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Evolução do Comportamento Homossexual em primatas não humanos[editar | editar código-fonte]

Comportamento homossexual em primatas não humanos[editar | editar código-fonte]

Segundo alguns pesquisadores, a temática do comportamento homossexual em primatas não humanos tem sido estudada de forma inadequada até o momento, fazendo com que suas causas e funções sejam mal compreendidas. [1] Sendo assim, é difícil relacionar quais seriam as implicações de tais comportamentos em humanos. [2][3][1] Porém, a partir de evidências de semelhanças no comportamento de espécies muito relacionadas, é possível pensar sobre as tendências evolutivas gerais. [4]

Acredita-se que alguns aspectos do comportamento homossexual dos primatas podem ter se desenvolvido como uma exaptação. [5] Nesse caso, entendemos que o comportamento não é um produto direto da seleção natural. Em vez disso, pode ter se originado como uma variação neutra que demonstrou alguma qualidade de melhoria da aptidão, sendo selecionada para o comportamento devido a essa qualidade que viria a aumentar o sucesso reprodutivo. Assim, a seleção natural pode ter começado a agir sobre o comportamento homossexual porque ele serviu a uma série de papéis sócio-sexuais que podem ter aumentado o sucesso reprodutivo. [5] [6]

Com isso, podemos pensar que o comportamento sexual entre primatas humanos e não humanos, pode servir a outras funções além da reprodução direta. [4] Como por exemplo, funções relacionadas ao desenvolvimento e manutenção de laços de afiliação entre os participantes. [7][2][8][3] [4] Uma hipótese pouco estudada ainda [9][5][4] é a de que, em alguns casos, o comportamento homossexual reforça relacionamentos que podem contribuir para a sobrevivência individual e o sucesso reprodutivo final. [6] Há muitas evidências de que primatas não humanos se envolvem em comportamento homossexual (alguns dos quais são claramente eróticos) que coexiste com comportamento heterossexual e não impede a reprodução. [7][10][11][2][5][12][3][13] [14][15][4][16][17][18][19][20] [21][22]

Macacos[editar | editar código-fonte]

O comportamento homossexual em macacos machos é bem documentado em grupos de babuínos e rhesus. Foi observada uma forma de organização de tais grupos em um núcleo central de machos dominantes cercado por fêmeas. Nesse contexto, os machos jovens são empurrados para fora do grupo e considerados “periféricos”. [23][13] O comportamento homossexual é muito comum entre esses macacos periféricos e vai para além de exibições de dominância-submissão. [24][13][16] No caso dos babuínos, observou-se que machos periféricos formam "amizades" caracterizadas por abraços mútuos, cuidados, exibição e toque do pênis, masturbação, estimulação oral e montagem. [24][18] Quando existe uma diferença significativa de idade entre os dois parceiros, o parceiro mais velho também pode fornecer proteção social ao parceiro mais jovem, sendo esse um exemplo de função para além de sucesso reprodutivo de forma direta. Além de que, a atividade homossexual pode estimular a produção de testosterona e levar à formação de alianças colaborativas entre machos, aumentando assim a probabilidade de ganhar um harém. [24] O comportamento homossexual em machos rhesus também é comumente observado. [25][26][18][20] Constatou-se que com o amadurecimento dos machos jovens, a filiação ao grupo muda e eles entram em novos grupos formando uma relação aparentemente afetiva com um macho adulto já estabelecido no grupo, que oferece acesso a recursos e proteção social. [21]

O comportamento sexual feminino também foi bem documentado para macacos rhesus e é considerado um componente essencial do seu complexo comportamento social. [27] [20] [22] Pesquisadores observaram que as fêmeas pareciam estabelecer laços afetivos muito fortes e duradouros entre elas, dos quais o comportamento sexual era apenas uma parte. [22] Ela formavam pares consorcidados que podiam ser homossexual ou heterossexual. Tal formação, parecia aumentar temporariamente o status de dominância do animal subordinado, e o parceiro era frequentemente um aliado em confrontos agressivos contra outros membros da tropa. [22]

Comportamento sexual entre fêmeas e as relações sociais atreladas também são parte integrante do repertório sexual do macaco japonês. [10][11][28]

Grandes macacos[editar | editar código-fonte]

