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Valerie Solanas: diferenças entre revisões

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== Após a tentativa de assassinato ==
== Após a tentativa de assassinato ==
Enquanto Valerie Solanas esteve na prisão, a feminista Robin Morgan, redatora da Ms. Magazine, se manifestou para que ela fosse liberta. Ti-Grace Atkinson, na época presidenta nova-iorquina da Organização Nacional para as Mulheres (NOW), a descreveu como "a primeira vitoriosa defensora da libertação feminina" e "uma 'heroína' do movimento feminista". Florynce Kennedy, outra membro da NOW, representou Solanas no julgamento, chamando-a de "uma das principais porta-vozes do movimento feminista". Norman Mailer a chamou de "Robespierre do feminismo."
Enquanto Valerie Solanas esteve na prisão, a feminista Robin Morgan, redatora da Ms. Magazine, se manifestou para que ela fosse liberta. Ti-Grace Atkinson, na época presidenta nova-iorquina da Organização Nacional para as Mulheres (NOW), a descreveu como "a primeira vitoriosa defensora da libertação feminina" e "uma 'heroína' do movimento feminista". Florynce Kennedy, outra membro da NOW, representou Solanas no julgamento, chamando-a de "uma das principais porta-vozes do movimento feminista". Norman Mailer a chamou de "Robespierre do feminismo", provocando rizos nas principais porta-vozes do movimento feminista de então.


A professora de inglês Dana Heller argumenta que Solanas foi "muito consciente das organizações feministas e do ativismo", mas que ela "se recusou a participar do que ela muitas vezes descreveu como 'um clube de almoço de desobediência civil'". Heller afirma ainda que Solanas "rejeitou a corrente dominante do feminismo liberal por sua adesão cega a códigos 'culturais' de polidez e decoro 'feminino' que o ''SCUM Manifesto'' identifica como fonte do status social rebaixado das mulheres."
A professora de inglês Dana Heller argumenta que Solanas foi "muito consciente das organizações feministas e do ativismo", mas que ela "se recusou a participar do que ela muitas vezes descreveu como 'um clube de almoço de desobediência civil'". Heller afirma ainda que Solanas "rejeitou a corrente dominante do feminismo liberal por sua adesão cega a códigos 'culturais' de polidez e decoro 'feminino' que o ''SCUM Manifesto'' identifica como fonte do status social rebaixado das mulheres."

Revisão das 11h00min de 5 de maio de 2012

Valerie Jean Solanas
Valerie Solanas
Solanas em um escritório do Vilage Voice, Fevereiro de 1967
Nascimento 9 de abril de 1936
Morte 25 de abril de 1988
São Francisco
Movimento literário Feminismo
Serviço militar
País Estados Unidos

Valerie Jean Solanas (9 de Abril de 1936 - 25 de Abril de 1988) foi uma feminista radical e escritora americana. Mais conhecida pela tentativa de assassinar Andy Warhol em 1968. Ela escreveu o livro SCUM Manifesto onde encoraja a criação de uma sociedade de mulheres, livre da dominação masculina.

Biografia

Ela nasceu em Ventnor City, New Jersey, filha de Louis Solanas e Dorothy Biondi (ou Moran). Seu pai era um barman e sua mãe uma assistente de dentista ou enfermeira. Ela tinha uma irmã mais nova, Judith A. Solanas Martinez.

Valerie Solanas afirmava que frequentemente sofria abuso sexual nas mãos de seu pai. Quando ela tinha 11 anos os pais se divorciaram e Valerie mudou-se com a mãe para Washington D.C. Pouco tempo depois do divórcio sua mãe se casou novamente, mas Valerie não gostava do padrasto e se rebelou contra sua mãe, tornando-se ociosa. Quando criança, ela escrevia insultos para as crianças usarem umas com as outras, pelo custo de um centavo. Na escola, ela bateu em um menino que estava incomodando uma menina mais nova, e também bateu em uma freira. Por causa de seu comportamento rebelde, a mãe mandou-a para morar com seu avô em 1949. Solanas afirmou que o avô era um alcoólatra violento que a agredia constantemente.

Quando fez 15 anos, o avô a expulsou de casa, deixando-a nas ruas. Apesar disso, ela se formou na escola e em um curso de psicologia, pela Universidade de Maryland, College Park. Enquanto esteve na universidade, ela trabalhou apresentando um programa de rádio onde dava conselhos sobre como combater os homens. Ela também foi abertamente uma lésbica, apesar do clima cultural conservador dos anos 1950. Fez quase um ano na Escola de Graduação em Psicologia da Universidade de Minnesota, onde ela publicou dois artigos [carece de fontes?] e trabalhou no departamento de psicologia do laboratório de pesquisa animal, antes de sair e mudar-se para Berkeley para assistir alguns cursos, quando ela começou a escrever o SCUM Manifesto.

