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Usuário(a):Thaina007/Testes

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Ocupa Alemão ou #OcupaALEMÃO é um coletivo de jovens de favela, composto inicialmente por sete moradores com foco de atuação no Complexo do Alemão. O coletivo se formou quando, Mário Lucas, 18 anos, morador do Morro da Fazendinha, no Complexo do Alemão, foi assassinado por dois PMs à paisana dentro de sua própria casa na manhã do dia 26 de novembro de 2012 [1]. Dois dias depois, veio o toque de recolher na favela do Borel http://odia.ig.com.br/portal/rio/moradores-do-borel-contra-toque-de-recolher-1.523023. Estes dois episódios foram o estopim para que moradores das duas localidades se reunisse e, juntos, promovessem um evento de repúdio à violência policial das UPPs. Com livre inspiração nas mobilizações internacionais surgidas após o Occupy Wall Street, o Ocupa Alemão e o Ocupa Borel tornaram-se as primeiras iniciativas do gênero organizadas por jovens de favelas cariocas.

Realizado simultaneamente no Borel e na favela Nova Brasília no dia 5 de dezembro, com início às 21h em resposta ao toque de recolher, o ato atraiu a curiosidade dos moradores, principalmente dos jovens sendo a semente do que viria a ser o coletivo [2]

“O Ocupa Alemão é composto por jovens que acreditam num novo mundo possível, em que a favela é reconhecida como parte da cidade, podendo propor soluções para as demandas da mesma. A nossa luta é pelo direito à cidade, pela democracia dos acessos”, explica a jornalista e midia-livrista Thamyra Thâmara de Araújo, moradora do Complexo do Alemão, que define seu envolvimento com o grupo: “É uma relação de amizade e afinidade como princípio básico. A maior afinidade que temos é a vontade de mudar o mundo” [3].

Hoje, o coletivo vem se articulando para realizar uma série de intervenções que fortalecem os laços dos moradores com a rua. Após a chegada das UPPs e mais recentemente, dos projetos de mobilidade urbana da cidade, os becos, praças e vielas, lugares intrinsecamente ligados à cultura das favelas, vêm se tornando, cada vez mais, espaços de proibição, repressão e arbitrariedade, como afirma a socióloga e pesquisadora Patrícia Lânes: “Acredito que essa estratégia de ocupação do espaço público na favela pode ser fundamental para recolocar a discussão sobre até que ponto praças, ruas, equipamentos esportivos, culturais, são de fato públicos. O termo ocupar parece colocar em pauta a reivindicação de uso por quem é de direito. Espaços que deveriam ser públicos estão tendo seu uso restringido, seja por questões de segurança, seja por tentativas de privatização”.

Tendo o direito a cidade como norte de suas ações, o coletivo realizou:

  • Sarau ao ar livre: ocupações em espaço público de favelas com a intenção de contestar a resolução 013.
  • Biblioteca do Morro dos Mineiros: espaços administrado pelos próprios moradores, incorporando a arquitetura e a geografia da comunidade.
  • Rolé Afetivo: um percurso pelas ruas do Complexo do Alemão, terminando sempre com um bate-papo sobre temas-chave da luta por direitos e cidadania na favela.
  • Grafitaço: ação empreendida na Penha, onde parte das casas dos moradores locais foi retirada para a transposição da transcarioca.
  • GatoMIDIA: metodologia de como se utilizar as redes sociais para militância política.
  • Farofaço: ação de ocupação da praia de Ipanema após o anúncio de que os ônibus oriundos da Zona Norte do Rio de Janeiro serão revistados.


Boa parte da atuação do Ocupa Alemão se dá nas redes sociais, onde reproduz as discussões centrais do grupo e reforça a articulação junto a outros coletivos. Segundo Patrícia Lânes, co-autora da pesquisa Jovens Pobres e o Uso das NTICs na Criação de Novas Esferas Públicas Democráticas, o emprego das mídias digitais altera a maneira de fazer política e ação social: “Muitas pessoas que entrevistamos na pesquisa contaram que usam a Internet e as redes sociais para comunicar para fora e não tanto para dentro das favelas. Isso ainda é uma questão relevante e que tem que ser pensada. Mas para os jovens que pesquisamos não existe contradição, mas continuidade entre online e offline. Ou seja, tem que estar na rede, mas também tem que ter ação no território para significar alguma coisa”.

Referências[editar | editar código-fonte]


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