Saltar para o conteúdo

Usuário(a):Sebastiana Inácio da Silva/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Texto de cabeçalho[editar | editar código-fonte]

Ética em Levinas Ética e Infinito

O trabalho, trata da obra Ética e Infinito de Emmanuel Levinas. Nesse texto procuraremos abordar a questão do respeito pelo outro, o rosto, o outro como infinito e outras questões de relevância no que se refere a ética de Levinas.

Faremos uma breve análise do pensamento de Levinas, acerca de uma ética onde a pessoa é o infinito, onde a exterioridade do outro é respeitada, não como se eu soubesse o que o outro sente, mas, por que o outro não sou eu, eu não conheço o outro. Dessa forma, tentaremos compreender e falar a respeito dessa ética, de forma simples e objetiva.

Totalidade e Infinito

O texto inicia tratando sobre totalidade e infinito, onde Levinas responde acerca da oposição entre totalidade e infinito, visto que segundo a pergunta feita, Totalidade e Infinito são opostas do ponto de vista da ética. Essa ética moderna, que está ligada ao humanismo e um dos seus principais atributos é a responsabilidade pelo outro. Levinas inicia o texto falando que: “[...] na história da filosofia houveram poucos protestos contra essa totalização e que foi em Franz Rozensweig, que é essencialmente uma discussão de Hegel, que encontrou uma crítica radical a essa totalidade.” (p. 67).

A filosofia de Lévinas é paradoxal, cheia de contextos contrapostos que vai de encontro com a tradição da reciprocidade, pois não precisa ser respeitado para respeitar. Está sempre pronto e disposto para com o outro. “[...] Quando, na presença de outrem, digo ‘Eis-me aqui’ é o espaço por onde o infinito entra na linguagem, mas sem se deixar ver. Por não ser tematizado, não aparece, em todo o caso, originalmente [...]” (LÉVINAS, p.98). Dizer estou aqui, independente de conhecer ou não as outras pessoas. Nesse sentido o corpo é todo rosto, ele me ordena, sou sempre seu servo disposto a respeitar o infinito que está dentro de cada um que me apresenta. Não necessita alguém pedir respeito você respeita independente de qualquer coisa que o outro lhe faça, devemos sempre esta disposta a servir. Lévinas esteve preso e foi torturado, mas quando saiu daquela situação não quis se vingar, ele fez o que os outros não fez por ele, e continuou respeitando mesmo aqueles que o torturaram. Este exemplo fica claro o quanto é abrangente a sua ética em relação ao respeito para com os outros. Respeitar quem nos respeita pode ser muito fácil. É necessário ir além da reciprocidade dos que os outros nos fazem, temos que dar o que não recebemos, pois somos responsáveis por todas as ações de todos os homens. Num desejo insaciável de ser ético, tendo consciência de ser um trabalho inacabado, que percorre toda a vida.

Ainda, no que tange a essa abordagem inicial, Levinas dar uma explicação sobre a compreensão do surgimento da moralidade, e de acordo com o seu pensamento, a moralidade tem um alcance independente e preliminar, também afirma que a filosofia primeira é uma ética. Em seguida, coloca as relações entre os homens como não sintetizáveis por excelência, ou seja, o outro e eu não podem ser pensados conjuntamente, mas um diante do outro, não como uma síntese, mas, uma junção de um frente a frente, onde o outro não é uma extensão minha, ele é uma pessoa que precisa ser respeitada na sua individualidade como infinito, um ser que eu não conheço, portanto, não posso tomar decisões por ele, se assim procedo estou tentando dominá-lo.

O Rosto

De acordo com Levinas, quando uma pessoa olha para o outro, a primeira coisa que o seu rosto pede é, “me respeite”, o rosto é a parte mais desnuda do ser humano, portanto seria a primeira coisa que nós agridiríamos nos outros, ele ilustra essa passagem da seguinte forma: “O rosto está exposto, ameaçado, como se nos convidasse a um ato de violência. Ao mesmo tempo o rosto é o que nos proíbe de matar”. (p. 78). Ou seja, quando alguém nos olha de frente, se tivermos a intenção de matá-la, com certeza iremos pensar duas vezes antes de cometer tal ato, visto que o rosto do outro, clama por respeito.

Um olhar ético sobre o rosto, não é um olhar onde vemos apenas um nariz, uma boca e um par de olhos, é antes de tudo um olhar de percepção e o rosto não se resume apenas a esses atributos físicos. O rosto, de acordo com Levinas é uma significação sem contexto, devemos portanto dar um significado ao nosso próprio rosto, além do que se apresenta diante de nós, pois o rosto não pode se transformar num conteúdo.

O rosto também, é a sede inicial do nosso discurso, pois o rosto fala e esse discurso, é a resposta ou a responsabilidade, ou seja, a relação autêntica do ponto de vista de uma ética.. Essa responsabilidade que temos pelo outro, não é de dominação, mas de respeito por ele, pois, a partir do momento que eu tento enquadrá-lo num contexto que penso ser bom para ele, já estou caindo numa relação de dominador, assim, o que eu consider bom para ele, pode não ser o que ele deseja, dessa forma, o pensamento do senso comum de que: “faça com o outro o que gostaria que fizessem com você”, não é ético para Levinas, é necessário partir do pressuposto de que eu não conheço o outro, porém devo respeitá-lo como infinito e diferente de mim.

