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BIOGRAFIA DE ENGENHEIRO ERNESTO VARGAS BAPTISTA
Fazenda Issaú, município de Ponta Porã, hoje Iguatemi, Mato Grosso do Sul, 8 de setembro de 1918 – Campo Grande, Mato Grosso do Sul, 5 de janeiro de 2011.
Engenheiro civil e agrimensor. Conhecido por seu perfil empreendedor, evidenciado nas inúmeras áreas em que atuou, seja na política, gestão pública, administração, urbanismo, magistério ou em assessorias, assim como foi inventor e gestor de projetos. Exerceu o voluntariado em prol de diversas organizações, foi rotariano – fundador e presidente do Rotary Club de Amambai –, associado de clubes de Rotary em Ponta Porã, Cuiabá e Campo Grande, 1˚ venerável da 17ª Loja Maçônica Silo Vargas Batista, em Iguatemi (MS), e membro da Associação dos Diplomados na Escola Superior de Guerra. Destinou seu conhecimento em prol do desenvolvimento dos estados de Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS). Foi um homem da práxis.
Início de vida e família
Filho de Ataliba Viriato Baptista e Evangelina Vargas Batista. Avós paternos: José Viriato Baptista e Marfisa Rosa Fagundes Baptista. Avós maternos: Augusto Rodrigues Vargas e Anna Nunes Rodrigues. Sendo todos os seus ascendentes naturais do Rio Grande do Sul.
Em 24 de outubro de 1956, Ernesto casou-se com Ana de Almeida, em Cuiabá (MT).
Em meados da década de 1950, em parceria com seus irmãos Silo Vargas Batista e Leocindo Batista, desenvolveu um projeto agroindustrial em Morumbi, então distrito de Amambai, hoje distrito de Eldorado.
Em 2018, em Morumbi, foi criada a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Ernesto Vargas Baptista, com 14,5 ha, uma homenagem da família por ocasião de seu centenário de nascimento. A reserva possui localização geográfica privilegiada, na margem direita do Rio Paraná, uma área de relevância ecológica e ambiental local, regional, nacional e internacional, e que integra a zona de amortecimento do Parque Nacional de Ilha Grande e a Área de Proteção Ambiental (APA) Federal das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, interligada ao Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná.
Primeiros anos de educação e carreira acadêmica
Em 1924, sua família mudou-se para a cidade de Amambai (MS), onde cursou o primário.
De 1934 a 1938, Ernesto estudou no Colégio Osvaldo Cruz, em Campo Grande (MS). Ao concluir esse período escolar, foi para a capital da República, a cidade do Rio de Janeiro, onde estudou no Colégio Pedro II e obteve o título de bacharel em Ciências e Letras.
Em 1941, Ernesto foi para São Paulo (SP). No ano seguinte, até a conclusão em 1946, cursou na Universidade de São Paulo (USP) a faculdade de Engenharia.
De 1942 a 1946, como acadêmico, integrou equipe de estudos das madeiras nacionais e do planador Gafanhoto, produtos relacionados à indústria da aeronáutica e aviação no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de SP, anexo à Escola Politécnica.Em 1943, participou do Grande Meeting Aeronáutico no Campo de Marte, localizado na zona norte da cidade de SP.
De 1945 a 1948, junto com Frederico de Barros Brotero, trabalhou na Seção de Madeiras e na Divisão de Aeronáutica do IPT.
Vida política e profissional
No período de 1949 a 1955, em Ponta Porã (MS), atuou como profissional liberal em seu Escritório de Engenharia e em assessoria a diversas gestões públicas – governos de Arnaldo Estêvão de Figueiredo (1947 a 1950), Fernando Corrêa da Costa (1951 a 1956) e João Ponce de Arruda (1956 a 1961), ex-governadores de Mato Grosso.
De 1949 a 1971, atuou diretamente no setor rodoviário de MT, planejando, construindo e promovendo a manutenção e melhorias em rodovias para o estado.
Foi prefeito eleito de Amambai, na época MT, hoje MS, de 25 de maio de 1957 a 16 de junho de 1961. De acordo com o recenseamento geral do IBGE, de 1˚ de setembro de 1960, o município de Amambai abrangia uma extensão territorial de 15.526 km2 e uma população de 24.370 pessoas.
Foi nesse contexto de imensidão geográfica que aconteceu a gestão de Ernesto. Entre os muitos feitos de sua administração, destacam-se a construção da Usina Hidrelétrica Panduí, um marco de progresso para o município e para a região, e a implantação do Ginásio Dom Aquino Corrêa, o primeiro da cidade com a modalidade de ensino.
