portais laterais apresentam arcos trilobados e o central, um arco de asa de cesto.

Extinção do Convento[editar | editar código-fonte]

“Por Decreto de 30 de maio de 1834, foram extintos em Portugal todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer casas de religiosos de todas as ordens regulares. Os bens destes estabelecimentos pios ficaram incorporados nos próprios da Fazenda Nacional. Foram postos à disposição dos ordinários das respectivas dioceses os vasos sagrados e paramentos, para distribuição pelas igrejas mais necessitadas.”[6]

O convento foi extinto em 1834 e o edifício foi vendido em hasta pública a Manuel Joaquim Lopes a 12 de março de 1872, tendo sido registado como Convento Velho, e não integrando a capela dos Terceiros e a Casa dos Romeiros, registadas como Convento Novo. A venda assentava num outro contexto político e religioso, devido ao facto de funcionar, desde 1857 no antigo convento, uma escola feminina e, pelo menos desde 1867, se pretendia reedificar o convento e retomar o processo de beatificação do santo, editando-se folhetos sobre a vida do mesmo e reativando-se a devoção através da Ordem Terceira e dos Salesianos, que ali instalaram uma escola.

As ruínas do velho convento foram recuperadas por iniciativa de Mary Jane Wilson (1840-1916), que teve início por volta de 1911, mas só foi concretizado em meados de 1916 para funcionamento do curso preparatório para o seminário diocesano. Foi neste edifício que a Mary veio a falecer, no dia 18 de outubro desse ano, não tendo assistido à chegada dos alunos. O edifício voltaria a ter obras de reabilitação, por iniciativa do pároco de Câmara de Lobos, P.e João Joaquim de Carvalho (1865-1942), entre janeiro de 1924 e meados de 1928, em que a igreja viria a sofrer uma remodelação total.
Hoje, com as suas paredes alvas, este conjunto de elementos arquitetónicos únicos na Madeira, e que ostenta a classificação de Imóvel de Interesse Municipal, guarda agarradas aos seus alicerces histórias de sucessivas alterações. Destruído e reerguido várias vezes, o Convento de São Bernardino, onde viveu e morreu não só Frei Pedro da Guarda, mas, também, a irmã Mary Jane Wilson, está como novo graças às obras de restauro de que foi alvo em 1928 e, mais recentemente, em 2015, coincidindo esta última fase com o regresso dos frades a Câmara de Lobos. Posto ao serviço da comunidade, o Convento é o espaço ideal para a realização das mais diversas iniciativas, sejam elas de cariz religioso ou cultural. De resto, por si só, todo o conjunto merece uma ou mais visitas, a fim de que se possa disfrutar em pleno dos seus inúmeros recantos.”[7]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. SILVA, FF (2015). Convento de São Bernardino. Funchal: [s.n.] 
  2. GONÇALVES DE ANDRADE, António (1641-1722). História Insular do P.e António Cordeiro, História Seráfica. [S.l.: s.n.] 
  3. SOLEDADE, Fernando da. História Seráfica Cronológica. Lisboa: [s.n.] 
  4. SILVA, Fernando Augusto da (1998). Elucidário Madeirense. Funchal: [s.n.] 
  5. NORONHA, Henrique Henriques de (1722). Memórias seculares e eclesiásticas para a composição da história da diocese do Funchal. Funchal: [s.n.] pp. p. 251–252 
  6. SERRÃO, Veríssimo Joaquim (1986). História de Portugal. Lisboa: [s.n.] pp. pp. 202–203 
  7. GONÇALVES, Luísa (2017). Convento de São Bernardino: Um Espaço Muitas Missões. Funchal: Jornal da Madeira