Esse discurso, tem duas divisões, o dizer e o dito, esse dito, é como uma forma de imposição, algo que não foi refletido, enquanto que, o dizer leva em consideração a individualidade do outro, ou seja, o dizer da gente não pode responder pelo outro, esse dizer usa a consciência, reflete, ou seja, o dizer pode ser considerado de uma forma simples como uma maneira evoluída do dito. Embora, o dizer não seja mais o dito o dizer já foi refletido.

No aparecer do rosto do outro, já existe uma ordem, ou seja, não matarás, ao mesmo tempo, que o rosto cria dois momentos no ser, respeito, responsabilidade e desprezo e violência. Esse respeito e responsabilidade são sentimentos já evoluídos, pois, não podemos transformar o outro mas o relacionamento com ele.

No tocante ao respeito e responsabilidade para com o outro, podemos citar o paradoxo de Levinas, que, segundo ele,“entre eu e outro existe uma distância e uma possibilidade.” (notas de aula). Ou seja, o meu próximo precisaria ser uma terceira pessoa, a qual eu desprezo e não estou interessado, ao invés de ser alguém eleito segundo as qualidades que me convém, que interessam ao meu egoísmo. Eu preciso ser ético com outro, não porque ele será comigo, nessa relação não é necessário haver uma reciprocidade para que eu aja de maneira respeitosa e justa com o outro, as minhas ações precisam dar exemplo, não importa se serei o único a agir com justiça, importa que evoluí no meu modo de pensar e minhas ações precisam ser coerentes com aquilo que aprendi.

Levinas propõe um humanismo diferente do Heidegger, pois, segundo ele, o humanismo de Heidegger se baseava mais no ser, deixando a desejar no tocante ao humanismo defendido por ele. Portanto, propõe uma desconstrução da noção que se tem de humanismo e a construção de uma nova baseada na responsabilidade.

O infinito para Levinas, é uma saída da totalidade, ou seja, uma libertação, também defende que a metafísica está relacionada com a ética, pois o ser participa a partir do ente, ou seja o ser tem um relacionamento com o ente, não é uma separação, pois o ser é abrangido na verdade. O infinito, é muito mais do que a idéia de que temos dele, pois se víssemos o outro como infinito, com certeza trataríamos o outro de uma outra maneira, com muito mais respeito. Na opinião dele, a relação com o infinito não é um saber, mas um desejo e esse desejo é metafísico, sem interesse, portanto, ético.

Lévinas esteve preso e foi torturado, mas quando saiu daquela situação não quis se vingar, ele fez o que os outros não fez por ele, e continuou respeitando mesmo aqueles que o torturaram. Este exemplo fica claro o quanto é abrangente a sua ética em relação ao respeito para com os outros. Respeitar quem nos respeita pode ser muito fácil. É necessário ir além da reciprocidade dos que os outros nos fazem, temos que dar o que não recebemos, pois somos responsáveis por todas as ações de todos os homens. Num desejo insaciável de ser ético, tendo consciência de ser um trabalho inacabado, que percorre toda a vida.

A nossa relação com o outro não nos da o conhecimento total desse ser. Por mais próximo que eu esteja do outro, vai ser sempre diferente esta relação, pois cada um tem suas peculiaridades pessoais. O pai não vai ser o filho, nem o filho o pai, cada um será um infinito para o outro. A glória do infinito é o que eu posso fazer pelo outro, o infinito é o outro. Somos diferentes, posso me conhecer e até conhecer a exterioridade do outro, porque está se manifesta no rosto, mas não posso conhecer o interior, este é infinito e merece todo meu respeito. Quanto mais justo eu for, mais responsável eu serei, ter respeito consiste nos princípios de justiça e compromisso ético com todos os seres humanos. Nesse processo, tem que ser sempre eu mesmo em relação ao outro, e o outro da mesma forma em relação a mim. O outro não conhece meu interior, só apenas o exterior, mas mesmo assim devo respeitar o outro em todo o seu ser, sabedor do infinito que há dentro de cada um.

O infinito é insaciável, o outro não é absorvido, pois é sempre infinito, se torna s imensurável, devemos nos abster de crer na completude de nossas ações e ter sempre em mente um trabalho inacabado do nosso dever, pois este esta sempre a se construir e nuca pode ser dado por realizado. Buscar constantemente, um caminho em do respeito que possa ser dirigido pautado na ética, como um compromisso levado durante toda a vida. Caso contrário, poderíamos ser totalmente hipócritas, acreditar que cumprimos nossa missão, pois ela está sempre a se fazer.

O testemunho evidência a intenção de se colocar para outro numa relação de disponibilidade incondicional. Esse testemunho é uma forma de materialização do dito. Todo dizer tem um dito, mas esse dito e a propiciado pelo dizer se transforma em testemunho, reforçador do dizer. Mas o dito em sua exclusividade é manifestação de irresponsabilidade e inerência de concordância, não se fixa na verdade e no compromisso. O testemunho ético é uma revelação que não é conhecimento. Este homem tem o compromisso messiânico de dar testemunho ao mundo de seu compromisso com o outro.


Referência Bibliográfica:

Ética e infinito. Emmanuel Levinas.p. 67-103.