De 1970 a 1971, foi prefeito de Iguatemi. Desenvolveu o município com diversas ações, entre elas o traçado da cidade, dotando a área central de avenidas com canteiros centrais.
De 1971 a 1975, foi secretário de Viação e Obras Públicas no governo estadual de José Fontanillas Fragelli (MT), o 42º governador de Mato Grosso, no período de 15 de março de 1971 até 15 de março de 1975.
A atuação do engenheiro Ernesto Vargas Baptista foi fundamental no Governo Fragelli, marcado por centenas de obras públicas. Destaque para o Centro Político e Administrativo, empreendimento coordenado pelo secretário de Viação e Obras Públicas, desenvolvido por equipe de profissionais de engenharia e arquitetura e que compõe um complexo viário e urbano em Cuiabá. Foi inaugurado com o Palácio Paiaguás, em março de 1971, e permitiu a implantação de novos bairros com conjuntos habitacionais que alteraram a feição urbana da capital nos anos de 1970, com resultados até os dias de hoje. O palácio conta com painel do artista plástico Humberto Espíndola, e desde sua inauguração sedia o Poder Executivo mato-grossense.
A construção e a melhoria de estradas e pontes no Governo Fragelli promoveram a expansão agrícola do norte do Estado de Mato Grosso, com resultados positivos até os dias de hoje. A estruturação da Transpantaneira, iniciada em 5 de setembro de 1972, também contou com o envolvimento profissional de Ernesto. Importante obra da gestão Fragelli que permitiu posteriormente o desenvolvimento do ecoturismo na região de Poconé.
Outra obra viária considerada simbólica na carreira de Ernesto foi a implantação da ligação entre Eldorado e Morumbi, em 1951, atual MS-295, e do primeiro trecho da BR-163, que liga Eldorado a Itaquiraí.
Desde os anos 70, defendia um sistema de transporte intermodal, formado por rodovias, hidrovias, ferrovias e transporte aeroviário; visando à integração de MT e MS com outros estados da Federação.
De 1985 a 1992, foi assessor especial da Secretaria de Obras Públicas do Estado de MS nos governos Wilson Barbosa Martins, Ramez Tebet, Marcelo Miranda e Pedro Pedrossian.
Condecorações, títulos e homenagens
1970 – Homenagem pelo Ministério do Interior – Coordenadoria Estadual de MT do Projeto Rondon, por ocasião da gestão na Prefeitura de Iguatemi;
1972 – Diploma UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) – sesquicentenário da Independência do Brasil e ano I da fundação da universidade;
1973 – Título de Cidadão Guiratinguense – Câmara Municipal de Guiratinga-MT;
1975 – Título de Benemérito de Ouro do Sambai – Escola de Samba Pega no Meu Coração – Cuiabá-MT;
1975 – Título de Comendador – Ordem do Mérito de Mato Grosso;
1976 – Título de Benfeitor do Abrigo Bom Jesus (assistência para idosos e crianças), de Cuiabá;
2018 – Ordem do Mérito Legislativo de MT (in memoriam) – Comenda Senador Filinto Müller;
2018 – Nova unidade em Ponta Porã do Sesc/Senac/Fecomércio foi denominada Ernesto Vargas Baptista;
2018 – Lançamento do livro Celebrando a Vida: 1918–2018 – Ernesto Vargas Baptista, de Vera Tylde de Castro Pinto, Campo Grande (MS), pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul;
2018 – Homenagem da Câmara de Vereadores de Amambai ao ex-prefeito Ernesto Vargas Baptista;
2018 – Patrono da Academia Amambaiense de Letras;
2018 – Certificado Ernesto Vargas/Poli-USP para aluno ou grupo de alunos de destaque em trabalho de conclusão de curso de Engenharia Civil, com foco em sustentabilidade;
2019 – Resolução nº 104/2019 da Assembleia Legislativa de MS – Art. 1º) Fica criado o Diploma de Honra ao Mérito Legislativo “40 anos do Crea-MS - Engenheiro Ernesto Vargas Baptista”, em homenagem àqueles que prestaram relevantes serviços à população de Mato Grosso do Sul e contribuíram com os 40 anos do Crea-MS.
Fonte
PINTO, Vera Tylde de Castro. Celebrando a Vida: 1918–2018 – Ernesto Vargas Baptista. Campo Grande, MS: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, 2018.