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Vídeo musical
[editar | editar código-fonte]Desenvolvimento e sinopse
[editar | editar código-fonte]O vídeo musical de "Papa Don't Preach" foi dirigido por James Foley, com quem Madonna havia trabalhado no single anterior de True Blue, "Live to Tell". Sua produção ficou a cargo de David Naylor e Sharon Oreck, enquanto Michael Ballhaus serviu como diretor de fotografia. As filmagens ocorreram durante três dias em Staten Island, Nova Iorque e Manhattan. As locações foram sugeridas pelo diretor para ir de encontro ao desejo de Madonna por algo "mais firme e 'dramático'", tendo recém-filmado os vídeos "muito glamorosos e estilizados" de "Material Girl" e "Like a Virgin". O ator Danny Aiello foi escolhido por ela para interpretar seu pai no vídeo; ele comentou que não a ouviu previamente, tendo aceitado o personagem a pedido de sua filha. Alex McArthur foi selecionado para o namorado de Madonna e o pai da criança, referenciados na canção; a cantora o assistiu num papel pequeno no filme Desert Hearts (1985) e considerou que ele seria um bom ator para o personagem. McArthur lembrou: "Eu estava na garagem, consertando a minha Harleyy (...) Atendi o telefone e uma voz disse, 'Oi, é a Madonna. Gostaria que você estivesse no meu próximo vídeo'". Para a gravação, Madonna passou por uma completa transformação de imagem, afastando-se das joias e maquiagens pesadas que apresentava em seus vídeos anteriores, adotando um estilo similar aos de Shirley MacLaine e Audrey Hepburn nos anos 1950. O vídeo intercalou imagens dela como uma tomboy — vestida de jeans, uma jaqueta de couro preta, cabelos curtos em tonalidade loira platinada e uma camiseta com a frase "Italians do it better" — com as dela num figurino "revelador", consistindo de um bustier top preto no estilo dos anos 1960 e calças capri. O corpo de Madonna também estava mais magro e musculoso. Sobre as tomadas e os figurinos diferenciados da cantora, Foley relembrou:
“ | Nós literalmente fizemos o roteiro nos baseando nas letras da música, e me lembro ter tido um momento de hesitação sobre fazê-lo porque a maioria dos vídeos não são interpretações literais. Mas eu senti que era algo que se entrelaçava ao desejo dela de emergir na classe trabalhadora. Eu idealizei que deveria ter um segmento onde ela era a Madonna — não a personagem da história — e é aí em que corta para a parte preto-e-branca dela dançando no refrão. | ” |
O vídeo, com duração superior a quatro minutos, começa com imagens do horizonte de Nova Iorque, da balsa de Staten Island e focos nos personagens. Madonna, dando vida a uma adolescente ítalo-americana, é vista andando pela rua. Ela pensa em seu pai (Aiello) e no quanto ele a ama, e encontra-se com seu namorado (McArthur). As imagens se justapõem com cenas de Madonna dançando e cantando num estúdio pequeno e escuro. Na cena seguinte, Madonna se afasta de suas amigas (Debi Mazar e Bianca Hunter), após elas a advertirem sobre seu namorado. Eles passam uma noite romântica juntos numa barcaça, onde refletem sobre suas vidas depois de verem um casal de idosos. Madonna descobre estar grávida e decide manter o bebê. Depois de muita hesitação, ela conta a seu pai, que reage furioso à notícia e sai do quarto para pensar na situação. Ocorrem alguns dias de tensão entre os dois e o pai acaba aceitando a gravidez. A cena final mostra um abraço de reconciliação entre pai e filha.
Recepção e análises
[editar | editar código-fonte]Abordando a temática de gravidez indesejada, [o vídeo de 'Papa Don't Preach'] teve um enredo forte, e apresentou Madonna como uma artista que poderia ser séria, sensual e divertida. É um testamento do estrelato dela a este ponto que o vídeo trouxe bastante atenção simplesmente porque ela pintou os cabelos de loiro.