Na metade dos anos 1960, Valerie se sustentou como mendiga e prostituta [carece de fontes?] e viajou pelo país até chegar em Greenwich Village em 1965. Nesse mesmo ano ela escreveu um artigo autobiográfico intitulado A Young Girl's Primer, or How to Attain the Leisure Class e a peça de teatro Up Your Ass, sobre uma mendiga e prostituta que odiava os homens. O artigo foi publicado na revista masculina Cavalier em 1966. Up Your Ass permanece não publicada.

Em 1967, Valerie encontrou Andy Warhol fora de seu estúdio, The Factory, e pediu-lhe para produzir sua peça. Intrigado pelo título, Warhol fica com o roteiro para revisá-lo. O roteiro da peça de Solanas nunca lhe foi devolvido. Valerie começou a fazer ligações para Warhol, exigindo-lhe a devolução do roteiro de Up Your Ass. Quando Warhol admitiu que o tinha perdido, ela começou a exigir dinheiro como compensação. Warhol não restitui Solanas, mas em vez disso lhe ofereceu um papel em uma cena de seu filme I, a Man, na qual a escritora discute com o personagem principal (interpretado por Tom Baker) na escada de um edifício. Solanas domina o diálogo, conduzindo a seu desconcertado colega por uma conversa sobre "bundas macias", "peitos masculinos" e "instinto lésbico". Finalmente abandona a cena dizendo: "Tenho que ir bater meu bife". Em seu livro Popism, Warhol escreveu que considerava Solanas uma pessoa interessante e divertida, mas que o fato dela começar a ameaçá-lo, fez com que decidisse se afastar dela.

Nesse mesmo ano, Valerie Solanas concluiu e autopublicou seu trabalho mais conhecido, o SCUM Manifesto[1], um livreto que chama à destruição dos homens e à libertação das mulheres. Alguns autores consideram o manifesto uma obra satírica e uma paródia do patriarcado, outros acreditam que ele foi concebido para ser tomado literalmente. As siglas com que é conhecida a obra não aparecem no manifesto em si, e alguns acham que o termo simplesmente faz referência à expressão "escória" (em inglês: scum). O manifesto fez com que Solanas ganhasse simpatizantes feministas, que viram em seu texto provocativo um chamado à ação e uma fonte de reflexão.

O SCUM Manifesto seria publicado pela Olympia Press em 1968, uma editora de propriedade de Maurice Girodias. No contrato, Girodias solicitou que Solanas lhe "desse o seu próximo escrito, e outros escritos", depois que ele deu a ela $500. Ela entendeu que isso significava que Girodias iria possuir todo seu trabalho. Ela disse a Paul Morrissey que "tudo o que escrevo será dele. Ele fez isso comigo, ele me ferrou!" Solanas pretendia escrever um romance baseado no SCUM Manifesto, e acreditava que havia uma conspiração por trás de Warhol não devolver o roteiro de Up Your Ass, acreditando que ele estava coordenado com Girodias para roubar o seu trabalho e usá-lo eles mesmos. Naquela primavera, Solanas foi até o escritor Paul Krassner pedindo por dinheiro, dizendo-lhe que tinha a intenção de atirar em Girodias. Krassner lhe deu $50 e ela comprou uma pistola calibre 32 automática.

Tentativa de assassinato de Andy Warhol

No dia 3 de Junho de 1968, às 9:00, Solanas chegou ao Hotel Chelsea, onde Girodias vivia. Ela perguntou por ele na recepção, e foi dito que ele tinha ido embora para o fim de semana. Ela permaneceu no hotel por três horas antes de visitar o escritório da Grove Press, onde perguntou por Barney Rosset, que não estava lá. Por volta do meio-dia, Solanas chegou a The Factory e esperou por Warhol na área central. Após subir ao estúdio no elevador junto com ele, ergueu uma arma e atirou em Warhol três vezes, acertando apenas uma. Depois atirou em Mario Amaya, um crítico de arte e tentou atirar também no gerente de Warhol, Fred Hughes, mas sua arma emperrou. Hughes sugeriu que entrasse no elevador, e ela entrou, deixando o prédio. Warhol teve dificuldades, mas sobreviveu, embora nunca tenha se recuperado por completo e teve que usar algo como um "espartilho" o resto da vida para prevenir que as lesões piorassem.