Os grandes macacos compartilham um alto grau de parentesco genético com os humanos, [29] e seu comportamento sócio-sexual pode fornecer percepções sobre as origens e funções do comportamento sexual humano. [30] O comportamento homoerótico foi documentado entre gorilas selvagens e cativos de ambos os sexos. E no caso de gorilas cativos, há relatos de montagem macho-macho na presença de fêmeas receptivas entre eles. [14] Assim como de  alto nível de comportamento sexual com ejaculação entre machos selvagens aparentados. [7] Sendo que, esse comportamento sexual parecia contribuir para o alto nível de coesão entre os membros do grupo e que a vida em grupo era vantajosa para os machos mais jovens porque pode tê-los protegido dos perigos encontrados em grupos bissexuais e de viajar sozinhos. [6] A exploração e a estimulação genital foram observadas tanto entre gorilas fêmeas juvenis cativas [14] e selvagens, [31] bem como entre fêmeas selvagens adultas. [15]

Chimpanzés e bonobos machos exibem comportamento do mesmo sexo, embora pareça ser mais desenvolvido e complexo nos bonobos. [32] A estimulação das áreas anogenitais, frequentemente causa ereções em chimpanzés machos de todas as idades. [33] Chimpanzés machos adultos demonstram a maior frequência de catação entre todas as classes de idade e sexo, [34][35] sendo que, a catação e apaziguamento frequentemente envolvem acariciar o escroto do macho dominante pelo macho subordinado. [36][37][38] Sabe-se que a catação que ocorre entre os machos reforça seus laços sociais [37] e que as alianças masculinas estão associadas ao sucesso reprodutivo. [39] O comportamento sexual masculino-masculino entre os bonobos foi observado em todas as combinações de idade. Este inclui beijo francês, contato oral-genital, massagem genital, montagem dorso-ventral, montagem ventro-ventral com fricção de pênis e fricção de nádega. [40][12][32][41][42][19]

Já em bonobos fêmeas, foi observada a fricção genito-genital (GG) que reforça os laços sociais e de coalizão entre eles e resulta em aumento do status social. [8] Em alguns casos, observou-se que as mulheres preferem a fricção GG à cópula com um macho voluntário. [43] As fêmeas jovens saem de seu grupo natal na maturidade e migram para grupos onde não têm contatos sociais. Essas jovens identificam rapidamente as fêmeas mais dominantes e iniciam contato sexual com elas. Assim, formam ‘‘ amizades ’’ e alianças com fêmeas já estabelecidas que lhes permitem se integrarem ao grupo e, mais importante, permitem-lhes acesso a recursos alimentares. [12][19]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b HAMBRIGHT, K. Sexual orientation: What have we learned from primate research? Greenwood Press, pp. 136-161,  1995.
  2. a b c WALLEN, K.; PARSONS, W. A. Sexual behavior in same-sexed nonhuman primates: Is it relevant to understanding human homosexuality? Society for the Scientific Study of Sexuality, 1997.
  3. a b c NADLER, R. D. Homosexual behavior in nonhuman primates. Oxford University Press, 1990.
  4. a b c d e HAMBRIGHT, K. Sexual orientation: What have we learned from primate re- search? Greenwood Press, 1995.
  5. a b c d VASEY, P. L. Homosexual behavior in primates: A review of evidence and theory. International Journal of Primatology, 16(2), 173-203, 1995.
  6. a b c MUSCARELLA, Frank. The evolution of homoerotic behavior in humans. Journal of Homosexuality, v. 40, n. 1, p. 51-77, 2000.
  7. a b c YAMAGIWA, J. Intra- and inter-group interactions of an all-male group of Virunga Mountain gorillas (Gorilla gorilla beringei). Primates, 28, 1-30, 1987.
  8. a b PARISH, A. R. Sex and food control in the ‘‘uncommon chimpanzee’’: How bonobo females overcome a phylogenetic legacy of male dominance. Ethology and Sociobiology, 15, 157-194, 1994.
  9. WEINRICH, J. D. Homosexual behavior in animals: A new review of observations from the wild and their relationship to human sexuality.. PSG Publishing, 1980.
  10. a b WOLFE, L. M. Sexual strategies of female Japanese macaques (Macaca fusca- ta). Human Evolution, 1, 267-275, 1986.
  11. a b WOLFE, L. M. Behavioral patterns of estrous females of the Arashiyama West troop of Japanese macaques (Macaca fuscata). Primates, 20, 525-534, 1979.
  12. a b c SMALL, M. F. Female choices: Sexual behavior of female primates.: Cornell University Press, 1973.
  13. a b c MORI, U. Development of sociability and social status.  Kodansha-Karger, 1979.
  14. a b c HESS, J. P. Some observations on the sexual behavior of captive lowland gorillas, Gorilla g. gorilla. Academic Press, 1973.
  15. a b HARCOURT, A. H., STEWART, K. J., & FOSSEY, D. Gorilla reproduction in the wild. Academic Press, 1981.
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  17. FOSSEY, D. Gorillas in the mist. Boston: Houghton Mifflin, 1983.
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