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História da Música

A história da música é o estudo das diferentes tradições de música e da respectiva presença cronológica.

Dado que todas as culturas tiveram alguma forma de manifestação musical, a história da música abrange todas as sociedades e épocas, não se limitando, como tem sido recorrente, ao Ocidente, de onde se tem usado a expressão "história da música" para se referir à histórica da música europeia e à sua evoluçõ no mundo ocidental.

A música de uma cultura está estritamente relacionada com outros aspectos da mesma, como a organização económica, o progresso técnico, a atitude dos compositores e da sua relação com os ouvintes, as ideias estéticas mais generalizadas de cada comunidade e a visão acerca da função da arte na sociedade, bem como com as varintes biograficas de cada autor.

No seu sentido mais amplo, a música nasceu com o ser humano e já se encontrava presente, segundo alguns estudiosos, muito antes da expansão do ser humano pelo planeta, há mais de 50000 anos. É, portanto, uma manifestação cultural universal.


ÍNDICE

  1. Música na Pré-História (50000 a.C.- 5000 a. C.)
  2. Mundo Antigo ( 5000 a.C._ 476 d.C.)
    1. Antigo Egipto e Mesopotâmia
    2. Grécia Antiga
    3. Roma Antiga
    4. A música na China Antiga: simbologia e textura na música tradicional chinesa
  3. Música na Idade Média ( 476-1500)
    1. A música na Igreja católica primitiva
    2. O canto gregoriano
      1. Outros tipos de canto
        1. Veja-se também...
  4. Música do Renascimento ( 1500-1600)
    1. Escola flamenca
    2. Música renascentista francesa
    3. Música renascentista italiana
    4. Música renascentista inglesa
    5. Música renascentista alemã
    6. Música renascenctista espanhola
  5. Música do período da prática comum ou "clássica" ( 1600- 1900)
    1. Barroco ( 1601- 1750)
      1. O baixo contínuo
      2. O sistema tonal
      3. Primeiro Barroco ( 1600-1650)
      4. Barroco médio ( 1650-1701)
      5. Barroco tardio ( 1700-1760)
    2. Classicismo ( 1750- 1800)
      1. A orquestra e novas formas musicais
      2. Escola de Mannheim
      3. Outras escolas
      4. Classicismo mediterrâneo
    3. Romantismo ( 1800-1900)
      1. O piano romântico
      2. Música programada
        1. O Lied
      3. Sinfonia romântica
      4. Os nacionalismos ( 1850- 1950)
        1. Rússia
        2. O Grupo dos Cinco
        3. Bohémia
        4. Escandinávia
        5. España
    4. Impressionismo ( 1860- 1940)
  6. Música moderna e contemporânea ( 1910- Presente)
    1. Música modernista e contemporânea académica
      1. Futurismo
      2. Crises da tonalidade e do atonalismo
      3. Primitivismo
      4. Microtonalismo
      5. Segunda escola Vienesa, dodecafonismo e serialismo
      6. Neoclassicismo
      7. Música electrónica e concreta
      8. Música aleatória e vanguardismo radical
      9. Micropolifonia e massas sonoras
      10. Minimalismo
      11. Música cinematográfica
      12. Poliestilismo
      13. Espectralismo
      14. Nova Simplicidade
      15. Improvisação livre
      16. Nova Complexidade
    2. Jazz
      1. Jazz de Nova Orleães
      2. Dixieland
      3. O Jazz de Chicago e Nova Iorque
      4. A era do Swing
      5. Bebop
      6. Cool Jazz
      7. West Coast Jazz
      8. Hard Bop
      9. Soul Jazz e Funky Jazz
      10. Free Jazz
      11. Post-Bop
      12. Jazz Rock e Jazz Fusão
      13. Jazz Latino e Jazz Afrocubano
      14. Jazz Flamenco e outras fusões étnicas
      15. A crise do Jazz e o novo tradicionalismo
      16. O Jazz Contemporâneo
    3. Música Popular
      1. Definição
    4. Notas
    5. Referências
    6. Bibliografia
    7. Ligações externas

Música na Pré-História

Já se demonstrou a íntima relação entre a espécie humana e a música e, enquanto que algumas interpretações tradicionais têm surgido de actividades intelectuais direccionadas para o conceito do sobrenatural ( fazendo-a cumprir uma finalidade supersticiosa, mágica ou religiosa), nesta época a música é tradicionalmente relacionada com os rituais de acasalamento e com o trabalho colectivo.