Naquela tarde, Solanas se entregou à polícia e foi acusada de tentativa de assassinato e posse de arma letal. Ela afirmava que Warhol tinha "muito controle sobre a vida dela" e que ele queria roubar seu trabalho. Declarou-se culpada e recebeu uma sentença de três anos num hospital psiquiátrico [2]. Um psiquiatra a avaliou e concluiu que ela sofria de uma "reação esquizofrênica, do tipo paranoide com marcas de depressão e potencial suficiente para agir" [3]. Warhol recusou-se a testemunhar contra ela.

O ataque de Solanas teve um profundo impacto em Warhol e sua arte, assim como The Factory aumentou sua segurança. Pelo resto da vida, Warhol viveu com medo de que Solanas fosse atacá-lo novamente. Enquanto seus amigos guardavam rancor de Solanas, Warhol preferiu não mencioná-la. O evento teve muito pouca publicidade devido ao assassinato de Robert Kennedy nesse mesmo mês.

Após a tentativa de assassinato

Enquanto Valerie Solanas esteve na prisão, a feminista Robin Morgan, redatora da Ms. Magazine, se manifestou para que ela fosse liberta. Ti-Grace Atkinson, na época presidenta nova-iorquina da Organização Nacional para as Mulheres (NOW), a descreveu como "a primeira vitoriosa defensora da libertação feminina" e "uma 'heroína' do movimento feminista". Florynce Kennedy, outra membro da NOW, representou Solanas no julgamento, chamando-a de "uma das principais porta-vozes do movimento feminista". Norman Mailer a chamou de "Robespierre do feminismo", provocando rizos nas principais porta-vozes do movimento feminista de então.

A professora de inglês Dana Heller argumenta que Solanas foi "muito consciente das organizações feministas e do ativismo", mas que ela "se recusou a participar do que ela muitas vezes descreveu como 'um clube de almoço de desobediência civil'". Heller afirma ainda que Solanas "rejeitou a corrente dominante do feminismo liberal por sua adesão cega a códigos 'culturais' de polidez e decoro 'feminino' que o SCUM Manifesto identifica como fonte do status social rebaixado das mulheres."

Valerie foi posta em liberdade em setembro de 1971 e presa de novo em novembro do mesmo ano por enviar cartas ameaçadoras para várias pessoas, entre as quais se encontrava novamente, Andy Warhol. Depois de sua saída da prisão, após ser culpada de ameaças e tentativa de assassinato, Valerie foi considerada como uma mártir por alguns. Em seus últimos anos passou por depressões e esteve longas temporadas em hospitais psiquiátricos. Morreu em 26 de abril de 1988, aos 52 anos, de enfisema pulmonar e pneumonia em um hotel de São Francisco. Mais de 30 anos após a perda de Up Your Ass, ela foi encontrada. Em 2000, a peça estreou em São Francisco, apenas algumas quadras de distância do hotel onde Valerie Solanas morreu [4].

  • Em 1996, foi filmado o filme I Shot Andy Warhol (que recebeu o título "Um tiro para Andy Warhol" em português ou "Eu atirei em Andy Warhol" em tradução livre), baseado na vida de Solanas e protagonizado por Lili Taylor como Solanas e Jared Harris como Andy Warhol.
  • O amigo de Warhol, Lou Reed nunca perdoou Solanas pelo ataque, e gravou uma canção sobre ela: I Believe, para o álbum Songs for Drella.
  • O grupo Matmos, no álbum The Rose Has Teeth in the Mouth of a Beas, incluiu uma canção intitulada Tract for Valerie Solanas, que tem excertos do SCUM Manifesto. [5]
  • A escritora Sara Stridsberg recebeu em 2007 o Prêmio da literatura do Conselho Nórdico por sua biografia semi-fictícia da vida de Valerie Solanas intitulada The Dream Faculty.
  • A banda belga indie The Valerie Solanas escolheu seu nome como uma referência a Solanas, afirmando jocosamente serem "os únicos sobreviventes do mundo de Amazonas de Valerie Solanas".

Referências

  1. [1], About Valerie Solanas, by Freddie Baer (1999).
  2. [2], Valerie Jean Solanas (1936-88).
  3. [3], Harron and Minahan. I Shot Andy Warhol. Grove Press (1996).
  4. [4], A Shot at Stage (2000).
  5. [5], Tract for Valerie Solanas (2006).

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