Xarope de ácer
Xarope de ácer engarrafado | |
Nome(s) alternativo(s) |
Xarope de bordo |
País | Canadá Estados Unidos |
Ingrediente(s) principal(is) |
Seiva de xilema (geralmente de Acer saccharum, Acer rubrum ou Acer nigrum) |
Receitas: Xarope de ácer Multimédia: Xarope de ácer |
Xarope de ácer ou xarope de bordo, conhecido como maple syrup e sirop d’érable nos Estados Unidos e no Canadá, é um xarope extraído da seiva bruta de árvores do gênero Acer, sobretudo Acer nigrum e Acer saccharum, cujo nome comum, no Brasil, é bordo.
A seiva bruta é extraída das árvores no final do inverno e início da primavera norte-americanos, quando o metabolismo das árvores ainda está reduzido, como resultado do rigoroso inverno (sobretudo no Canadá). Com o clima frio, as árvores armazenam amido em seus troncos e raízes, que é convertido em açúcar. Uma vez o metabolismo das árvores restabelecido, nota-se a reincidência da seiva elaborada, rica em minerais e moléculas orgânicas complexas. Contrariamente à seiva bruta, ingrediente-chave na produção do xarope de bordo e que proporciona seu gosto adocicado característico, a seiva elaborada é de um gosto amargo, impróprio para a produção do xarope de bordo tradicional. A normalização do metabolismo das árvores e a volta da seiva elaborada determinam o fim da temporada de produção do xarope de bordo.
Para fazer o xarope, é preciso extrair antes a seiva, através de um sistema rudimentar, em que o tronco do bordo é perfurado e, no buraco, é colocado um cano, por meio do qual a seiva líquida escorre para um recipiente. Após a colheita, ferve-se a seiva até que quase toda a água evapore. O que resta é um xarope consistente, que precisa apenas ser coado antes do uso. O xarope de bordo original deve ser produzido somente com a seiva do bordo, e deve ter uma densidade de 66° na escala Brix para ser comercializado com esse nome. O Quebec responde por quase toda a produção mundial, mais de 75% de todo o xarope.
Os povos indígenas habitantes da região que hoje é o Canadá foram os primeiros a produzir xarope de bordo e açúcar a partir das árvores de bordo, mas não se tem exatamente a época em que se iniciou o processamento do produto. Abolicionistas antes da Guerra Civil Americana e a população em geral durante a guerra, substituíam o açúcar de cana por açúcar e xarope de bordo porque, na época, o melaço de cana era produzido por escravos do sul dos Estados Unidos.[1][2]
Formas de consumo do xarope de bordo
[editar | editar código-fonte]O consumo do xarope vai muito além das panquecas e waffles. O produto é usado com pratos doces e salgados, e como ingrediente de panificação, edulcorante ou agente aromatizante.[3]
Classificações de cor e sabor[4][5][6]
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GOLDEN, DELICATE TASTE - dourado, sabor delicado
[editar | editar código-fonte]Cor clara e sabor suave, extraída do bordo no início da temporada. Sabor sutil de bordo.
AMBER RICH TASTE - âmbar, sabor rico
[editar | editar código-fonte]Ligeiramente mais escuro que o dourado, extraído do bordo na alta temporada. Versão mais usada em cima de panquecas e waffles.
DARK, ROBUST TASTE - escuro, sabor robusto
[editar | editar código-fonte]Sabor mais pronunciado e mais escuro que o âmbar.
VERY DARK STRONG TASTE - muito escuro, sabor intenso
[editar | editar código-fonte]A mais escura de todas as variedades possui um sabor muito intenso de bordo. Extraída no final da temporada. Utilizada principalmente para fins culinários, como ingrediente em molhos escuros, bolos, doces e biscoitos.