Para o homem primitivo havia dois sinais que evidenciavam a separação entre vida e morte: o movimento e o som. Os rituais de vida e de morte constroem-se sob este binómio. Na chamada arte pré-histórica, dança e canto fundem-se como símbolos de vida enquanto que paralisação e silêncio são os símbolos da morte.

O homem primitivo encontrava música na Natureza e na sua própria voz. No entanto, aprendeu também a utilizar objectos rudimentares ( ossos, canas, troncos, conchas, etc.) para produzir sons. Consta que, na Suméria, por volta de 3000 a. C., já existiam instrumentos de percussão e de corda ( lira e a harpa) e que os cantos de culto antigos eram lamentações sobre textos poéticos.

Na Pré-História a música é utilizada em rituais de caça, de guerra e nas festas onde se dançava freneticamente à volta do fogo. A música baseava-se principalmente em ritmos e movimentos que imitassem os animais. As manifestações musicais do homem consistiam na exteriorização dos seus sentimentos através do som que emanavam pela própria voz com o propósito de o distinguir da fala que utilizavam para comunicar com outros seres.

Os primeiros instrumentos musicais foram objectos, utensílios e mesmo o próprio corpo humano utilizados para produzir sons. Estes instrumentos podem-se classificar de:

a) Autófonos: aqueles que produzem sons por intermédio da matéria de que são feitos. São instrumentos de percussão ( por ex., o osso contra a pedra).

b) Membranófonos: série de instrumentos mais simples contruídos pelo homem ( por ex., tambores, feitos com uma membrana de alça sobre uma noz de côco, num recipiente que fosse caixa de ressonância).

c) Cordofónos: intrumentos de corda, como a harpa.

d) Aerófonos: o som tem origem nas vibrações de uma coluna de ar. Um dos primeiros instrumentos é a flauta, feita a partir de um osso esburacado.

Mundo Antigo ( 5000 a.C.-476 d. C.)

Antigo Egipto e Mesopotâmia

A música no Egipto era detentora de conhecimentos avançados reservados aos sacerdotes. No Império Novo já se utilizava a escala dos sete sons. Este povo conto com um instrumentário rico e variado; alguns dos mais representativos foram a harpa com instrumento de cordas e o duplo oboé como instrumento de sopro. Na Mesopotâmia, os músicos eram considerados pessoas de grande prestígio; acompanhavam o monarca, não só em actos de culto mas tambéms nas sumptuosas cerimónias no Palácio e nas guerras. A Harpa é um dos instrumentos ainda hoje mais apreciados na Mesopotâmia. A expressão musical da mesopotâmia é considerada a origem da cultura musical ocidental.

Grécia Antiga

Na Grécia Antiga, a música era influenciada por todas as civilizações que a rodeavam, tendo em conta a sua importância geo-estratégica. Culturas como a mesopotâmica, etrusca, egípcia e mesmo as indoeuropeias foram de grande influência tanto para as suas músicas como para os intrumentos musicais. Os gregos davam muita importnância ao valor educativo e moral da música. Por isso, está bastante relacionada com o poema épico. Os bardos ou aedos, acompanhados por uma lira, vagueavam de povo em povo mendigando e registando a memoria oral da história da Grécia e as suas lendas. Foi assim que a música se interligou com a filosofia. Os sábios da época ressalvam o valor da cultura da música. Pitágora considera a música " um remédio para a alma" e Aristóteles usa-a para chegar à catarsis emocional.

Posteriormente, aparece em Atenas o ditirambo — cantos dirigidos a Dionísio ( Dionisos), acompanhados de danças e do aulós, um instrumento semelhante à flauta. Assim, surgem dramas, tragédia e comédias combinadas com a dança, a música e a poesia.

Os principais instrumentos utilizados na Grécia eram a lira, a cítara, o aulós, a seringa ( uma flauta de pan), vários tipos de tambores, como o tympanon ( utilizado sempre por mãos femininas), o crótalo, o címbalo, o sistro e as castanholas.