—Ben Kelly, do The Independent, em sua listagem dos dez melhores vídeos de Madonna.
O vídeo recebeu comentários positivos da crítica especializada. De acordo com a redação da Rolling Stone, foi nele em que Madonna começou a "tratar o conceito de vídeo musical como um curta-metragem em vez de um clipe promocional"; eles também elogiaram a aparência "sem glamour" por encaixar-se "adequadamente" com o tópico da canção. Para Hal Marcovits, autor de The History of Music Videos (2012), o vídeo marcou um "grande distanciamento" do que o público estava acostumado a ver nos vídeos de Madonna té então, pois "na maioria dos vídeos, ela promovia seu apelo sexual, geralmente desfilando por suas danças fortemente coreografadas em saltos-altos e com poucas roupas". Análises em retrospecto o colocaram dentre os melhores de Madonna: Mike Neid, do Idolator, por exemplo, considerou-o o quarto melhor, destacando a relação da cantora com seu pai transparecida na tela e a prezando por "mostrar um lado mais sério de sua artisticidade". Escrevendo para o The Odyssey, Rocco Papa o colocou na mesma posição e destacou as vistas panorâmicas de Nova Iorque. Listas da Rolling Stone e do The Backlot posicionaram-no em décimo e 16.º; em resenha para o último portal, Louis Virtel argumentou que "a urgência na performance dela faz esse vídeo, além do abraço climático na última parte da história". Sal Cinquemani, em artigo da Billboard elencando os nove vídeos mais controversos de Madonna, escreveu que neste esteve a sua "primeira polêmica genuína em vídeos". "Papa Don't Preach" venceu o MTV Video Music Award de Best Female Video na edição de 1987, concorrendo contra outro de Madonna, "Open Your Heart", sendo indicado também em Best Cinematography e Best Overall Performance.
A jornalista Ellen Goodman referiu-se ao vídeo como um "comercial para gravidez na adolescência", criticando-o por "glamorizar" tal temática, escrevendo que "o namorado [dela] é um cara dos sonhos com consciência e moral, enquanto o pai é amável, apoiador e de bom humor". Ela também argumentou que poucas gravidezes teriam um apoio semelhante de seus namorados e famílias, destacando que "essa imagem de 'felizes para sempre' tem tão a ver com a realidade de adolescentes quanto a imagem (bem torneada) de Madonna tem a ver com a gravidez" e pedindo que a cantora "parasse com a propaganda". A cantora Cyndi Lauper teve um posicionamento similar, comentando: "Se você é uma mãe adolescente e quer ter esse filho (...) você não vai parecer a Madonna (...) não vai ser fácil. Os pais nem sempre vão te abençoar. O cara que te engravidou nem sempre está por perto". Autor de Madonna as Postmodern Myth (2002), Georges-Claude Guilbert disse ter sido difícil para ele acreditar que Madonna "não causaria uma grande polêmica com esse vídeo. (...) Com a música e o vídeo, ela estava esfregando na cara dos Estados Unidos a imagem de um país devastado pelo debate do aborto, que está longe de se resolver". Ele viu a cantora como "pró-escolha", escrevendo que "[ela] considera que uma mulher (de qualquer idade) deve escolher em recorrer ou não ao aborto sem prestar atenção à pressões externas. Nenhum representante do movimento feminista ou do patriarcado ditará sua conduta". No livro The Fiction of America: Performance and the Cultural Imaginary in Literature and Film (2013), Susanne Hamscha argumentou que o trabalho oscila entre as ideologias liberais e conservadoras, privadas e públicos, feminismo e patriarcado e "independência feminina e a necessidade de aprovação paterna". Amy Robinson declarou que o aborto é "explicitamente" retratado em termos de "esfera pública/privada", e notou como a personagem de Madonna "glorifica o consentimento dos pais".