Açúcar de bordo
[editar | editar código-fonte]O xarope de bordo é fervido por mais tempo até evaporar todo o líquido e sobrar apenas o açúcar. O resultado desse processo é o açúcar de bordo. O açúcar feito de bordo é menos calórico que o de cana-de-açúcar: 100g do açúcar comum tem 400 calorias, enquanto o maple sugar contém 261.[carece de fontes]
Significância cultural
[editar | editar código-fonte]Os produtos de bordo são considerados emblemáticos do Canadá e são frequentemente vendidos em lojas turísticas e aeroportos como lembranças do país. A folha da árvore bordo açucareiro passou a simbolizar o Canadá e é representada na bandeira do país.[7] Vários estados dos EUA, incluindo Virgínia Ocidental, Nova Iorque, Vermont e Wisconsin, têm o bordo açucareiro como sua árvore estadual.[8] Uma cena de coleta de seiva é representada na moeda de 25 centavos do estado de Vermont, emitida em 2001.[9]
Durante a Guerra Civil Americana e pelos abolicionistas nos anos que antecederam a guerra, o xarope de bordo e o açúcar de bordo foram utilizados, uma vez que a maior parte do açúcar de cana e do melaço eram produzidos por [[Escravidão nos Estados Unidos |escravos]] do Sul.[10][11] Devido ao racionamento de alimentos durante a Segunda Guerra Mundial, as pessoas no nordeste dos Estados Unidos foram incentivadas a utilizar o xarope e o açúcar de bordo para estender suas rações de açúcar,[12] e livros de receitas foram impressos para ajudar as donas de casa a utilizar essa fonte alternativa.[13]
Referências
- ↑ «Maple Syrup, o xarope tradicional do Canadá mais famoso do mundo». Arquivado do original em 12 de fevereiro de 2019
- ↑ «Benefits of Maple Syrup»
- ↑ «Recipes Archive». themapletreat (em inglês). Consultado em 29 de agosto de 2023
- ↑ «The 4 Grades of Maple Syrup». PPAQ (em inglês). Consultado em 29 de agosto de 2023
- ↑ «About maple syrup». themapletreat (em inglês). Consultado em 29 de agosto de 2023
- ↑ «Making the Grade—The Color and Flavor of Maple Syrup». Extension (em inglês). 23 de março de 2022. Consultado em 29 de agosto de 2023
- ↑ «The maple leaf». Canadian Heritage. 17 de novembro de 2008. Consultado em 18 de novembro de 2010. Cópia arquivada em 11 de junho de 2011
- ↑ «State Trees & State Flowers». United States National Arboretum. 14 de julho de 2010. Consultado em 18 de novembro de 2010. Arquivado do original em 6 de dezembro de 2010
- ↑ «The 50 State Quarters Program Summary Report» (PDF). Consultado em 20 de outubro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 30 de abril de 2013
- ↑ Applebaum, Yoni (1 de novembro de 2011). «Making the Grade: Why the Cheapest Maple Syrup Tastes Best». The Atlantic. Consultado em 20 de maio de 2017. Cópia arquivada em 19 de maio de 2017
- ↑ Gellmann, D (2001). «Pirates, Sugar, Debtors, and Slaves: Political Economy and the case for Gradual Abolition in New York». Slavery & Abolition: A Journal of Slave and Post-Slave Studies. 22 (2): 51–68. doi:10.1080/714005193
- ↑ Koelling, Melvin R; Laing, Fred; Taylor, Fred (1996). «Chapter 2: History of Maple Syrup and Sugar Production». In: Koelling, Melvin R; Heiligmann, Randall B. North American Maple Syrup Producers Manual. [S.l.]: Ohio State University (OSU)
- ↑ Driver, Elizabeth (2008). Culinary landmarks: a bibliography of Canadian cookbooks, 1825–1949. [S.l.]: University of Toronto Press. p. 1070. ISBN 978-0-8020-4790-8
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Manual de controle de qualidade do xarope de bordo, Universidade do Maine
- UVM Center para Iniciativas Digitais: The Maple Research Collection da Estação Experimental Agrícola de Vermont
- Descrição do xarope de mesa pela Food and Drug Administration dos EUA