Roma Antiga

Roma conquistou a Grécia mas a cultura desta era extremamente importante. À fusão das duas culturas, poder-se-á dizer que a cultura romana nada terá trazido de novo. Foi esta fusão que contribuiu para a evolução da estética romana. Era hábito a presença da música nas grandes festas e, como tal, os músicos virtuosos e famosos extendiam as suas actuações à vertente humorística, valorizando-a. Os músicos tinham um estilo de vida bohémio, sempre em festas.

Nos teatros romanos, ou anfiteatros, eram representadas comédias ao estilo grego, das quais os autores mais famosos eram, entre outros, Patão e Terêncio. A tragédia com origem em Séneca, foi transcendental para o teatro greco-romano e a música, também, tinha um papel importante nas obras dessa transcendência.

Os ludiones surgiram como marco na cultura musical, aquando a fundação de Roma. Eram actores de origem etrusca que dançavam ao ritmo da tíbia ( uma espécie de aulós). Os romanos tentavam imitar estas artes e adicionavam o elemento da música vocal. Estes novos artistas romanos denominava-se histriões, que significava bailarines em etrusco. Nenhuma música deste estilo chegou ao nosso tempo à excepção de um pequeno fragmento de uma comédia de Terêncio.

Com a consolidação do Império Romano chega a imigração que irá, por sua vez, enriquecer consideravelmente a cultura romana. As aportações da Síria, do Egipto e da Península Ibérica marcaram as influências mais importantes para a prosperação do império. Ressurgiram estilos antigos como a citarodia ( versos em cítara) e a citarística ( cítara virtuosa), criando competições e certames habituais.

A música na China Antiga: simbologia e textura na música tradicional chinesa

Os Chineses foram o primeiro povo a desenvolver uma teoria da música compreensiva e os tubos de lu encorporavam as suas ideias. De acordo com a lenda, Huangdi, o Imperador Amarelo ordenou que o ministro Ling Lun encontrasse canas de bamboo para usar como tubos afinados. Ling Lun cortou um de comprimento auspicioso e chamou-lhe huangzhong( sino amarelo), o alcance tonal fundamental. Para criar os tons conseguintes, diz-se que ele ouvia os chamamentos dos pássaros fenghuang e depois cortava os tubos de acordo. Aliás, a origem dos 12 tons foi imediata. Dado o comprimento de um primeiro tubo, o segundo era cortado de acordo com um ratio de 3:2, o que produzia uma quinta superior ( por ex., de Dó para Sol). As séries de quintas tidas como absurdas assim continuariam, uma quinta acima, uma quarta abaixo, até terem os 12 tons. A questão prática que se coloca é que a oitava perfeita ( 2:1 ratio) nunca resulta — apesar do 13º tom estar mais próximo de uma oitava acima do primeiro. Alguns ajustes teriam de ser feitos para os sistemas tonais da performance contemporânea.

Escavações arqueológicas descobriram vários tubos de lu em túmulos ancestrais. Também num local na província Hubei, datados do período dos Reinos Combatentes ( 475-221 d. C.), foram encontrados mais alguns tubos, sendo que quatro deles tinham os nomes dos tons gravados. Num túmulo na província de Hunan, datado do século II d. C., foi descoberto um conjunto completo de tubos, guardados em bolsas de seda individuais e com a identificação do tom gravada; porque a identificação atribuída aos tons não estava correcta, os estudiosos concluiram que os tubos tinham a finalidade de serem somente artefactos funerários.

Desde os tempos mais antigos, na China, a música era tida em alta consideração. Todas as dinastias lhe reservavam um lugar particular. Tanto que, hoje, a música chinesa está impregnada de tradição secular, lendária e misteriosa de uma das filosofias mais antigas do mundo.

No teatro chinês tradicional, a música tem um papel fundamental indispensável em todas as representações. Na altura de eleger os repertórios, os parâmetros eram tidos em conta pela concordância com a procura pela harmonia social e pela respectiva estética dentro do contexto histórico de cada momento.

Os chineses devem ter percebido a altura relativa dos sons de forma empírica, sem necessidade de fengs humanos nem mitológicos. Naturalmente, terão relacionado as diferentes longitudes dos tubos com os sons que deles obtinham. Não é de estranhar que lhes tenham aplicado a relação 3:2, uma vez que esta lhes tinha um valor simbólico — harmonizar o ciclo com a terra.

Um sistema musical "representa o inventário de sons que compõem uma música, a altura e distância de sons musicais entre si". Este princípio denomina-se cíclico, porque o total de sons que integra a escala do repertório vai-se gerando através de uma constante matemática nas longitudes dos canais que integram o sistema. Musicalmente, manifesta-se por intervalos de quinta-perfeita ascendentes e de quarta perfeita descendentes. A explicação acústica que sustenta este sistema musical é o de uma quinta soprada. Se soprarmos com força num tubo fechado correspondente a, por exemplo, 4, o resultado será uma quinta perfeita superior, ou seja dó#m5. No entanto, este 5 também se pode obter normalmente soprando noutro tubo que meça dois terços da longitude do primeiro. Ao cortar-se um terceiro tubo que meça dois terços de 5, obter-se-á uma quinta perfeita superior a 5, ou seja sol5. Como este som se distancia de huang-chung, duplica-se a sua longitude e obtém-se sol4, uma vez que a dupla relação corresponde à oitava.

Mas os teóricos chineses perceberam que podiam obter o mesmo sol4 cortando um tubo de madeira a quatro terços de 5. Trabalhando assim e sempre sucessivamente com as relações de terços e quatro terços chegaram à escala dos 12 lu, com a qual se alcança a oitava. Não a oitava perfeita, certamente, uma vez que a resolução 1:2 nunca equivale a uma equação 12 2/3. Assim, obtiveram a escala dodecafónica de temperamento desigual. O perigo desta escala cíclica é que, por mais cuidados que se tomem, as fracções tornam-se cada vez mais complicadas e irredutíveis a números inteiros. Se atribuirmos o número oitenta e um ao huang-chang e aplicarmos o princípio cíclico ( 2/3-4/3), ao atingir o sexto surgem os números fraccionados e cada vez se tornam mais complicadas as equações a concretizar.

No século IV a. C., os teóricos chineses catalogaram as quintas para alcançar a oitava, isto é, tentaram alcançar um temperamento igual. No entanto, só em 1596 é que o príncipe Tsai-Yu propõe afinar os tubos segundo um princípio de temperamento equivalente. Para que a afinação dos lu não se alterasse, constuiram-se em pedra ou metal, materiais mais resistentes que as canas de bambú. Os lu feitos de cerâmica eram os litófonos ou carrilloneri de pedra. Começaram por ser 12 pedras, logo adicionano-lhes outras seis. Os litófonos não eram instrumentos melódicos propriamente ditos, mas sim pontos de ri-tse ( instrumentos) e chung-lu ( canto) e uma memória dos primeiros antepassados em wu-i ( instrumentos) e chia-chung ( canto). Tudo isto, no entanto, relacionado com danças específicas. Os litófonos de doze pedras dispunham-se em duas fileiras de seis cada uma. A fileira inferior correspondia aos lu ímpares ( princípio yang, masculino) e a superior aos lu pares ( princípio yin, feminino). Segundo Van Aalst, o primeiro lu é a perfeição em si mesmo pois o sistema todo depende dele, é a fonte da origem do meso, é o sistema de potência. Por isso, a fileira ímpar correspondia ao princípio yang.

Cada vez que um tubo masculino produz um feminino, o masculino é esposo e o feminio é esposa. Cada vez que um tubo feminino produz um masculino, o tubo feminino é a mãe e o masculino é o filho. Os cinco primeiro sons deste ciclo de quintas constituem a escala típica básica, pentatónica anhemitonal ( sem meios-tons).

Desde 1300 a. C., usavam-se somente as cinco primeiras notas da série em cinco transposições modais, ou seja, que tendo como tónica cada um dos seus sons, o número teórico de modos possíveis para obter é un litófono de 12 pedras, de 60 modos pentatónicos, e 84 se se tratar de escalas com piens. Este número de escalas possíveis variava de acordo com as dinastias, variando também o número de escalas reais empregues.

Música da Idade Média